Enfim 18. Não acredito que já cheguei nessa idade. Tudo aconteceu tão depressa. Primeiro a Mel, depois a Luna, logo em seguida a Sofia e a Alice, e eu por ultimo. Parecia que nosso ciclo havia se completado. Segundo Fascínio, estávamos prontas.
Era estranho, nada havia mudado, a não ser uns tipos de tatuagens que estava começando a aparecer em algumas partes do nosso corpo. Pra ser bem especifico, ela aparecia mais nos braços e nas mãos. Tudo estava esquisito para todas nós, chegamos a esse consenso juntas. As pessoas próximas a nós já haviam percebido isso. A cor dos nossos olhos mudavam de acordo com nosso humor, era algo um pouco difícil de controlar.
E o pior, tínhamos que terminar o ano na escola.
-Isa, seus olhos, estão mudando de novo. Quem você está vendo? O que você está sentindo? – Ray observou enquanto estávamos na saída da escola. Ela e meus outros amigos sabiam que algo havia acontecido comigo, eu pedi para que eles tivessem paciência e apenas me ajudassem, sem perguntas.
-O Erik! – falei ainda olhando fixamente para trás dela.
-Vocês ainda não se acertaram?
-Não podemos. Eu estou me transformando em algo que não sei e vou embora daqui há alguns dias, meses, não sei. Não posso colocar ele nesse meio.
-Mas pelo que você disse, ele sabe mais do que um de nós. – Lucas entrou na conversa.
-E todos nós sabemos o quanto vocês se gostam. – Debs complementou.
-Não falem besteiras! – terminei de falar.- Ah não, ele está vindo para cá. – abaixei minha cabeça.
-Isa, preciso falar com você. – ouvi a voz dele. – Será que podemos?
-Nos vemos depois. – Lucas falou e todos saíram.
-Eu preciso buscar o Jony. – falei , buscando uma desculpa para não ficar com ele.
-Eu te acompanho até lá. – nos fomos andando até ele tomar a voz outra vez. – Eu sinto sua falta. Eu sei que você é cheia de segredos, mas te ver atordoada por ai e não poder fazer nada, não é uma de minhas opções.
-Erik, não podemos...
-Porque? Você gosta de mim, eu gosto de você. Eu quero estar do seu lado.
-Erik, eu vou me mudar em algumas semanas.
-Que? – vi a sua face surpresa – Pra onde você vai?
-Não sei ainda, mas muita coisa vai mudar. Eu estou mudando e não posso colocar carga em você também. Eu preciso de você longe, para não te machucar.
-Mas eu quero estar com você. Eu sei me proteger. – ele falava de uma maneira tão desesperada, que eu poderia chorar a qualquer instante. Eu o queria do meu lado, mas sabia que não poderíamos estar juntos.
-Não podemos Erik. Entenda.
-Não posso entender. Não dá. È as coisas estranhas que você faz com as meninas? Eu posso viver com isso.
-Não pode não.
-Me dá uma chance , por favor. – agora suas mãos estavam no meu rosto, o segurando. – Quando você for embora e se você quiser, nos separamos.
-Erik, é complicado. – minha voz era baixa, eu não queria sair de lá, queria apenas beijá-lo.
-Isa, vamos viver o agora. Podemos resolver o futuro, no futuro.- seu rosto chegou mais junto de mim, sua testa colou com a minha. – Eu só quero te proteger.
-Tudo bem.- sorri sem graça. – Eu quero estar com você. – senti nosso lábios se tocarem. –Hã, eu acho que não podemos correr o risco de alguém nos ver. – falei lembrando que ainda estávamos no colégio.
-Tem razão. Pegue o Jony, vou levar vocês em casa. – assenti e antes de sair, beijei sua bochecha.
Peguei o Jony,e ele não parou de falar o tempo todo o quanto sentiu falta de Erik e que estava feliz por ele está de volta. Erik acabou ficando para jantar na minha casa, e em seguida subimos para o meu quarto. Mamãe parecia feliz por vê-lo outra vez na nossa casa.
[...]
O final de semana havia chegado, e dessa vez fui apenas com Erik e Jony para a fazendo dos meus avós. Eles queriam conhecer Erik e eu queria os ver. E sentir aquele lugar, me fazia bem
-Desde quando você fez essas tatuagens? – Erik percebeu porque deixei minhas mãos amostra e dessa vez sem maquiagem.
-È uma longa história, por favor, não pergunta.
-Não ia. Só ia dizer que ficaram maneiras. – ele riu e eu também. Aquele jeito bobo dele, me faziam bem. –Tem certeza que seu avô não vai querer me m***r?
-Tenho. Fica tranquilo. Você vai amar eles.
-Se todos tiverem o mesmo gênio que você, vou ter um pouco de trabalho. – nós rimos. Jony estava dormindo tranquilamente no banco de trás. Mais alguns minutos e estávamos lá.
[...]
-Oh Erik! Ouvimos muito sobre você. – vovó falou ao conhecê-lo.
-Eu espero que tenha ouvido coisas boas. – Erik com todo seu jeito doce, esticou as mãos e apertou as dela.
-Podemos dizer que o Jony gosta de falar bastante. – Vovô falou em um tom brincalhão.
-Também estava com saudade de vocês. – Jony resmungou um pouco e foi em direção á eles.
A tarde ocorreu maravilhosamente bem, mas eu sabia que nem tudo seria assim. Eu teria que conversar com vovó, ela sabia de muita coisa. No começo da noite, Erik andava com Jony pelos arredores da casa, vovô estava como sempre em sua biblioteca. Encontrei vovó na cozinha, preparando um chá com cheiro maravilhoso.
-Vovó, precisamos conversar. – falei quando cheguei a cozinha e sentei na mesa atrás dela.
-Sobre o que exatamente?
-Sobre eu poder fazer coisas inacreditáveis , você ter umas ervas que me acalmam e nosso nome estar num livro antigo de magia. – percebi que ela não esboçou nenhuma surpresa. – A senhora sabia que ia acontecer não era? Sabia que eu era diferente.
-Querida, me desculpe por eu não ter te contado nada. Na verdade, eu pensei que aconteceria com sua mãe e como não aconteceu, não cheguei a pensar em você. Mas da ultima vez que veio aqui, eu senti algo diferente.
-A mamãe? Então quer dizer que você sabe de tudo?
-Eu sou como você. Ou bom, já fui. – minha boca fez um O perfeito. Eu nunca iria imaginar aquilo, não da minha avó. Se bem que o fato dela saber de praticamente tudo, me assustava bastante.
-Tome um pouco disso. – ela me entregou uma xícara com o chá que acabara de ser feito. – Eu vou te contar tudo do começo. Pelo menos o que eu sei, e o que aconteceu comigo.
“Há alguns anos atrás, eu também fui escolhida pela Deusa Yna, assim como você agora. Eu fui convocada para fazer parte da tribo da Úlima, que era a Deusa da sabedoria...
Por isso ela sabia de tantas coisas. – pensei.
“... Ao chegar na escola, tudo era diferente para mim. Havia várias pessoas parecidas comigo, faziam coisas como eu e depois de um tempo, comecei a me sentir em casa, de verdade. Eu também tinha dezoito anos e meu mentor era bem severo. Estávamos no meio de uma guerra, tínhamos que ser treinados. Magias, lutas, feitiços, tudo dentro de uma escola longe da cidade, como provavelmente será a sua. Está vendo seu avô? , ele era um filho de Erebeus, que eram os guerreiros. Não éramos tratados mais como humanos, e sim como criaturas que podiam fazer coisas acontecerem. Isso dificultava nossa passagem pela cidade, porque alguns sabiam quem éramos , e algumas de nossas tatuagens eram bem visíveis. Essas tatuagens, elas sempre tem algum significado. Senão for para você, é para alguém como você.”
-E onde estão suas tatuagens ?
-Bom, com a guerra perdi muitos poderes, e as tatuagens foram saindo durante um tempo. Eu tenho apenas uma nas minhas costas.- ela explicou.
-Espera, – a interrompi – Isso quer dizer que está vindo outra guerra?
- Não sei te dizer querida, faz anos que não visito a escola. Aliás, minha ultima lembrança dela, ela estava completamente devastada.
-O que aconteceu com vocês? Conseguiram ganhar?
-Ganhamos, mas sofremos muitas perdas. Uma delas, foi nossa grande sacerdotisa.
-Sacerdotisa? - Isa lembrou que Fascínio havia falado alguma coisa com esse nome e sua avó as vezes a chamava assim.
“Sim, a grande Sacerdotisa é como se fosse a Deusa Yna, só que no meio de nós. Ela comanda a escola e todos em sua volta. Seu poder é o mais forte de todos e consegue fazer coisas extraordinárias. Mas é aquele ditado, com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. E no fim da batalha, ela morreu para salvar o resto que sobraram. E provavelmente foram esses que reergueram a escola. E agora deve haver outra sacerdotisa. È raro, leva tempo , então talvez já a tenham achado.”
-Vê como isso tudo é louco vovó? A mamãe já não gosta o suficiente de mim, e meu padrasto me odeia, se descobrirem isso, me jogam para fora de casa.
-E ai, você terá a mim, ao seu avó, ao Jony e com certeza ao Erik. – Sorri. Ela tinha esse poder de me tranquilizar. –Querida, não é escolha sua. Você é um de nós agora, e mesmo que eu não tenha meus poderes completos, estou aqui para te defender e te ajudar. – me levantei e fui abraçar minha avó. – Vai dar tudo certo querida. – senti suas mãos alisar meus cabelos.
-Eu espero que sim!
-Se isso te deixa mais feliz, nossa família sempre foi bastante inteligente, talvez você fique na tribo da Úlima também. – Vovó sorriu.
-Eu quero ser igual a você.
-Você vai ser mais que isso. Pode ter certeza.
Aquela conversa foi mais do que confortante para mim, agora eu não tinha tanto medo e sabia que alguém da minha família não iria me abandonar. Eu estava bastante preocupada com Erik. Não sei se no “meu mundo” eu poderia ficar com ele. Havia esquecido de perguntar isso a Vovó Perrie.
Nós jantamos e logo depois levei Erik para o banco onde costumava ficar observando a lua. A noite estava fria e o céu bonito, estrelado e uma lua brilhante.
-Eu realmente adorei esse lugar. – ouvi Erik falar.
-Te disse que ia adorar. – tirei minha cabeça do seu colo e fui para junto dele. Ele me envolveu com seus braços.
-Você está bem? Vi você estranha no jantar.
-Estou bem , só são coisas do futuro que não importam agora.- me inclinei e o beijei. Um beijo puro e doce, que demorou apenas alguns segundos. Aproveitamos mais um tempo no lado de fora e logo depois entramos. Teríamos mais um dia na fazenda e iríamos acordar cedo para aproveitar cada detalhe.