Ajudando Sofia

2072 Words
O toque havia soado e eu estava correndo para chegar na sala antes do professor. Tinhamos perdido o onibus escolar e o pai do Jony tinha ido nos levar. Entrei correndo e sentei em uma das carteiras vazias no fundo da sala. -Dormiu demais? – escutei a voz de Lucas atrás de mim. -Podemos dizer que sim. – respirei profundo e percebi que Ray não estava ao meu lado. – Onde está a Ray? – ao olhar para o outro, também não vi a Debs. – E a Debs? -Não chegaram ainda. Não avisaram nada. Sem mensagens, sem ligações. – antes de falar algo, percebi a professora entrar na sala. Tinhamos a primeira aula de francês. Após a professora sair da sala, virei imediatamente para Lucas. -Se elas não entrarem por aquela porta, eu irei atrás delas. -Isa, calma. Elas devem estar chegando, engarrafamento, dormiram demais, alguma coisa deve ter acontecido. -As duas? Ao mesmo tempo? Não Lucas. Alguma coisa está errado. – observei um garoto baixinho da outra sala entrar correndo e desesperado. -Isa! Isa! Você precisa vim ajudar. – o garoto chegou até minha carteira e o senti ofegante. Eu não sabia ao certo o que fazer, apenas levantei e o segui. Chegamos perto da quadra e de longe vi Debs e Ray tentando ajudar alguém que estava no chão. -O que está acontecendo aqui? – cheguei mais perto e percebi Sofia desmaiada no chão e as meninas a tentando reanimar. – Eu fiz uma pergunta. – as meninas me olharm assustadas e saíram de junto da garota. -Estávamos aqui conversando com ela e de repente seus olhos começaram a brilhar e ficaram mais verdes ainda. – Ray falou calmamente. – Eu poderia dizer que ela estava um pouco chateada. -Um pouco?- Debs se virou e a olhou. – Ela estava bastante furiosa por sua causa. – logo após olhar para Ray, ela virou os olhos para mim. – A Ray queria saber o porquê de você estava com elas outro dia e bem, você já pode imaginar o que aconteceu. - E o que você estava fazendo? -Eu vim tentar parar essa louca. Me atrasei e não pude entrar, logo após tocar o sinal, entrei e vi ela gritando com a garota. – Ray não falou nada, estava apenas de braços cruzados, bufando de raiva. -Eu quero que todos vocês saiam daqui. – os curiosos obedeceram e saíram. – Ei garoto, vá chamar a Alice. Você sabe quem é? – vi o menino afirmando – Então vá logo, diga para nos encontrar no banheiro feminino ao lado da quadra. – o menino saiu em disparada e percebi os outros saindo. -Eu te ajudo a levar ela para o banheiro. – Debs pegou o outro braço de Sofia e a levamos até o banheiro. – Você acha que ela vai ficar bem? -Acho que sim. E acho melhor você ir para a sala de aula. Eu cuido por aqui. – Deb assentiu e saiu tranquilamente do banheiro. Ainda escutei ela brigando com Ray para levá-la até a sala. -O que aconteceu aqui? – Alice havia chegado e estava atrás de mim. – O que fizeram com ela? – ela foi até a garota e pegou sua mão. – O que você fez? – Alice me olhou com repulsa e sentir um calor sob meu corpo. -Fica calma! Eu não sei o que aconteceu. Apenas me chamaram e quando cheguei ela estava assim, desmaiada. – me aproximei – Talvez um pouco de álcool a ajude, ou água no rosto. Não sei. -Terra! – meu olhar foi de total estranheza. -Terra? – perguntei a olhando. -È. Ultimamente ela estava muito conectada a natureza e essas coisas. Talvez se ela sentir o cheiro de algo natural, posso recompor os sentidos. -Isso é a coisa mais bizarra que já ouvi , quer dizer, vindo de você. – ao parar e pensar um pouco, eu pensei que poderia dá certo. Eu me sentia bem com o sol e com o ar da noite, talvez ela só precisasse de um pouco de ar da natureza. – Já sei para onde podemos levá-la. – nos levantamos e já estavamos a caminho do parque das crianças quando escutamos alguém nos chamar. -Ei, aonde vocês pensam que vão? – escutei a voz de um homem bem atrás de nós. Nos olhamos e me virei para vê o que podia fazer. Reconheci Erik. -Ainda bem que é você. Precisamos de sua ajuda Erik.- ele chegou junto de nós e pegou Sofia nos braços. -O que ela tem? Vamos levá-la para a enfermaria. – ele começou a seguir caminho contrário. -Não, Erik. Por favor, nos ajude a levá-la até o parque. – Erik virou e me olhou confuso. – Por favor, eu te explico depois. È tudo que ela precisa. – parecia que ele havia compreendido e voltou com ela. – Obrigado! – escutei alivio em minha voz. Ao chegarmos, ele a colocou em um pequeno banco e a deitou. Parecia que sabíamos o que fazer e assim colocamos a mão dela junto a terra, respiramos e nos concentramos. -O que vocês estão fazendo? – Erik nos viu de olhos fechados e respirando calmamente. Não consegui ver seu rosto, mas posso garantir que ele estava assustado e confuso. Sem dar atenção, seguimos. Eu não sei o que realmente queria fazer, mas de alguma forma meu inconsciente dizia para focar na Sofia. Nos distraímos quando escutamos alguém tossindo. Era Sofia. -Preciso de água! – ela falava em meio das tosses que tomavam conta de sua voz. -O que vocês fizeram? – Erik estava totalmente atormentado e ficou olhando freneticamente para Sofia e para nós duas. -Calma Erik! Vem aqui comigo. – o peguei pelo braço e o puxei. – Alice, leva ela daqui. – por trás , vi Sofia saindo com Alice. – Olha, se lembra quando eu te disse que tava com problemas? Bem, é basicamente isso. -Eu realmente não entendo. – ele bagunçou seu cabelo e se distanciou. – Vocês... - ele parecia buscar palavras – ...O que vocês fizeram? -Vamos fazer o seguinte, primeiro , se acalma. E que tal no fim do dia você passar na minha casa e conversamos? Eu juro que vou te contar tudo que sei. -Tudo bem. È melhor você voltar para a sala. – eu não sabia se ele realmente havia acreditado em mim, ele estava calmo demais. O vi abaixar a cabeça e sentar no banco. No caminho de volta, escutei as meninas no banheiro. -E então? Como você está? – perguntei ao entrar e ver Sofia lavando o rosto. – Parece bem melhor. -Porque você mandou suas amigas atrás de mim? Isso não teria acontecido se elas não tivessem aparecido. – a voz de Sofia estava alta e nervosa , ela literalmente estava chateada. -Ei, calma. – a fiz calar a boca – Eu não mandei ninguém vim atrás de você. Se eu tivesse mandado, não teria te ajudado. – olhei para Alice, esperançosa para que ela falasse algo. -È verdade. A Isabelle te ajudou. – a voz de Alice soava desconfortável. – Ela mandou um garoto me chamar na sala de aula e logo depois me ajudou a te levar até o parque. – cruzei os braços e a olhei. -Agora me diz. O que aconteceu? – encostei meu corpo na pia e fiquei de frente para elas. -Sua amiga veio atrás de mim, ela queria explicações sobre o porque de estávamos juntas no passeio. A garota queria explicações. – Sofia encostou na parede junto ao box. – Eu disse que não era obrigada a contar nada e que se ela quisesse explicações perguntasse a você. – Sofia passou a mão na cabeça como se estivesse sentindo dores. – Ela não pareceu satisfeita e começou a falar coisas sem sentido. Logo depois chegou sua amiga nerd a mandando parar, que ela estava ficando louca. – fiquei esperando ela terminar, eu sabia que havia algo a mais. – Comecei a sentir raiva e sentir meu corpo esquentar, meus olhos começaram a arder e senti eles brilharem. Eu não escutei muita coisa, mas percebi que elas haviam parado de falar e estavam me olhando. Eu havia feito elas pararem. Senti um vento gelado e então, desmaiei. -Certo. – pensei um pouco e comecei a andar de um lado para o outro. – Foi ai que mandaram me chamar e quando eu cheguei você estava desmaiada. No fim de semana eu recebi uma mensagem dizendo que precisava ajudar a Sofia. O que isso significa? – vi as duas se olharem e suspirarem. – Andem! Estou esperando uma resposta. -Ok. – Alice colocou suas mãos no rosto e respirou fundo. – No fim de semana, estávamos juntas, eu e a Sofia. Ficamos preocupadas com a aparição daquele cara e com o que aconteceu com ela no jardim botânico. Não conseguimos achar uma teoria para tal coisa, contudo sabíamos que você estava envolvida. – Alice sentou ao lado da menina. – E eu também confesso que estou sentindo coisas estranhas. Quase coloquei fogo na cozinha enquanto brigava com minha mãe. -Fogo? – comecei a pensar melhor. – Geralmente quando você está com raiva, sente o corpo esquentar também? – ela deu de ombros – Bem, eu senti um calor há algumas horas atrás quando você gritou comigo. -Então eu realmente fiz isso? – confirmei com a cabeça. – Confesso que estou começando a ficar assustada com tudo isso. Porque nós? E porque você também está envolvida? -Eu adoraria dizer que sei, mas não sei. Alguma coisa está acontecendo com nós três e temos que saber o que é. – olhei para as duas – Eu sei que não nos damos muito bem, mas preciso que isso fique apenas entre nós. – as vi confirmarem . -Mas se você souber de alguma coisa, terá de nos contar. – senti a mão de Sofia segurando meu braço antes de eu ir embora. -Digo o mesmo com vocês. – falei e então voltei para a sala de aula.. Ninguém reparou em mim quando entrei na sala, a aula havia acabado e estavam esperando o próximo professor. Eu não queria brigar com nenhuma das meninas e por esse motivo não falei com elas ao retomar o meu lugar. Ao irmos almoçar, fiz questão de comer quieta e calada. Elas resolveram me deixar sozinhas e eles começaram a conversar como se eu não estivesse ali. Não me importei, minha cabeça estava cheia de coisas, como por exemplo, o que eu iria falar para o Erik em algumas horas. Lucas havia percebido o meu estado e ele parecia realmente preocupado, pois percebia que entre as palavras trocadas com as garotas, ele olhava para mim. -Isa, você está bem? – Lucas me perguntou baixinho, enquanto as meninas conversavam com as outras. Ele estava na cadeira á minha frente. -Na verdade não. Recentemente, as coisas tem se tornado bem intensa pro meu lado. – respondi mexendo na comida. -Parece que esse último ano, não vai ser tão bom pra você. – ele olhou para as meninas. – Ou para nós. -Calma Luc. Vai dar tudo certo, vou fazer tudo voltar ao normal. -Eu adoraria acreditar nisso. – nossa conversa havia terminado, pois o sinal soou e tínhamos que volta para a sala. Ao ver todos subindo as escadas, avistei Luna. Achei estranho vê-la, ela estava sozinha e caminhava em minha direção. Tentei desviar, mas percebi que ela me seguiu. Paramos em frente ao banheiro do primeiro andar. -Preciso falar com você. -E onde está o resto da sua gangue? Pensei que você só falasse com as pessoas, na presença deles. -Não debocha. Você sabe que já parei de pegar no seu pé faz um tempo. – a voz dela era calma, Luna não queria confusão, talvez ela estava querendo minha ajuda. -Certo! – baixei a guarda. – O que você quer? -Você pode aparecer ás oito da noite na starbucks do centro? Acho que não vai estar muito cheio hoje. – ela estava encostada na parede e eu ao seu lado. A garota parecia preocupada e não fazia questão se nos vissem ali ou não. -O que te faz pensar que eu sairia para me encontrar com você? Eu te odeio. – falei sarcasticamente –E você também me odeia, lembra? – dei meia volta e segui o corredor. Eu sabia que ela não me seguiria, não era coisa que a Luna fazia.
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