SEDUZIDA PELO MEU MEIO IRMÃO

CAPITULO 72

SAMUEL'S POV

Voltei para a sala com passos pesados, minha cabeça ainda girando com as palavras de Lily. A ideia de que ela achava que eu só me importava com o s**o me deixava furioso. Eu não sabia se estava mais irritado com ela por pensar isso ou comigo por talvez, de alguma forma, ter passado essa impressão. Peguei a guitarra que eu tinha largado sobre o sofá, mas a música já não parecia tão inspiradora. Na verdade, nada ali parecia certo.

Ouvi o som da porta da frente se abrindo, seguido por vozes que reconheci imediatamente. Doug e Samantha voltaram do cinema, rindo de algo que, sem dúvida, só eles achariam engraçado. Eles pararam de rir assim que me viram.

"Samuel?" Doug me encarou com as sobrancelhas levantadas. "Você por aqui?"

Samantha parecia igualmente surpresa, mas sorriu, tentando manter o clima leve. "Achei que já estivesse no quarto. Vamos pedir pizza, quer alguma coisa?"

Segurei minha guitarra com mais força, tentando parecer despreocupado. "Não, estou sem fome. Já estava indo subir."

Eu queria sair daquela situação o mais rápido possível, não estava com paciência para conversa fiada. Antes que eu pudesse dar outro passo em direção às escadas, Doug perguntou, casualmente, "Lily já chegou?"

Engoli em seco. Eu ainda estava furioso com ela, e, honestamente, preferia que ninguém tivesse que lidar com aquela tensão, mas antes que eu pudesse responder, ouvi passos leves descendo as escadas. Lily surgiu no topo, já com o cabelo molhado do banho, usando uma roupa confortável, como se nada tivesse acontecido.

"Sim, cheguei", disse ela, a voz casual demais, como se estivesse ignorando completamente o que tinha acabado de acontecer entre nós.

Doug, sempre o mais descomplicado, perguntou: "E como foi a praia?"

Lily olhou diretamente para mim, um brilho provocador nos olhos. "Foi ótima", ela disse, esticando as palavras como quem saboreia uma pequena vingança. "Me dei super bem com os amigos do Aidan."

A raiva que eu tinha tentado segurar desde o quarto começou a subir novamente. O jeito como ela disse aquilo, com a intenção clara de me cutucar, fez meu estômago revirar. Mas eu fiquei quieto, mordendo a língua. Eu sabia o que ela estava tentando fazer, e me recusei a dar o gostinho de uma reação.

Samantha, que estava alheia à tensão entre nós, sorriu e comentou inocentemente: "Parece que as coisas estão ficando sérias entre você e o Aidan, hein?"

Lily se virou para mim novamente, os olhos faiscando de provocação, como se cada palavra fosse calculada para me atingir diretamente. "Tomara que sim. Ele é o cara mais incrível que já conheci."

Eu não consegui segurar. Revirei os olhos, incapaz de esconder meu desprezo. "Vou subir", disse, tentando manter minha voz firme, mas sem esconder o quanto aquilo me irritava. "Boa noite."

Dei as costas para eles, segurando a guitarra com força como se fosse minha única âncora, e subi as escadas com pressa. Cada passo que eu dava me afastava das palavras venenosas de Lily, mas não diminuía a raiva que queimava dentro de mim.

Quando finalmente fechei a porta do meu quarto, larguei a guitarra no canto e me sentei na cama, passando as mãos pelo rosto, tentando controlar a frustração. Eu podia ouvir risadas abafadas vindo da sala, provavelmente Doug e Samantha discutindo o que pedir na pizza, enquanto Lily seguia com sua provocação, tentando fingir que nada do que aconteceu entre nós importava.

Mas importava. Importava muito.

Eu sabia que não era perfeito, mas eu realmente me importava com ela, de um jeito que talvez ela nunca entendesse. Mas o que mais me irritava era a forma como ela estava tentando fazer parecer que não significávamos nada. Aquela conversa na praia, o jeito que ela usava Aidan para me provocar... Eu sabia que era tudo uma reação. Ela estava machucada, e talvez fosse essa a maneira que encontrou para me devolver a dor que sentia.

Mas, mesmo assim, a ideia de ela estar cada vez mais próxima de Aidan me incomodava mais do que eu queria admitir. Era como se cada vez que ela mencionava o nome dele, uma parte de mim se partisse. Eu não conseguia entender por que ela precisava jogar isso na minha cara. E o pior era que eu não sabia como responder sem piorar as coisas.

Eu me joguei na cama, encarando o teto. A guitarra estava ali, encostada no canto, como uma lembrança do que eu pretendia fazer naquela noite — compor algo para Lily. Agora, isso parecia ridículo. Como eu podia tentar escrever uma música para ela, com tudo isso acontecendo?

Fechei os olhos, tentando me acalmar. Mas a imagem de Aidan, sorrindo para Lily na praia, se repetia na minha cabeça. A maneira como ele a olhava, a forma como ela parecia tão à vontade perto dele...

Eu sabia que Aidan não era bom para ela. Ele era o tipo de cara que só queria diversão, nada sério. Eu, por outro lado, me importava com o que era importante para ela, com o futuro. Mas ela não conseguia ver isso. Talvez ela nem quisesse ver.

Ouvi um som suave vindo da escada. Ela estava subindo. Por um momento, pensei em ir até lá, tentar conversar novamente, mas minha mente estava cansada. Eu não queria outra briga, não naquele momento. Tudo o que eu queria era que ela visse o quanto eu me importava, o quanto eu estava tentando. Mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim sabia que tentar mais uma vez significava me abrir para outra rodada de provocações, outra rodada de mágoas que eu não sabia se conseguiria aguentar.

Ouvi a porta do quarto dela fechar com um clique suave. Um silêncio desconfortável tomou conta da casa. Eu sabia que, em algum momento, Doug e Samantha perceberiam que algo estava errado entre nós. Talvez não agora, mas eventualmente. Eles sempre foram bons em notar a tensão no ar, mesmo que tentassem ignorar para manter o clima leve.

Eu suspirei, sentindo o peso da noite se acumular sobre mim. A única coisa que eu sabia naquele momento era que aquilo não ia se resolver tão cedo. E, enquanto eu estava aqui, tentando encontrar uma maneira de falar com ela, de consertar o que estava quebrado entre nós, Lily estava lá embaixo, jogando nossa história de lado, tentando seguir em frente com alguém que, no fundo, eu sabia que não era certo para ela.

Fechei os olhos, tentando afastar a dor e a raiva. Mas sabia que isso não ia durar muito. Eventualmente, eu teria que enfrentar Lily de novo. Eventualmente, tudo isso viria à tona, e eu não sabia como as coisas iam acabar quando isso acontecesse.