CAPITULO 58

1030 Words
Eu estava no meu quarto, concentrada na tarefa de me preparar para o cinema com Aidan. Peguei o vestido florido que Samantha havia escolhido para mim. Era um vestido leve, com estampas de flores pequenas e delicadas, perfeito para aquela noite. Combinei-o com um cinto fino que acentuava minha cintura e um colar que complementava o visual. Olhei para o espelho, ajeitando meus cabelos cuidadosamente. Decidi fazer uma maquiagem simples, nada exagerado, apenas um toque de rímel e um batom suave. Enquanto passava o batom, minha mente começou a vagar. Eu nunca tinha saído com um menino antes... ou melhor, isso não era verdade. Já tinha saído com Samuel, aquele encontro desastroso na cafeteria. Ele chegou atrasado, me levou para um after-party e, bem, depois disso, minha primeira vez aconteceu de uma forma que eu nunca tinha imaginado. Balancei a cabeça, afastando os pensamentos sobre Samuel. Eu precisava me concentrar em Aidan e garantir que essa noite fosse diferente. Enquanto estava terminando de me arrumar, ouvi batidas suaves na porta. "Lily, posso entrar?" Era a voz de Samantha. "Pode, Samantha." Ela entrou no quarto, um sorriso animado no rosto. "Aidan chegou. Ele está esperando na sala." Senti um frio na barriga, uma mistura de nervosismo e excitação. "Já vou descer." Samantha me olhou com carinho. "Você está linda, Lily. Tenho certeza de que vai ser uma noite maravilhosa." "Obrigada, Samantha." Ela saiu do quarto, me deixando sozinha por um momento. Respirei fundo, tentando acalmar meus nervos. Olhei para o espelho uma última vez, ajustando uma mecha de cabelo solta. "Vai ser diferente desta vez," murmurei para mim mesma, convencida de que esta noite seria especial. “Eu preciso que seja diferente.” Desci as escadas com o coração batendo forte, ansiosa e nervosa para meu primeiro encontro oficial com Aidan. Quando cheguei à sala, encontrei uma cena que me fez parar na metade do caminho. Meu pai, Doug, estava encarando Aidan com uma expressão nada amigável. Aidan, por outro lado, segurava um pequeno buquê de margaridas, parecendo um pouco desconfortável. Ao me ver, Doug virou-se e falou com um tom que não escondia sua desaprovação. "Ah, finalmente. O menino das flores chegou." Aidan levantou-se rapidamente e abriu um sorriso tímido. "Lily, você está linda." Senti meu rosto esquentar e sorri de volta, um pouco sem graça. "Obrigada, Aidan. Você também está muito bonito." Doug pigarreou, interrompendo o momento. "Todo mundo está muito bonito, mas agora é hora de levar os bonitos ao cinema." Aidan olhou para Doug, tentando manter a compostura. "Senhor Thompson, não precisa se preocupar. Eu vim com o carro da minha mãe, posso levar Lily." Meu pai estreitou os olhos para Aidan, claramente não satisfeito com a ideia. "Faço questão de levar vocês, conforme o combinado." Aidan hesitou por um momento, mas então assentiu. "Tudo bem, senhor Thompson." Meu pai saiu da sala, e Aidan e eu o seguimos em silêncio. Ao sairmos, pude sentir a tensão no ar. Doug abriu a porta do carro e esperou que entrássemos. Enquanto isso, Aidan me entregou o buquê de margaridas. "Para você, Lily." Peguei as flores, sentindo um calor no peito. "São lindas, Aidan. Muito obrigada." Ele sorriu, e por um momento, o desconforto pareceu desaparecer. Entramos no carro e Doug deu a partida. O trajeto até o cinema foi silencioso. Eu podia sentir o olhar protetor de meu pai no retrovisor, e a tensão entre Aidan e Doug era palpável. Apesar disso, Aidan tentava manter uma conversa casual. "Então, Lily, qual é o seu filme favorito?" Pensei por um momento, tentando aliviar o clima. "Ah, é difícil escolher. Eu gosto de muitos, mas acho que 'Orgulho e Preconceito' é um dos meus favoritos. E o seu?" Ele sorriu, visivelmente aliviado por eu estar conversando. "Gosto de filmes de ação, mas também aprecio um bom drama. Acho que 'A Origem' é um dos meus preferidos." Conversei com Aidan sobre filmes, música e escola, tentando ignorar a presença silenciosa de Doug. Eu podia ver Doug ocasionalmente nos observando pelo retrovisor, como se estivesse avaliando cada palavra de Aidan. Quando chegamos ao cinema, Doug estacionou o carro e olhou para nós. "Eu espero vocês aqui quando o filme terminar. Nada de sair por aí depois, entendeu?" Assentimos em uníssono. "Entendido", disse Aidan, tentando soar respeitoso. Saímos do carro e entramos no cinema. Aidan comprou os ingressos e pegamos pipoca e refrigerantes. Ao nos sentarmos na sala escura, senti um alívio. A tensão que sentira no carro estava se dissipando, e eu podia finalmente relaxar e aproveitar a companhia de Aidan. O filme começou e, aos poucos, me envolvi na história. Aidan colocou o braço ao redor dos meus ombros, fez meu coração bater mais rápido. Olhei para ele, e ele sorriu de volta, sem dizer uma palavra. Eu estava tensa, esperando que a mão de Aidan deslizasse para um toque mais íntimo, mas ele continuou a acariciar meu ombro respeitosamente. Cada minuto que passava sem que ele tentasse nada me deixava mais surpresa e, de certo modo, aliviada. Pensei sobre Samuel. Se fosse ele aqui, sua mão certamente não estaria apenas no meu ombro. Ele sempre teve um jeito de ultrapassar limites, de se aproveitar de momentos e situações. E então, como se meu pensamento o invocasse, eu o vi se aproximando pelo canto do olho. Olhei rapidamente para Aidan, esperando que ele também tivesse notado, mas ele estava completamente absorto no filme, rindo e comendo pipoca como se fosse a única coisa no mundo. Meu coração acelerou enquanto Samuel se sentava ao meu lado, sua presença era perturbadora. Samuel sorriu para mim, aquele sorriso que sempre misturava arrogância e charme. Sem uma palavra, ele colocou a mão sobre meu joelho. Enquanto a mão de Samuel subia lentamente pela minha perna, uma parte de mim queria gritar, afastá-lo e dizer a Aidan o que estava acontecendo. Mas outra parte de mim, a parte que conhecia Samuel e seus toques, ficou paralisada, incapaz de reagir. Era como se estivesse presa em um pesadelo onde queria correr, mas minhas pernas não obedeciam. Um choque percorreu meu corpo, quando sua mão parou entre as minhas coxas, e eu soube naquele momento que estava perdida.
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