CAPITULO 67

1045 Words
LILY’S POV Acordei ofegante, meu coração disparado e o corpo banhado em suor. Demorou alguns segundos até que eu entendesse onde estava: meu quarto. Tudo não passara de um sonho. Ou melhor, um pesadelo. Sentei-me na cama, respirando fundo e tentando afastar da mente as imagens vívidas de John na festa, na cozinha. Sua mão deslizando pela minha saia, o beijo em meu pescoço... Não, eu não queria pensar nisso. Mas a sensação de desconforto era difícil de ignorar, mesmo agora, acordada. Meu corpo parecia pesado, como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Ressaca. Eu nunca mais vou beber na vida, pensei, me odiando por ter passado dos limites na noite anterior. Antes que eu pudesse me recompor completamente, ouvi batidas na porta. "Lily, hora de levantar", disse uma voz feminina do outro lado. Samantha, minha madrasta. Maravilha, pensei com sarcasmo. Fechei os olhos, tentando reunir forças, e respondi: "Já tô acordada." Ouvi os passos dela se afastando e me permiti alguns segundos a mais de silêncio. Era sábado, eu não precisava acordar cedo. Se não fosse por Samantha com seus planos ridículos de "tradições da família Brown", eu provavelmente ficaria deitada o dia inteiro. Mas é claro que, se eu não descesse, meu pai, Doug, viria atrás de mim. E eu não estava disposta a ouvir sermões sobre como eu devia me integrar mais na família, ser mais participativa, ou qualquer outra coisa que ele sempre dizia. Então, com uma irritação crescente, levantei-me, fui até o banheiro e tomei uma ducha rápida. A água ajudou a clarear meus pensamentos, mas a sensação r**m do sonho continuava ali, como uma sombra pairando sobre mim. Vesti uma camiseta e um short, nada muito elaborado, e desci as escadas, sem muita pressa, rumo à cozinha. Quando entrei, vi meu pai e Samantha tomando café. Doug me encarou com um sorriso habitual e disse: "Bom dia, dorminhoca. Dormiu bem?" Samantha, virando o último gole de café, comentou com aquele tom que eu odiava: "Sem dúvida, Lily, você dormiu bem. Quase perdeu o café da manhã." Revirei os olhos, já impaciente. "Vocês sabem que é sábado, né? Eu posso dormir até mais tarde." Minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia, mas eu não ligava. Doug sorriu, mas havia uma pontada de reprovação no olhar dele. "Sim, eu sei. Mas Samantha te chamou porque você tem visita." "Visita?", perguntei, confusa. Samantha sorriu como se estivesse diante de uma grande surpresa. "Sim, visita! Eles estão te esperando na sala." Fui até a sala ainda tentando entender o que estava acontecendo, e o que vi me pegou completamente desprevenida. Aidan e Ashley estavam ali, os dois com roupas que pareciam ter saído direto de uma propaganda de clube de piscina. Eles sorriam, animados, como se estivessem prestes a me levar para uma grande aventura. "Até que enfim!" disse Ashley, com aquele tom dramático característico dela. "E o que são essas roupas, hein?" Ela me olhou dos pés à cabeça, e pela expressão no rosto dela, minhas roupas definitivamente não passavam no teste. Aidan, mais gentil, olhou para mim com um sorriso. "Não liga pra Ash. Você está linda, Lily." Ajeitei os cabelos molhados atrás da orelha, me sentindo desconfortável. "Obrigada... Mas o que vocês estão fazendo aqui?" Ashley olhou para mim como se eu estivesse brincando. "Hello? Praia! Nós combinamos na festa! Você esqueceu?" Piscando algumas vezes, tentei puxar da minha memória o que diabos ela estava falando, mas minha cabeça ainda estava naquela lembrança nojenta das mãos de John em meu corpo. "Praia?" Perguntei, tentando juntar as peças. Aidan se aproximou, sempre com aquele jeito calmo e persuasivo. "Sim, combinamos de ir a Montrose Beach. Você concordou ontem." "Eu... não lembro disso." Senti meu rosto corar de vergonha. "Desculpa, mas estou com muita ressaca. Acho que não vou poder ir." Ashley revirou os olhos de forma exagerada. "Sem dúvida, Lily, você tá com ressaca, com o tanto que você bebeu ontem!" Ela se aproximou, sacudindo uma bolsinha. "Mas relaxa, tenho o remédio perfeito pra isso." Aidan, mais insistente, segurou minha mão, os olhos brilhando com uma súplica que me fez vacilar. "Vem com a gente, Lily. Por favor." Eu olhei para ele, depois para Ashley. Eu não queria ir. Não estava no clima, e a última coisa que eu precisava era mais álcool e gente gritando na minha cabeça. Mas a forma como Aidan segurava minha mão, como se estivesse realmente contando com a minha presença, me deixou sem jeito de dizer um não direto. "Eu... Não sei. Não falei com meu pai sobre isso." Era a minha desculpa final. Aidan arqueou uma sobrancelha, sem soltar minha mão. "Seu pai tá onde?" "Na cozinha", respondi, já temendo o que viria a seguir. "Então vamos falar com ele", disse Aidan, começando a me puxar em direção à cozinha. "Falar com ele? Aidan, espera!", protestei, mas ele já me arrastava pelo corredor, seguido por Ashley, que parecia estar se divertindo com a situação. Chegamos à cozinha, e meu pai olhou para nós com uma leve surpresa. Samantha, claro, já sabia o que estava por vir e sorriu. Aidan foi direto ao ponto. "Senhor Thompson, será que podemos levar a Lily para Montrose Beach hoje? Ela concordou ontem na festa e prometeu que iria." Ele disse isso com uma confiança que eu nunca teria. Meu pai olhou para mim, depois para Aidan, avaliando a situação por um momento. "Praia, hein? E vocês já estão prontos?" "Sim, senhor", disse Aidan, firme. "Não vamos demorar muito." Samantha, sempre querendo se envolver, riu. "Ah, Doug, deixa a menina ir. Ela precisa se divertir." Meu pai suspirou, olhando para mim de novo. "Você quer ir, Lily?" Eu realmente não queria, mas a expectativa no olhar de todos me fez hesitar. Se eu dissesse não, eles não entenderiam. Ficariam insistindo, tentando me convencer. "Acho que sim", respondi, com um suspiro de resignação. Doug assentiu. "Tudo bem, mas juízo, hein?" "Obrigada, senhor Thompson!" Aidan sorriu, animado. Ashley me puxou pelo braço antes que eu pudesse mudar de ideia. E assim, sem saber ao certo como, me vi no carro com eles, a caminho de Montrose Beach, com um nó no estômago e a certeza de que aquele dia seria tão complicado quanto a noite anterior.
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