Secret Passion

O Silêncio que Cresce

Os dias seguintes foram uma mistura confusa de normalidade e tormento. Sandra seguia sua rotina como se nada tivesse acontecido — cuidava de Benjamim, lavava a louça, sorria para o marido. Mas por dentro, o corpo gritava. As lembranças daquela tarde com Pedro voltavam em flashes, trazendo junto o calor do toque, o arrepio, a culpa... e uma estranha sensação de plenitude que ela não sentia havia anos.

Cerca de cinco semanas depois, Sandra começou a se sentir diferente. Um enjoo leve pela manhã, um sono constante, o corpo mais sensível. No fundo, ela sabia. A intuição de mãe falava alto.

Comprou um teste de farmácia e fez escondida, no banheiro, enquanto o marido levava Benjamim à escola. O resultado apareceu em menos de dois minutos: positivo.

O mundo parou.

Ela se sentou no chão frio e ficou ali, em silêncio, por longos minutos. Uma parte dela queria chorar, outra queria sorrir — mas nenhuma sabia como reagir. O mais assustador era não saber quem era o pai. Seu marido havia voltado a procurá-la nas últimas semanas, tentando reacender o que se perdeu, talvez para limpar a culpa da própria traição. Era possível, sim, que fosse dele. Mas também era possível — e talvez mais provável — que fosse de Pedro.

Contar para quem? Como?

Contar para Pedro significava dar peso àquilo que, até então, os dois fingiam ser apenas um "erro isolado". Contar para o marido significava ver tudo desmoronar — a casa, a imagem da família perfeita, a estabilidade que ela tanto lutou para manter.

Então, ela fez o que parecia mais sensato naquele momento: silenciou.

Guardou o segredo no peito e, com o tempo, começou a repetir para si mesma a mesma frase, dia após dia, como um mantra:

"É do meu marido. Tem que ser."

Mas em cada ultrassom, em cada batimento que ouvia do pequeno coração crescendo dentro dela, uma sombra de dúvida pairava. E em seus sonhos — mesmo os que fingia esquecer — o rosto que aparecia ao seu lado não era o do marido.

Era o de Pedro.