Depois daquele reencontro na praça, a vida de Pedro e Sandra começou a se redesenhar. Não foi fácil. Nenhum recomeço verdadeiro é. Havia mágoas, feridas, medos — mas também havia amor. E esse amor era quieto, paciente, firme.
Pedro começou a frequentar a casa aos poucos. Primeiro como visitante, depois como presença constante. Ele respeitou o tempo de Benjamim, que no início olhava com desconfiança. Mas Pedro foi ganhando espaço com calma, sem forçar, ajudando com tarefas simples, escutando o menino, jogando bola no quintal. Até que um dia, Benjamim o chamou de "tio Pedro", sem pensar. Sandra chorou ao ouvir.
Davi, por sua vez, parecia já saber. Com um ano e meio, o menino corria para os braços de Pedro com uma alegria que só o amor verdadeiro explica. E Pedro o carregava no colo com orgulho, como se o mundo inteiro pudesse ver: "Este é o meu filho."
Do outro lado, Vanessa seguiu sua própria jornada. Não tentou impedir a felicidade de Pedro, tampouco cultivou ressentimentos. Ela entendeu que algumas histórias nascem para ensinar, não para durar. Encontrou um novo companheiro, recomeçou com leveza. E até as meninas, Tarsís e Kyra, se adaptaram bem à nova realidade, visitando o pai nos finais de semana, agora com Davi e Benjamim como parte da nova família.
Com o tempo, Pedro e Sandra decidiram morar juntos. A casa era simples, mas cheia de vida. Risos nas manhãs, jantares em família, histórias na hora de dormir. Não era perfeita — nenhuma é — mas era verdadeira.
Num fim de semana ensolarado, enquanto os quatro estavam sentados no quintal, Sandra olhou Pedro nos olhos e disse:
— Você ainda quer se casar comigo?
Ele sorriu, com aquele jeito seguro que sempre a desarmava.
— Nunca quis outra coisa.