Capítulo 7 GUEPARDO NARRANDO Volto pro meu “chamado”. A de short agora dança como quem lembrou o corpo de uma música que já estava nela e só tinha esquecido. A amiga vibra, faz graça, provoca o ar. Eu reparo num detalhe bobo: a de short joga a cabeça pro lado quando ri, como se tivesse vergonha de mostrar o riso inteiro. Quem tem pudör no sorriso costuma ter fogo guardado. Aprendi isso. Sinto o vento mudar. As bandeirolas do alto balançam em outro ritmo, a fumaça do churrasquinho sobe torta, o cheiro de pólvora, cerveja e perfume barato me volta como memória de primeira vitória. Eu não acredito em destino, não fico falando de sinal. Mas hoje… hoje a noite parece que tá escrita numa língua que só eu e ela entendemos, mesmo sem ter sequer trocado um olhar. — Patrão, a imprensa do asfal

