DANIEL O vestido que a Helena escolheu parecia ter sido desenhado sob medida pro ego da Luísa. Curto no limite da provocação poética, justo o suficiente pra causar engarrafamento de pescoço distraído, e leve como quem anda com o vento do lado. Ela girava na frente do espelho como se fosse ensaio de clipe romântico em câmera lenta, falando mil coisas ao mesmo tempo, enquanto eu terminava de procurar a chave do carro no bolso do moletom. — “...e aí eu vi que a monitoria do semestre passado ainda não foi registrada no sistema, acredita? A professora falou que vai resolver, mas se não resolver, eu vou ter que escrever outro relatório... Daniel, tu tá ouvindo?” — “Tô.” — Menti, encantado demais com o jeito que o vestido dançava quando ela andava. — “E aí também lembrei que deixei meu cade

