📍 NARRADO POR DANIEL VASCONCELOS A tensão na sala dava pra cortar com o próprio caco de vidro que ainda pingava sangue no chão. Eu respirei fundo, não pra me acalmar, mas pra segurar a mão de não fazer uma besteira agora — porque a vontade de apertar o gatilho era maior do que qualquer paciência que me restava. Alcancei um bloco de anotações surrado que tava sobre a mesa. Folhas amassadas, canto rasgado, cheiro de mofo e fumaça. Peguei também uma caneta que já tava quase seca. Joguei o bloco no colo dele. O barulho foi seco, pesado. — “Agora, Valtinho…” — minha voz veio baixa, mas cada sílaba cortava o ar. — “…tu vai anotar aqui todos. E quando eu digo todos, é todos mesmo. Cada nome que já foi aliado do meu pai e virou as costas. Cada filho da p**a que puxou faca, que fechou porta,

