📍 NARRADO POR DANIEL VASCONCELOS O caminho até a boca parecia mais curto do que eu lembrava. Ou talvez fosse só o sangue correndo mais rápido nas veias, o peito batendo no compasso do que vinha pela frente. Cada viela que eu cruzava sussurrava meu nome antigo. Daniel. Filho do Jonatha. O moleque que sumiu. O herdeiro que desistiu. Mas hoje… era outro. Hoje o eco do meu passo avisava: voltou diferente. Voltou pronto. E quando dobrei a esquina da boca, lá estava ele. Bruno. Sentado na cadeira de madeira gasta, cigarro aceso entre os dedos, fuzil escorado na parede como se fosse extensão do corpo. O mesmo olhar de antes. Frio, atento, mas com respeito onde importava. Ele se levantou quando me viu. Soltou a fumaça devagar, como quem queima o tempo. — “Seja bem-vindo, Daniel.”

