Estacionei perto da pracinha, no cantinho de terra batida onde a gente sempre parava quando vinha pra enseada. O sol já começava a cair, pintando o céu de rosa queimado e dourado sujo, como se o universo tivesse sido pincelado por um artista bêbado e genial. As nuvens eram fiapos, o vento trazia cheiro de sal e o barulho da maré batia ao longe, cantando segredo antigo. Desliguei o carro, mas fiquei ali um segundo, olhando pra ela. Luísa se esticava no banco do carona, abrindo o cinto com um estalo e prendendo o cabelo de qualquer jeito. — “Bora, Dani. Tô com fome de mar.” — “Só se prometer que não vai me largar de novo pra correr descalça atrás dos caranguejos.” — “Não prometo nada. Meu contrato com a liberdade é vitalício.” Ela sorriu e abriu a porta. Do lado de fora, o calor era m

