Enquanto isso, no quarto hospitalar onde Maris estava sendo monitorada, a psicóloga se aproximou com um sorriso tranquilo.
— Dona Maris, agora a senhora precisa descansar. A visita foi importante, mas a emoção ainda pode ser prejudicial. Vou pedir que todos se retirem devagar, e que a senhora durma um pouco. Eu mesma vou acompanhar tudo de perto, está bem?
Maris apenas assentiu com um leve movimento da cabeça.
Brittany segurou a mão da mãe com ternura e murmurou, contendo a emoção:
— Mãe, eu vou vir todos os dias te ver, tá bom? Você precisa ficar boa... por mim, pelos seus netinhos. A gente vai passar por isso juntas.
Ela beijou suavemente a testa da mãe, e foi acompanhada pela psicóloga até a porta, onde Nice e Lena a esperavam com os olhos marejados.
Drew se aproximou da cama por último. Ficou alguns segundos apenas observando o rosto de Maris, agora mais sereno. Quando se virou para sair, sentiu a mão dela segurar fracamente a sua.
Ele voltou e se inclinou, atento ao som rouco e falho que saía dos lábios ressecados dela:
— Se um dia você puder... me perdoa.
Drew manteve o olhar firme, mas os olhos brilharam. Ela continuou, quase em sussurro:
— Eu não soube valorizar o marido que eu tinha. E hoje eu vejo... o que eu perdi.
Ele pousou a mão sobre a dela com firmeza, mas sem pesar. Respondeu com uma serenidade que transbordava maturidade:
— Não se preocupe com isso agora. Cuide de se recuperar, só isso. O resto, o tempo cura. Eu não tenho o que perdoar. Só preciso que você fique boa, porque a nossa filha precisa de você forte. E os nossos netos também.
Fez uma breve pausa, suavizou a expressão e concluiu:
— Você acordou, Maris. Então vamos combinar o seguinte? Você renasceu. Tudo bem?
Maris, com esforço, formou um pequeno sorriso. E, com lágrimas nos olhos, respondeu com a voz ainda embargada:
— Tudo bem.
Drew acariciou a testa dela, respeitoso, e se afastou devagar, saindo do quarto com um suspiro longo e cheio de sentimento.
Pouco depois da saída de Drew do quarto da Maris, no apartamento onde Brittany estava com os bebês, a porta se abriu suavemente.
— Cheguei, meu anjos — disse a enfermeira Helena, com seu jeito doce e acolhedor, ajeitando a bolsa no ombro e olhando com carinho para os gêmeos nos bercinhos aquecidos.
Brittany sorriu, aliviada ao vê-la.
Missy foi a primeira a falar:
— Agora que a Dona Helena chegou, nós vamos partir. A senhora sempre traz paz pra esse quarto.
Lena se aproximou para dar um beijo na testa da amiga:
— Lembrando que segunda-feira é o casamento da Lana com o Patrick, hein? Eu vou chegar mais tarde , Nice no horário de sempre.
Nice assentiu com um sorriso divertido:
— Só um pouco mais tarde pela manhã, Dona Helena. Como hoje é domingo, e combinamos que a senhora viria um pouco depois, tudo certo. Obrigada por tudo, viu?
Helena retribuiu o sorriso com um olhar maternal:
— Vão com Deus, meninas. E podem ficar tranquilas, eu cuido de tudo aqui. Amanhã é um dia especial, mesmo com tudo que aconteceu. Que bom que a vida está nos dando essas oportunidades.
Elas se despediram, trocando abraços e promessas de se verem em breve.
Drew se aproximou da filha, observando os netos com um brilho nos olhos.
— Eu vou te deixar descansar, filha. Você está indo muito bem. Tenho muito orgulho de você, Brittany. Boa noite — disse ele, depositando um beijo carinhoso no alto da cabeça dela.
Ela apenas assentiu, emocionada, com o olhar voltado aos filhos dormindo em paz.
Helena começou a organizar o ambiente com a delicadeza de sempre, e um silêncio suave e acolhedor tomou conta do apartamento — um silêncio de recomeços.
Patrick ajeitou a mesa da varanda enquanto Lana, apoiada no batente da porta com a mão na cintura, observava o movimento com um sorrisinho de canto. A brisa leve soprava pelas cortinas, e o cheiro do jantar preparado por ele se espalhava no ar.
—Lena ligou para avisar, a Bri já sabe de tudo, tá? — disse Lena, do outro lado da linha, doba Maris está muito conformada. — A Bri... reagiu melhor do que a nós esperamos. A psicóloga foi bem cuidadosa e ela absorveu bem. Parece que a Maris acordou uma nova pessoa, acredita?
— Graças a Deus, — respondeu Patrick, soltando um suspiro leve. — Já era tempo de algo bom acontecer para ela.
— E a arquiteta amor, perguntou Patrick? Já começou? — perguntou ele, se aproximando de Lana, pousando as mãos delicadamente em sua cintura.
Lana, se despede de Lena no telefone e responde, assentiu com a cabeça, cruzando os braços sobre a barriga que já parecia uma barriga de 7 meses, por serem Multiplus já despontava sob o vestido leve.
— Já, sim. Hoje mesmo ela apareceu com a equipe. Disse que amanhã começa de vez e que em trinta dias o quarto dos nossos bebês estará pronto. Eu acho que ela é meio bruxa, porque só de olhar ela já imaginou tudo!
— Perfeita. Então agora vamos jantar, — disse ele, estendendo a mão. — E você, mocinha, já tomou o seu remédio? Porque a senhora sabe que não pode se esforçar muito.
Lana arqueou a sobrancelha com naturalidade.
— Patrick, pelo amor de Deus... Eu estou grávida, não estou inválida! — ela respondeu, rindo. — Já tomei o remédio, sim. E pare de me olhar como se eu fosse feita de vidro.
Ele sorriu de volta, puxando-a com cuidado para sentá-la à mesa.
— Grávida sim, mas com a gravidez um pouquinho complicada, né? Então a gente não facilita. Você é o meu bem mais precioso — junto com esses dois que estão aí dentro — e eu não vou brincar com isso.
Lana rolou os olhos de leve, mas o brilho no olhar denunciava o carinho que sentia ao ouvir aquilo. Ela pegou a taça de suco e ergueu:
— Então brinde, Senhor Super protetor: ao nosso jantar, à reforma, aos bebês, à Bridget recuperando o juízo e à Maris... se tornando um ser humano decente. Amém.
Patrick riu.
— Amém é mais um brinde: à mulher da minha vida, que me dá trabalho, mas me dá amor em dobro.
Eles brindaram e começaram a jantar sob a luz suave do abajur da varanda. Do fundo da sala, a trilha sonora baixa de jazz embalava o momento simples, mas cheio de significado.
— Brindar ao quê, meu amor? — perguntou ela, já sabendo a resposta, mas querendo ouvir da boca dele.
Ele levantou a taça, seus olhos azuis encontrando os dela com ternura.
— Ao amor.
— Ao recomeço.
— À força que renasce mesmo quando tudo parece perdido.
— E a duas mulheres incríveis: Maris, que acordou para a vida... — disse ele, com a voz embargada. — E Brittany, que provou que o amor de mãe é maior que qualquer trauma.
— E à nossa família, que só cresce... com os nossos bebês a caminho. — completou Lana, com um brilho no olhar.
As taças se encontraram com um leve tilintar.
— Ao amor.
— Ao renascimento.
— E ao futuro, que nos espera cheio de promessas.
Eles beberam devagar, em silêncio, saboreando não só a bebida, mas tudo o que aquele momento significava.
Depois, Patrick puxou Lana para um abraço apertado, descansando o queixo no topo da cabeça dela.
— Você é a paz que eu não sabia que precisava.
— E você é o lar que eu sempre desejei.
Ali, entre palavras sussurradas e esperanças renovadas, a noite seguiu calma... e cheia de amor.