O sol ainda m*l tinha aquecido as calçadas quando Lana atravessou a porta giratória do prédio imponente da Salvattori Group. Vestia um conjunto sóbrio, de saia lápis azul-marinho e camisa branca impecável. O salto baixo marcava o compasso dos passos decididos, mas no peito o coração batia um pouco mais acelerado que o normal.
— Bom dia, seu Francisco! — Vera, a recepcionista da portaria, cumprimentou com um sorriso ao ver o pai da jovem.
— Bom dia, Vera. Hoje estou trazendo minha filha para o primeiro dia de estágio.
Lana sorriu com educação.
— Muito prazer. Eu sou a Lana.
— Seja bem-vinda, querida. — respondeu Vera. — O doutor Patrick já deixou tudo encaminhado. Pode subir. A Shirley e a Ellen estão aguardando você.
O elevador parecia mais lento que o habitual naquela manhã. Lana ajeitou a pasta nos braços, tentando controlar a ansiedade. Ao seu lado, o pai transmitia segurança com um simples sorriso.
Quando chegaram ao andar executivo, Shirley os recebeu calorosamente.
— Bom dia, seu Francisco! Bom dia, Lana. Que alegria tê-la conosco.
— Bom dia. Muito obrigada pela oportunidade. — Lana respondeu com um brilho sincero nos olhos.
— A Ellen já está no aguardo para começar seu treinamento. Venha, vou levá-la até ela.
Francisco abraçou a filha com carinho.
— Vá com Deus, minha menina. E lembre-se do que conversamos.
— Pode deixar, papai. — respondeu, apertando as mãos do pai com força.
Shirley guiou Lana pelos corredores modernos até uma sala ampla e bem iluminada. Lá, uma mulher morena, elegante e de sorriso simpático levantou-se da cadeira.
— Lana? Seja bem-vinda. Eu sou a Ellen, secretária do senhor Louis. A partir de hoje, vou cuidar do seu treinamento.
— Muito prazer, senhora Ellen. Espero aprender bastante com a senhora.
— Pode me chamar só de Ellen, querida. E tenho certeza de que você vai aprender sim. — disse, com um olhar acolhedor.
O primeiro dia passou de forma leve. Ellen mostrou os sistemas da empresa, como organizar documentos, a rotina dos recados internos e o uso da copiadora. De tempos em tempos, a secretária olhava para Lana com aprovação.
A jovem demonstrava não apenas agilidade e inteligência, mas também uma postura impecável e uma simpatia natural que contagiava.
Nos primeiros dias, Ellen preferiu manter Lana distante das áreas mais movimentadas. Pediu que ela a acompanhasse em tarefas administrativas e a ajudasse com pequenas demandas.
Lana observava tudo com atenção. Sabia que ali, cada passo contava.
O contato direto com Louis, Henry ou Patrick ainda não havia ocorrido — e isso, de certo modo, lhe dava alívio. Não era do seu feitio se destacar logo no início. Queria ser reconhecida pelo seu trabalho e esforço, não por aparências.
Quando a tarde chegou ao fim, Ellen tocou-lhe no ombro com um sorriso.
— Muito bem, Lana. Por hoje é só. Vá descansar, amanhã continuamos. Mas posso dizer que você começou com o pé direito.
Lana agradeceu e saiu da sala com o coração leve. Sabia que ainda havia muito caminho pela frente, mas naquele primeiro passo ela tinha feito o seu melhor.
Proteção e conselhos
Quando o relógio marcou o fim da jornada de trabalho, Lana deixou a sala de Ellen com o coração leve. Havia sido um dia produtivo, e mesmo nas tarefas mais simples, ela buscava fazer o seu melhor.
No saguão, encontrou o pai já aguardando.
— E então, minha menina? Como foi o dia? — Francisco perguntou, com um sorriso de orelha a orelha.
— Foi ótimo, papai. A Ellen é muito simpática. Está me ensinando bastante e me mantendo um pouco afastada do movimento maior da empresa. Acho que ela quer que eu me adapte primeiro.
Francisco assentiu, pensativo. Ele já sabia o motivo daquela cautela.
— Ela e a dona Shirley me falaram hoje cedo. — contou, enquanto caminhavam juntos em direção ao metrô. — Pediram pra eu ficar tranquilo que vão proteger você. Sabem como o senhor Louis é brincalhão, e o senhor Henry ah, esse é um conquistador nato. Um playboy mimado, como dizem por aí. Não é mau, mas gosta de brincar com os sentimentos das moças. A Ellen deixou claro: elas estão de olho e não vão deixar ninguém se aproximar de você por maldade.
Lana sorriu, grata.
— Fico aliviada em saber disso, papai. Mas pode ficar tranquilo eu sou bem esperta. E estou focada no meu estágio, não em fazer amizades perigosas.
— Assim que eu gosto de ouvir, minha filha.
Chegaram em casa pouco antes das sete. Teresa estava tirando do forno mais uma fornada de tortas quando eles entraram.
— Uau, que perfume bom, mamãe! — Lana exclamou, deixando a bolsa no sofá.
— Minhas meninas chegaram. — Teresa sorriu, limpando as mãos no avental e abraçando a filha. — E então, como foi, meu amor?
— Foi ótimo, mamãe. Estou aprendendo bastante. A Ellen e a Shirley são muito queridas. Elas disseram até que vão me proteger dos rapazes mais… digamos… atirados da empresa.
Francisco se sentou na cadeira da cozinha.
— É verdade. Elas me disseram isso hoje cedo. Pediram pra eu ficar sossegado mas mesmo assim, vou repetir: cuidado, minha filha. O senhor Louis é brincalhão. Pode não ter más intenções, mas às vezes brinca de um jeito que pode incomodar. Já o senhor Henry… esse você deve manter distância. Ele é bonito, sim. As mulheres vivem aos pés dele. Mas é mimado e gosta de conquistar só pelo prazer de conquistar.
Teresa assentiu com seriedade.
— Ouça bem o seu pai, Lana. E com o senhor Patrick, você pode ficar tranquila. Ele é um homem sério, noivo, muito respeitado. Mas com os outros prudência sempre.
Lana segurou as mãos da mãe.
— Podem confiar em mim. Não vou dar confiança pra nenhum deles. Sei muito bem o que estou fazendo. Quero terminar esse estágio com honra e dar orgulho pra vocês.
Foi nesse momento que Lena surgiu do quarto, curiosa.
— E aí, irmã? Como foi seu primeiro dia na firma dos poderosos?
Lana sorriu e puxou a irmã para um abraço.
— Muito bom, Lena. E vou te dizer uma coisa: temos que manter sempre nossos princípios. Lá dentro, a tentação é grande. Mas eu sei quem eu sou e o que vim fazer lá.
— Isso mesmo, minha menina. — Francisco completou. — E tenho certeza de que você vai brilhar.
Enquanto o jantar era preparado, a família sentou-se reunida, trocando histórias e rindo juntos. E no coração de Lana, uma certeza se fortalecia: ela não deixaria que aquele ambiente corrompesse seus valores. Era uma promessa que fazia não só a si mesma… mas também àqueles que mais amava.