Lena, sempre direta, cruzou os braços e respondeu:
— Bom saber. Mas se desrespeitar minha irmã de novo, não tem respeito que salve.
Harry caiu na gargalhada.
— Gente, ela é braba mesmo! Louis, me segura!
Nice deu um sorrisinho tímido, mas seus olhos curiosos estavam fixos em Louis, que também não disfarçava o interesse.
E então, uma nova voz feminina surgiu, alegre e espontânea:
— Amigas?!
Era Patrícia, irmã de Harry. Usava um vestido elegante, bordado com pequenas pedras que refletiam a luz das pistas.
— Patrícia?! — Harry arregalou os olhos. — Você por aqui?
Ela se virou para ele com um olhar provocador.
— Você não me contou nada!
— Eu não sabia! — exclamou Harry, levantando as mãos.
Louis, com um sorriso malicioso, completou:
— Só quem sabia era eu. Fui eu quem deu os convites pra elas.
Patrícia riu e deu um beijo no rosto do irmão, depois em Louis e Patrick.
— Vocês me pagam. Agora, vamos dançar?
— Vamos! — disseram as meninas em coro.
E lá foram elas — Lana, Lena, Nice e Patrícia — em direção à pista de dança, deixando os três homens para trás, paralisados.
Louis piscou para Harry e comentou, boquiaberto:
— Meu Deus… isso aqui virou um desfile de deusas. O que foi que a gente fez?
Harry assentiu:
— O feitiço virou contra os feiticeiros, irmão. Eu estou lascado com a Lena. Ela é demais.
— E a Nice... — murmurou Louis. — Eu estou perdido.
Patrick, com os olhos fixos em Lana, não se moveu.
— Quer dizer então que vocês me armaram uma cilada?
— Não é uma cilada se a vítima agradece depois — rebateu Harry, rindo.
— Vamos dançar — sugeriu Louis. — Porque, se nós não formos agora, os gaviões vão cercar. E eu não vou deixar isso acontecer!
— Vão na frente — respondeu Patrick, encostando no sofá. — Eu preciso me acalmar,e refletir.
Enquanto os dois se afastavam, ele ficou ali. O som da música preenchia o espaço, mas sua mente estava em outro lugar.
“Britney perdeu o controle. Isso precisa parar antes que se torne algo maior...”
E então, como se pressentisse, Patrick fechou os olhos, visualizando Lana em meio às luzes da pista de dança. E percebeu que o que sentia já tinha ido muito além do desejo. Ele estava começando a cair.
Patrick apoiou os cotovelos nos joelhos, entrelaçando os dedos diante do rosto.
"Isso não pode continuar assim. Eu não posso permitir que o ambiente profissional se confunda com esse desejo irracional. Eu sou o chefe dela. E ela… é a filha do seu Francisco. Isso tem que parar antes que eu ultrapasse um limite que não consigo voltar atrás."
Levantou-se, ajeitando o blazer com um suspiro resignado.
"Amanhã eu falo com o pai dela. Ele merece saber o que aconteceu. E eu preciso colocar um ponto final nessa confusão que tá me dominando."
Ele se afastou da área VIP discretamente, sem dizer uma palavra.
Da sacada da área VIP, meus olhos estavam cravados nela.
Lana.
Ela dançava entre a irmã e a prima, leve como brisa, mas com um magnetismo que me puxava como se fosse a única mulher naquele lugar.
Usava calça jeans justa, que realçava suas curvas sem vulgaridade, e uma blusa social clara, levemente presa à cintura, que deixava seu visual tão elegante quanto sensual. Os cabelos soltos caíam como uma moldura perfeita ao redor do rosto, balançando a cada movimento despreocupado.
E então, como um espinho na carne, vi a cena.
Um homem se aproximou. O típico tipo que acha que pode tudo — camisa aberta, pulseira de couro, sorriso nojento.
Ele se inclinou e disse algo no ouvido dela.
Lana hesitou. O sorriso desapareceu. O corpo ficou rígido.
E então ele tentou segurar pela cintura.
Foi o suficiente.
Desci os degraus da escada com passos longos e rápidos. Meus músculos estavam tensos, os punhos cerrados. Louis percebeu e tentou me chamar, mas minha mente já não estava mais no controle.
Era instinto.
Cheguei atrás do sujeito e toquei levemente seu ombro, com um sorriso frio nos lábios.
Meu tom foi cortês, mas meus olhos deixaram claro o recado.
— Ela está comigo, amigo.
O homem se virou e arregalou os olhos, sem saber onde enfiar a cara.
— Foi m*l, cara. Não sabia...
Se afastou sem mais uma palavra, sumindo entre os corpos dançantes.
Lana me encarava como se eu tivesse descido dos céus ou surgido de um sonho estranho.
Confusa.
Surpresa.
E... tocada.
— Você está bem? — perguntei, minha voz baixa, grave, carregada.
Ela assentiu, ainda sem fala.
Entre nós, havia apenas a música, os flashes da boate... e uma tensão densa, como eletricidade entre duas nuvens prestes a colidir.
Eu não devia estar ali.
Mas naquele momento, tudo em mim dizia que sim.
Eu precisava marcar território.
Subimos juntos. Não lado a lado, mas próximos o suficiente para que eu sentisse o calor do corpo dela. A boate estava tomada por luzes, batidas e energia, mas, para mim, tudo aquilo parecia ruído. A única frequência que meu corpo reconhecia era a presença de Lana.
Enquanto caminhamos para a parte superior, ainda em silêncio, eu repassava cada segundo na pista.
A sensação do toque da mão dela na minha.
O modo como seu olhar segurou o meu.
A risada tímida quando falei do namorado que não existia.
Ela não tinha ideia do quanto aquilo me afetava. Do quanto ouvir que nunca mais esteve com ninguém desde que o ensino médio me fez desejar mais. Não era só pela virgindade emocional — era pela força, pela maturidade, pelo senso de responsabilidade. Era o conjunto inteiro.
Lana era um furacão silencioso.
E estava começando a me levar com ela.
Quando voltamos à área VIP, os olhares nos seguiram. Lena e Nice trocaram sorrisos curiosos, mas não disseram nada. Louis, encostado no bar com um copo de whisky na mão, ergueu uma sobrancelha. Harry apenas sorriu de canto e se virou, como se dissesse: Finalmente.
Eu sentei no mesmo sofá de antes, mas dessa vez, a poucos centímetros de Lana.
Ela ajeitou o cabelo solto atrás da orelha e desviou o olhar, como se evitasse encarar o que estava acontecendo ali. O problema era que... já estava acontecendo.
E eu não conseguia mais fingir.
Fiquei observando os traços do rosto dela. O brilho suave da maquiagem, o batom discreto. Os cílios alongados. O pescoço fino.
Ela me deixou em alerta.
Como uma droga que vicia devagar, até tomar por completo.
Respirei fundo, tentando focar em qualquer outra coisa.
Mas o perfume dela ainda estava em mim.
— Você está bem? — perguntei, sem olhar diretamente, com a voz mais baixa do que pretendia.
— Estou sim. Só ainda tentando entender — ela riu, nervosa — o que aconteceu lá embaixo.
— Eu também confessei, sem hesitar.
Ela virou o rosto na minha direção, e nossos olhos se encontraram.
Aquela troca durou segundos, mas teve o peso de uma confissão muda.
Um homem passou por trás dela e olhou rápido demais.
Meu corpo inteiro reagiu.
Minha mandíbula se contraiu.
Levantei.
— Me dá licença. Vou até a varanda tomar um ar.
Ela assentiu.
Eu precisava respirar.
Precisava de espaço para organizar tudo.
Ou talvez...
Precisasse apenas parar de fugir.
Porque ela estava ali. E eu... já estava quebrado.
E no fundo, eu sabia: ou isso parava ali... ou eu me jogava de vez.