Ainda deitada no peito de Patrick, com o sol já alto no céu de Boston, Lana mexia devagar no anel em seu dedo. A joia parecia irradiar calor, como se simbolizasse de verdade o que queimava dentro dela: aquele amor intenso, repentino e inegável.
Ela girou o rosto para ele, que sorria sem abrir os olhos.
— Você vai mesmo comigo almoçar na casa da minha mãe? — perguntou, ainda com um sorrisinho desacreditado.
— Claro que vou. Eu vou pedir tua mão. E quero que seja oficial, como homem decente que sou. — disse ele, abrindo os olhos com aquela intensidade azul que desarmava qualquer argumento.
— Patrick... eles vão surtar.
— Ótimo. Porque assim já se acostumam. A filha deles vai se casar com um CEO um pouco... determinado.
Ela riu, nervosa.
— Vou avisar pra minha mãe, mas... por favor, não chega falando que quer casar semana que vem.
— Claro que não. Vou dizer que quero casar em quinze dias. — ele piscou, rindo da cara de pânico que ela fez.
Lana pegou o celular e mandou a mensagem:
"Mãe, bom dia. Vou almoçar com vocês hoje. Mas... vou levar o Patrick. Ele quer conversar com vocês. É importante. Beijos."
Menos de cinco segundos depois, a ligação da mãe entrou.
— Lana, o que é isso? Ele vai junto? Conversar sobre o quê, menina?!
— Mãe, calma. Só... só prepara o almoço com calma. Ele é educado, vai conversar direito. Confia em mim.
Do outro lado, Tereza suspirou tão alto que parecia uma ventania.
O Pedido Oficial e o Pânico dos Pais
Meia hora depois, Patrick estacionava o carro na frente da casa simples e arrumada dos Ferreira Alves. Estava de camisa social dobrada até os cotovelos, calça jeans escura e um buquê de flores nas mãos.
— Você tá querendo matar meus pais do coração com esse buquê?
— Lana... é o mínimo. Eu tô indo pedir a mulher da minha vida em casamento.
Ela segurou a mão dele, apertando de leve, como quem pedia “vai com calma”. Mas já sabia que calma não fazia parte do vocabulário de Patrick nesse assunto.
Ao entrarem, foram recebidos por Tereza e Francisco, que estavam mais arrumados do que de costume, claramente nervosos.
— Bom dia, senhor e senhora Ferreira Alves. — Patrick disse, entregando o buquê à sogra. — Muito obrigado por nos receberem em cima da hora.
— Imagina... a casa é de vocês. — Tereza respondeu, tentando disfarçar a apreensão.
Já à mesa, depois de servidos, Patrick se levantou de forma elegante.
— Eu não vou enrolar. Vim aqui hoje pra pedir a mão da Lana oficialmente. Sei que o namoro é recente, mas o que eu sinto por ela é algo que nunca senti antes. Eu quero construir uma vida com ela. Casar. Logo. Ter uma família. Dar a ela tudo o que ela merece.
Lana fechou os olhos. Francisco quase engasgou com o arroz. Tereza derrubou o garfo.
— C-casar?! — repetiu o pai, limpando a boca com o guardanapo.
— Isso mesmo, senhor. Já escolhi o anel, ela aceitou, mas quero a bênção de vocês. Sou homem de princípios. E amo sua filha.
— Você está falando sério? — Tereza perguntou, olhando de Patrick para Lana e de volta para o anel.
— Estou.
Francisco apoiou os braços na mesa.
— Você sabe que ela tem só 20 anos, não sabe?
— Sim. Mas tem mais maturidade do que muita gente com 40.
Tereza suspirou, os olhos marejando. Ela olhou para Lana.
— Filha, é isso mesmo que você quer?
— É, mãe. Eu nunca fui tão feliz. E eu amo ele.
O pai ficou em silêncio por alguns instantes. Depois levantou, deu a volta na mesa e estendeu a mão para Patrick.
— Então você tem a nossa bênção. Mas se fizer ela chorar por algo que não seja emoção boa... eu te caço em qualquer canto desse país.
Patrick sorriu e apertou a mão com firmeza.
— Pode deixar, senhor Francisco. Eu vou protegê-la com a minha vida.
No instante em que Patrick apertou a mão do pai da Lana, ele olhou nos olhos do futuro sogro e, com firmeza e respeito, disse:
— Muito obrigado, seu Francisco. Eu prometo honrar essa bênção com todo meu coração.
O senhor assentiu com seriedade, mesmo ainda digerindo a ideia de casar a filha tão nova. Ao lado dele, dona Tereza já segurava a emoção, enxugando discretamente uma lágrima que teimava em escapar.
Foi nesse momento que Lena, que havia ficado quieta até então, levantou com o prato na mão e disse em tom brincalhão:
— Bem... se eu soubesse que o almoço seria um noivado, teria vindo com vestido de madrinha! — Todos riram.
— Ah, Lena... você é minha irmã, vai ter lugar de honra no altar. — Lana disse, corada, mas feliz por ter a presença dela naquele momento.
— E se precisar de ajuda com vestido de noiva... já separo minhas ideias. Porque, sinceramente, irmã... você acertou em cheio. — Lena lançou um olhar brincalhão para Patrick, que sorriu com elegância.
— Ela é única. E agora é minha. — ele completou, colocando o braço ao redor da cintura de Lana.
Dona Tereza aproveitou o momento para servir mais suco, tentando manter a formalidade mesmo com o coração aos pulos:
— Bom, então... vamos comer antes que a comida esfrie mais. Porque casamento ou não, ninguém almoça só com amor no estômago.
Todos riram de novo, o clima se aliviou um pouco, e o almoço continuou entre olhares emocionados, risos cúmplices e, claro, uma dose generosa de ansiedade disfarçada pela nova realidade que se formava ali.