Entre a Vida e a Morte
Patrick estacionou o carro com urgência diante da casa de Drew. Não esperou ser anunciado — apenas tocou a campainha com insistência até o amigo abrir a porta, já com a expressão assustada.
— Patrick? O que houve?!
— Drew, aconteceu uma coisa séria. Muito séria. Precisamos ir ao hospital agora.
— O que aconteceu? É a Brittany?!
— Não. É... é a sua ex-esposa. A Maris. — Patrick falou, controlando a respiração. — Minha mãe e a Lana foram visitar a Brittany e os gêmeos. Quando estavam saindo do hospital, ouviram a emergência. Viram ela sendo levada em estado gravíssimo. Foi baleada. Um atentado. Tentaram matar a sua ex-mulher. Ela estava sangrando muito... e...
Drew empalideceu.
— Como assim...? Baleada...?
— Ela gritava o seu nome, Drew. Pedia para salvarem a vida dela. Repetia: “Chamem o Drew! Chamem o Drew!”. Segundo os seguranças, ela devia dinheiro para agiotas. Foi encurralada no estacionamento do shopping e os homens atiraram. A situação é crítica.
Drew levou a mão à testa, respirando fundo.
— Meu Deus... eu me separei dela por tudo o que ela fez, mas... ela é a mãe da minha filha, Patrick. Vamos. Agora.
Patrick assentiu, mas hesitou por um segundo.
— Eu posso dirigir se você precisar—
— Não. Eu dirijo. Você está tenso demais. Vamos logo.
No trajeto, o silêncio era denso, apenas rompido pelas batidas apressadas dos dedos de Drew no volante. Chegaram ao hospital e, ao entrarem na recepção, uma enfermeira já se aproximou, visivelmente atordoada com os acontecimentos da noite.
— Quem é parente da senhora Maris Alencar?
Drew deu um passo à frente.
— Sou eu. Sou o ex-marido.
Ela assentiu e falou com firmeza:
— Ela está sendo operada neste momento. Já teve duas paradas cardiorrespiratórias: uma no trajeto até o hospital e outra no início da cirurgia. A bala atravessou parte do abdômen, perfurou o intestino — que precisou ser retirado e reconstruído externamente em parte — e está alojada na coluna. O neurocirurgião está tentando evitar sequelas maiores, mas...
Ela respirou fundo, tensa.
— Provavelmente, se sobreviver, a senhora Maris ficará paraplégica. O tiro foi certeiro. Foi pra matar.
Drew levou a mão à boca, tentando conter o impacto. A imagem de Maris — arrogante, vaidosa, altiva — não combinava com essa mulher frágil e ensanguentada que lutava pela vida numa sala cirúrgica.
— Façam tudo o que for preciso. Por favor. Salvem ela. Não por mim... mas pela minha filha. Brittany não pode saber disso agora. — A voz dele saiu firme. — Ela está com os bebês na UTI neonatal. Ainda amamentando. Qualquer impacto emocional pode secar o leite. Pode abalar a recuperação dela.
— Compreendemos. O senhor tem razão. A equipe médica manterá sigilo absoluto.
— Eu me responsabilizo por todas as despesas. Não importa o custo. Salvem a Maris. Façam o possível e o impossível. Ela pode ter todos os defeitos do mundo, mas é a mãe da minha filha.
A enfermeira assentiu com seriedade.
— Os melhores cirurgiões do estado estão atuando juntos nessa operação. Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance. Assim que houver alguma atualização, aviso imediatamente.
Patrick colocou a mão no ombro de Drew em apoio silencioso. Eles sabiam que, a partir dali, tudo poderia mudar — e nenhum deles estava realmente preparado para isso.
Capítulo [X] – Etapa 6: O Caos Instalado
Patrick se aproximou da Lana com o semblante preocupado. Vê-la ali, com os olhos ainda marejados pela cena de Maris na maca, o coração disparado e a respiração ofegante, fazia seu próprio peito doer.
— Amor... eu preciso que você vá pra casa agora com a minha mãe. Por favor. Isso aqui está um caos e você não pode se abalar desse jeito. Eu vou ficar com o Drew, acompanhar tudo... mas você precisa descansar.
— Mas Patrick, você viu o estado dela... Eu não sei como a Brittany vai reagir se souber... E você? Você também tá esgotado. — a voz dela tremia.
Ele segurou com carinho o rosto dela entre as mãos.
— Por isso mesmo. Eu preciso que você vá. Pela nossa paz, pelos nossos planos. A Brittany não pode saber, mas você também não pode se esgotar.
Foi nesse momento que Lana levou a mão ao peito, cambaleou e perdeu as forças nas pernas. Patrick a segurou a tempo, mas ela já estava desfalecida em seus braços.
— Lana?! Lana?! — ele gritou, em choque, ajoelhado com ela entre os braços. — Alguém ajuda! Por favor!
A equipe médica correu imediatamente.
— Rápido! Pressão! Pulso! Monitorando! Vamos, senhores!
— Ela é hipertensa? — perguntou uma das enfermeiras.
— Não! Ela nunca teve problemas de saúde! — respondeu Patrick, tenso, andando de um lado para o outro enquanto segurava a cabeça.
A médica se aproximou após os primeiros socorros.
— A pressão dela subiu demais. Ela teve um pico hipertensivo. Provavelmente pelo estresse emocional. Já estabilizamos, mas ela vai precisar ficar em observação. Nada de agitação por hoje.
Patrick passou as mãos pelo rosto.
— Meu Deus do céu... é um caos... é um inferno. O que está acontecendo com esse dia?!
Sem perder tempo, ele puxou o celular e ligou imediatamente para os pais da Lana. A chamada foi atendida rapidamente.
— Seu Francisco? Dona Tereza? É o Patrick... pelo amor de Deus, preciso que venham ao hospital agora. A Lana desmaiou.
— O quê?! O que houve com a nossa filha?! — a mãe dela respondeu já entrando em pânico.
— Ela teve um pico de pressão. Está em observação. Eu estava pedindo pra ela ir pra casa com a minha mãe, mas ela desmaiou antes de sair. Foi um susto terrível. Ela tá sedada agora, mas acordada. Vai precisar ficar em repouso. Por favor, tragam roupa pra ela, as coisas dela... Fiquem com ela. Eu não posso sair daqui.
— Mas o que está acontecendo aí, Patrick?!
— A mãe da Brittany sofreu um atentado. Ela está entre a vida e a morte. Foi baleada. O Drew está arrasado, e eu estou aqui com ele. A Brittany ainda não sabe de nada e não pode saber. Eu estou dando suporte, mas não posso deixar a Lana sozinha nesse estado. Por favor, venham o mais rápido possível.
Do outro lado da linha, silêncio e depois soluços.
— Vamos agora mesmo, filho. Fica tranquilo. Obrigada por avisar. Vamos cuidar da nossa menina.
Patrick desligou, sentindo a garganta apertar. Caminhou até onde a Lana repousava, com soro no braço e o rosto pálido.
Ele se inclinou, beijou sua testa com ternura e sussurrou:
— Vai ficar tudo bem, meu amor. Eu prometo que vai.