SEBASTIAN
Acordo com uma música tocando na minha cabeça, um sol na minha cara e quando encaro a janela pelo qual a claridade entra eu reconheço o quarto e vejo que o lado da minha cama está vazio e gelado, o quarto está quase em silêncio, deslizo a mão para a mesa do lado da cama e pego o celular que toca.
– Marhi? – Me levanto. – Seu telefone está gritando – Não tenho resposta, me movo vejo as coisas arrumadas, o vento um tanto frio me alcança e levanto, andando pelo quarto e procurando minhas roupas, quando não encontro eu saio, me movendo pelo corredor do apartamento dela. – Marhi? – Ninguém responde. Quando chego na sala fico parado no meio dela, vendo o silêncio ali como no resto. – Você não está em casa, saiu, ótimo – Balanço a cabeça e volto para o quarto, procurando minhas roupas. – Onde coloco minhas roupas loira – O celular dela começa a tocar de novo e eu me mexo, a campainha soa e eu fico parado no meio do quarto dessa vez, encarando a minha quase nudez e a campainha que soa de novo. Vou no banheiro e puxo a tolha me cobrindo, passo pelo corredor eu vou para porta. – Já vai – Grito, quando a campanhia toca de novo, abro a porta e ficou parado. – Pronto.
Há duas pessoas na porta, uma delas e uma senhora que abre um sorriso gentil ao me ver, o rosto enrugado e carismático me encarando com dois olhos azuis, cabelos branquinhos como neve e bem presos, quando ergo meu olhar para o homem parado atrás dela eu tenho a impressão de conhecer aqueles olhos, embora ele não é loiro e não tem belas pernas como Marhi. O homem tem cabelos grisalhos misturado com o preto escuro, ele me encara.
Fico parado, dando um passo para trás, como se aquelas pessoas fossem alguém inflamáveis para mim e que fossem me jogar um balde de gasolina e depois acender um isqueiro e me queimar vivo, me assistir queimar e me debater no chão.
Certo.
A assimilação de quem são aqueles dois sai tão rápida.
E avó de e o pai de Marhi, o que ela já havia falado, mesmo que pouco, os olhos, aquela cor é característica, sem dizer no painel que ficava na própria sala, tinha fotos dois dois, engulo o nó que se forma na minha garganta.
Acabo de conhecer o pai de Marhi, duas certezas me atinge, a primeira e que ele e quase uma versão reformulada de Daniel Craig, segundo que é certeza que ele me odeia.
O olhar de uma pessoa diz muito sobre ela.
Vejam, o olhar dele manda pra mim a ameaça.
Era o pai de Marhi, e a senhora gentil ao lado dele a avó.
Porra, onde se enfiou você loira?
– Quem é você? – A mulher coloca os óculos para me encarar. – Oh, você precisa se vestir rapaz, onde está Marhi?
– Ela – Eu poderia ser morto a qualquer momento, então nada de movimentos em falso, desço as mãos e seguro a toalha, me ver de cueca não é bom, não para eles.
– Onde está a minha filha rapaz? – A voz do homem é grave, mostra o descontentamento por me ver ali, ainda mais com uma toalha.
Marhi só podia estar brincando comigo.
– Eu – Pela primeira vez a desculpa some da minha boca, completamente, pego a primeira coisa que vem na cabeça. – Meu nome é Sebastian, eu dormi com sua filha e eu não sei onde ela possa estar, embora ache que ela pode ter saído antes de eu acordar, mas – Eu me mexo para o lado. – Entrem, eu estou com problema com as minhas roupas e logo vou estar com elas todas.
Os dois ficam parados.
– Isso é alguma brincadeira? – Fico parado.
– Vamos querido, preciso descansar da viagem – A mulher se mexe. Os dois passam por mim, entrando no lugar organizado, parando no meio da sala, a senhorinha para na minha frente, me encarando, eu dou um sorriso para ela para parecer mais simpático possível.
– Marhi me disse sobre você quando me ligou – Ela ajeita os óculos, me pergunto o que a loira contou. – Como você está rapaz?
– Bem, eu acho – O pai dela se move pelo lugar e eu vou sumindo para um canto qualquer. – Eu preciso ir – Aponto para o corredor.
– Espere – Ele me impede indiretamente. – O que está fazendo aqui no apartamento dela? – Eu abro e fecho a boca.
– Filho, o que você acha? Ele já disse quando entramos – Eu arregalo meus olhos e se eles pudessem saltavam da órbita.
– Mamãe?! – Seguro o riso irracional e nervoso que teima querer sair de mim, vendo a senhora se mover e se sentar no sofá.
– Nada de mamãe, passamos duas horas dentro do carro, que tal ir fazer um café enquanto esse moço me faz companhia?
– Nada disso, ele vai vestir uma roupa e eu vou tratar de localizar minha filha para saber se ela está realmente bem – Encaro o homem.
– Eu não fiz nada de r**m para ela, apenas não sei onde ela está senhor, ela está bem – Ele fica me encarando, sinto o clima ficar quente. – Ela não falou que vocês vinham.
– Faria alguma diferença? – Balanço a cabeça.
– Claro que faria a diferença, faria toda diferença, eu não estaria aqui tendo essa conversa com você senhor, assim não me pegariam nessas situações também.
– Um homem não precisa de uma situação específica para ser homem de verdade – 1 a 0 para o pai dela.
Crueldade isso.
– Deixe disso, o que tem Marhi estar com alguém? Ela é grandinha pra saber o que quer e quem quer – Alguém precisava dar uma presente para essa mulher no sofá, que retira o óculos e se inclina para trás.
– O que você faz da vida rapaz? – Eu abro a boca para falar, pelo menos algo ao meu favor, mas a porta da sala é aberta, Marhi entra e paralisa no lugar quando vê que não estamos mais sozinhos. – Filha, até que enfim – O homem se aproxima, a abraçando.
– Pai? Vocês não chegariam no almoço? – Ele se afasta, noto a roupa de academia e eu entendo onde ela estava. – Vovó – Ela se aproxima da senhora e a cumprimenta, depois me encara preocupada. – Tudo bem?
Balanço a cabeça no automático.
– Foi uma surpresa seu convidado – Eu encaro o homem por cima do ombro de Marhi, caladinho agora.
– Foi um imprevisto ontem a noite, esse é Sebastian, um amigo. Sebastian esses e meu pai e minha avó.
– Amigo? – O homem fica com carranca e eu quase me divertido, quase.
– Sim pai, amigo.
– E assim que estão chamando os relacionamentos de hoje? Amizade? – Não controlo o riso é solto uma risada, vendo os três pares de olhos vir na minha direção. – Tem algum palhaço aqui rapaz? Na verdade o que ainda faz aqui na sala com essa toalha, devia colocar uma roupa.
– Certo – Fico sem graça. – Marhi, eu preciso das minhas – Olho para baixo.
– Oh, claro, suas calças eu coloquei na maquina e depois na secadora, deve estar boas.
–Marhi?
– Pai as calças dele sujou de café, estávamos conversando ontem e caiu nele. Não precisa disso, já passamos dessa fase.
– Exatamente – Concluo e a risada da mulher no sofá me faz relaxar um pouco, não era apenas eu que dava umas ratas no começo da manhã.
– O café estava muito quente, deve ter queimado filho – Abro e fecho a boca com a insinuação.
Os jovens são assanhados, diz algumas pessoas.
– Já conhecem a casa, você me espera no quarto Sebastian, vou pegar suas coisas – Eu apenas me viro e vou para o quarto.
Ela devia ter avisado, assim daria tempo de descer pelas escadas de incêndio.
– Aqui – Ela entra e fecha a porta, me aproximo e pego as roupas. enquanto me visto ela solta o cabelo e para no meio do quarto e me encara. – Eu pensei que eles chegariam no almoço, saí pra correr.
– Seu pai é muito carismático.
– O que diria se fosse sua filha? – Um minuto de silêncio e depois minha risada.
– Certo, mas ele podia ser mais gentil, sua gentileza veio de onde? Da senhorinha? Pelo menos ela parece carismática.
– Quer ficar para o café? Pode usar o banheiro e depois ficar mais um pouco – Balanço a cabeça.
– Tenho trabalho e algumas coisas para resolver, obrigada pelo convite.
– Tem certeza? Comprei algumas coisa ontem a noite. Você gosta de comida e eu tenho comida Sebastian, não? – Balanço a cabeça.
– Obrigada, fica pra próxima loira, tem pessoas que precisam mais da sua atenção – Ela sorri e se aproxima enquanto coloco a camisa e ela ergue a mão para arrumar o colarinho, erguendo a mão e passando entre o meu cabelo e em seguida pelo meu rosto.
– Você acorda uma bagunça Sebastian, mas é bonito assim.
– Sou bonito de qualquer jeito – Ela riu, deslizando com o pé meus sapatos. – Pensei que seu pai fosse mais novo, mas é um coroa.
– Sr. Paulini não é um coroa, ele é bom, só não gosta de caras de toalhas com a filha dele.
– Deu pra perceber.
– Aqui – Ela se mexe e vai até o aparador perto da janela, puxando a minha carteira e duas camisinhas, junto com meu celular. – Tirei para não molhar – Quando ela me entrega eu percebo o deslize, ela olhou dentro? Viu minhas coisas dentro? – Eu não mexi, só tirei antes de lavar a calça.
– Não pensei que você tivesse mexido Marhi, apenas – Paro de falar. – Esquece, melhor eu sumir daqui antes que seu velho venha e me chute pra fora.
– Ele não faria isso.
– O que faria se fosse sua filha? – Ela ri, o som me agrada. – Tenho que ir, me leva em segurança até a porta?
– Vamos – Ela vai na frente como respaldo, quando estou de volta na sala o pai dela está perto da janela, me encara, ainda tem uma raiva ali, mas ele parece mais satisfeito com a minha vestimenta agora, Marhi, de contrapartida e a senhora no sofá nem ligam.
– Ele não vai ficar? – Marhi me encara. – Hoje é o seu aniversário querida, não planejou nada? – Eu olho para Marhi.
– E o seu aniversário? – Pisco surpreso.
– Sim, sim – Ela se aproxima e abre a porta, fico parado olhando para ela. – Sebastian?
Era o aniversário dela.
– Oh, claro, claro – Olho para o pai dela e para a avó. – Foi um prazer – Me aproximo da porta. – Poderia ter falado, não teria te perturbado ou estaria aqui dessa forma – Ela dá um balançar de cabeça. – Ligarei para você, certo?
– Tudo bem Sebastian, sabe onde me achar.
– Sim Marhi, eu sei onde te achar.