Quinze dias em Nova York
O avião pousou suavemente no aeroporto de JFK, e Sthefany sentiu uma mistura de ansiedade, euforia e nervosismo. Nova York. Cidade que nunca dormia, repleta de luzes, possibilidades e estranhos que passavam apressados pelas ruas. Para ela, eram quinze dias de liberdade. Quinze dias longe do Brasil, longe da mãe, longe de tudo que pudesse prendê-la. Quinze dias para se perder e se encontrar ao mesmo tempo.
Com a mala de rodinhas ao lado, ela caminhou pelo terminal absorvendo o ritmo frenético da cidade. Taxi cabs amarelos buzinando, turistas correndo com câmeras penduradas no pescoço, profissionais apressados com pastas de couro, o vento frio cortando o rosto. Cada detalhe parecia maior e mais intenso do que ela esperava. Respirou fundo, tentando conter o nervosismo e a ansiedade que cresciam em seu peito.
Era a primeira vez que viajava sozinha para fora do país. A sensação de liberdade era estranha e maravilhosa. A cada passo, sentia que deixava para trás parte do peso do cotidiano e das obrigações. Mas havia também uma pontada de medo, de se sentir sozinha em uma cidade tão grande e impessoal.
O primeiro dia foi de exploração. Caminhou pelas ruas de Manhattan, observando os prédios imponentes, os anúncios luminosos e as pessoas que pareciam andar com pressa, cada uma com sua própria história. Parou em um café, tomou um cappuccino quente e sentou-se à beira do Central Park, observando o mundo passar. Havia algo de mágico naquele lugar, algo que fazia o coração dela bater mais rápido.
Mesmo cercada por multidões, Sthefany sentia uma estranha sensação de vazio. Ela estava ali, mas não completamente presente. Era como se esperasse que algo ou alguém aparecesse e transformasse aqueles quinze dias em algo inesquecível. E foi exatamente nesse momento que ele apareceu.
Ricardo entrou no café com um passo tranquilo, mas com presença impossível de ignorar. Alto, cabelo escuro levemente bagunçado, traje impecável, postura confiante, e um olhar intenso que parecia enxergar muito além da superfície. Quando seus olhos se cruzaram com os dela, Sthefany sentiu um arrepio percorrer o corpo inteiro. O mesmo tipo de arrepio que se sente antes de um mergulho no desconhecido: excitante, perigoso, irresistível.
— Posso me sentar aqui? — perguntou ele, com uma voz firme, grave e ao mesmo tempo carregada de uma sedução contida.
Sthefany engoliu seco. — Claro — respondeu, tentando soar natural, mas sentindo o calor subir às bochechas.
Ele puxou a cadeira e sentou-se em frente a ela, sem cerimônia, mas com uma elegância que a deixou sem palavras. Observou-a com atenção, como se cada gesto dela fosse um detalhe precioso que merecia ser descoberto.
— Você está sozinha? — perguntou, mantendo os olhos fixos nos dela.
— Sim… estou visitando a cidade. Sou… estudante — respondeu Sthefany, sentindo a voz falhar um pouco.
Ele sorriu, um sorriso lento, misterioso, que parecia guardar segredos e experiências que ela ainda não poderia compreender. — Nova York tem um jeito de mostrar quem somos… e quem podemos ser — disse ele, inclinando-se ligeiramente, mantendo o olhar intenso.
As palavras penetraram dentro dela de uma maneira inesperada. Era como se ele pudesse enxergar por trás das máscaras que ela usava. Sthefany sentiu-se estranhamente confortável e, ao mesmo tempo, vulnerável.
O silêncio que se seguiu não era constrangedor; era carregado de significado. Cada movimento dele, cada olhar, cada sorriso sutil parecia dizer algo que nenhuma palavra poderia expressar. Ela sentiu o coração disparar, o corpo inteiro respondendo à presença dele, como se uma corrente elétrica invisível os ligasse.
— Então, você está aqui por quinze dias — disse ele, quebrando o silêncio, com uma leve malícia na voz. — Quinze dias para se perder, se divertir e… talvez encontrar algo inesperado.
Sthefany sentiu um arrepio subir pela espinha. — Talvez… — murmurou, sem perceber que aquela resposta simples carregava uma promessa implícita.
O cappuccino chegou, e ela segurou a xícara entre as mãos, sentindo o calor confortar os dedos frios. Mas era impossível ignorar a presença dele. Cada gesto, cada palavra, cada olhar parecia feito para aproximá-la ainda mais.
— Sabe… — começou Ricardo, baixando a voz — existe algo em você que me tira completamente do eixo. Algo que eu não consigo controlar.
Sthefany sentiu o coração disparar ainda mais. — Sério? — perguntou, tentando sorrir, mas a voz saiu trêmula.
— Sério — respondeu ele, firme e envolvente. — É como se você tivesse o poder de me fazer esquecer tudo ao redor só com um olhar.
Ela desviou o olhar, tentando controlar a respiração. As mãos começaram a suar, o corpo a tremer levemente. O toque do café na mesa parecia insignificante diante da eletricidade que percorria cada centímetro do corpo dela.
Então, sem aviso, ele estendeu a mão e tocou a dela. O toque era leve, mas suficiente para fazê-la estremecer. O calor que irradiava da mão dele atravessou a dela, subiu pelo braço e fez o coração bater mais rápido. Era um toque carregado de promessa, de desejo contido.
— Você sente isso também, não é? — murmurou ele, aproximando-se ainda mais.
— Sim… — respondeu ela, a voz quase um sussurro, mas carregada de sinceridade.
O mundo ao redor desapareceu. O café, os clientes, o som da rua — tudo se tornou irrelevante. Restavam apenas os olhos dele, a mão quente sobre a dela, e a sensação intoxicante de proximidade. O desejo era palpável, impossível de ignorar.
— Nunca conheci alguém assim — continuou ele, os lábios curvando-se em um sorriso lento e provocante. — Alguém que me faça sentir tudo de uma vez só.
Sthefany sentiu um calor intenso subir pelo corpo. — E você… me faz sentir algo que nunca imaginei que pudesse sentir — confessou, quase sem fôlego.
O toque dele ficou mais firme, o polegar roçando a pele dela suavemente, aumentando a tensão entre os dois. O coração de Sthefany parecia querer saltar do peito. Cada segundo era carregado de tensão, cada gesto carregava promessas silenciosas.
Por minutos, permaneceram assim, mãos entrelaçadas, respirando pesadamente, absorvendo cada sensação. Então, Ricardo inclinou-se, aproximou os lábios dos dela e tocou-os levemente. O beijo foi suave no início, exploratório, mas a eletricidade entre eles era inegável. Ela sentiu que estava prestes a perder completamente o controle.
Quando se separaram, ambos respiravam pesadamente. — Acho que… isso mudou tudo — disse Sthefany, sem conseguir esconder o rubor nas bochechas.
— Sim — respondeu ele, com um sorriso travesso. — E acho que nem imaginamos o quanto.
O café se tornou mais que um lugar de pausa; tornou-se o ponto inicial de algo intenso, proibido e irresistível. Quinze dias de aventura, quinze dias de descoberta e quinze dias que mudariam para sempre a vida de Sthefany. Cada olhar, cada toque e cada palavra seriam lembrados, marcando o início de uma conexão impossível de ignorar.
E naquele instante, Sthefany soube que o que começou como um acaso não seria algo passageiro. A química era real, poderosa, e perigosa. Algo em Ricardo despertava nela sensações que ela nunca experimentara, e algo em Sthefany despertava nele o mesmo desejo avassalador.
O primeiro dia em Nova York terminou com o coração dela acelerado, a mente cheia de perguntas e o corpo faminto por mais.
Quinze dias pareciam curtos demais para tudo o que queriam explorar, descobrir e sentir. Mas, acima de tudo, Sthefany sentia que estava apenas no começo de uma experiência que mudaria sua vida — para sempre.