**Fenrir**
No momento em que fecho a porta do banheiro, respiro com dificuldade. A minha vontade era arrancar a cabeça de Ethan por ele ter assustado a minha pequena companheira, mas também sabia que ele não havia feito por m*l. Ethan era apenas distraído e havia se esquecido que agora o meu quarto era compartilhado.
"Me perdoe, alfa, não quis assustar a Luna" — diz ele pelo elo mental.
"Eu sei, Ethan, mas lembre-se de que ela foi agredida. Ela deve ter pensado que você iria machucá-la quando entrou no quarto" — digo frustrado, odiando que ela estivesse tão quebrada a ponto de não permitir que as pessoas se aproximassem dela. Mais um pecado para a conta do alfa James.
"Vou me desculpar com a Luna depois, alfa, e, na próxima vez que precisar vê-lo, chamarei pelo elo mental antes" — diz ele rapidamente.
"Obrigado por entender, Ethan" — digo, agradecido.
"Vou tomar mais cuidado no futuro e avisarei os outros" — continua ele.
"Agradeço por isso" — digo, cortando o elo mental.
Não me importava que Zara estivesse quebrada, eu a ajudaria a se recuperar de tudo o que tinha passado. Ela podia não saber, mas havia conquistado o respeito da alcateia depois de tudo o que sofreu, principalmente dos soldados que estavam comigo quando a encontrei. O orgulho que eles tinham da sua Luna estava estampado nos seus rostos.
Alguns minutos depois, ouço a porta do banheiro se abrir e vejo a cabeça de Zara aparecer, um tanto hesitante. Quando ela sai do banheiro, me dobro de rir. As minhas roupas haviam ficado enormes nela, e ela segurava a calça de moletom na cintura com uma mão.
— Não ria de mim — diz ela, com o rosto fechado, me encarando. Aquilo me surpreende, e paro de rir. Quando ela percebe, abaixa os olhos rapidamente, apertando mais forte a calça na cintura.
— Não fiz por m*l, mas você está tão fofa com as minhas roupas. Gosto disso — digo, indo até ela.
— Fofa? — pergunta, em dúvida.
— Sim, para mim você é a criatura mais linda que já pus os olhos — digo com sinceridade, e vejo a suas bochechas corarem.
Vou até a mesinha ao lado da cama, abro uma gaveta, pego um elástico que havia ali e volto até ela.
— Deixe-me amarrar a calça para que não caia — digo, antes de retirar lentamente as suas mãos do cós da calça. — Pronto, agora só falta mais uma coisa.
— O quê? — pergunta, um tanto receosa. Vou até o meu armário, pego um par de chinelos e mostro para ela.
— Vão ficar grandes, mas é melhor do que andar descalça por aí — digo, abaixando-me e colocando os chinelos nos seus pés. — Agora está perfeita.
— Eles são confortáveis — diz ela, com um pequeno sorriso no rosto.
— Vamos comprar um para você assim que estiver melhor para viajar — digo, pegando a sua mão e puxando-a comigo para fora do quarto.
Vejo os olhos curiosos de Zara passearem pelos corredores enquanto descíamos as escadas.
— Assim que tomar o seu café, vou levá-la para conhecer a casa.
— Eu posso andar pela casa? — pergunta animada. Aquilo corta o meu coração, mas tento não demonstrar.
— É claro, Zara. Você é minha companheira, pode ir aonde quiser — digo, apertando levemente a sua mão.
Quando chegamos à sala para tomar o café, vejo Ethan vindo na nossa direção. Sinto Zara apertar a minha mão e se apoiar nos meus braços.
— Peço desculpas por tê-la assustado, Luna. Não era minha intenção — diz ele, de cabeça baixa. Zara olha para ele e depois para mim. Apenas sorrio e assinto para ela.
— Me desculpe, exagerei — diz ela, sem graça.
— Não peça desculpas, Luna. Fui descuidado e reconheço o meu erro. Prometo ser mais cuidadoso — diz ele, e, quando ela assente, ele se afasta. Sinto Zara relaxar ao meu lado e um sorriso se formar nos seus lábios.
— Foi muito bem, querida — digo, mais baixo, para que apenas ela ouvisse.
— Esqueci de dizer, alfa — diz Ethan, virando-se novamente para nós. — Temos visita.
Assim que ele termina de falar, olho para onde ele apontava e encontro os olhos de Lídia e Júlio fixos em Zara. Respiro aliviado, pois sabia que aquela visita faria bem a ela.
— Se for um mau momento, podemos voltar outra hora, alfa — diz Júlio.
— Imagina, vocês sabem que são sempre bem-vindos aqui — digo, caminhando lentamente até eles. Sinto Zara resistir um pouco quando a puxo, mas não desisto. Ela precisava ver que, na minha alcateia, as coisas eram diferentes, que as pessoas eram amigas e leais.
— É ela, alfa? — pergunta Lídia, emocionada.
— Sim, esta é minha companheira, Zara — digo, puxando-a para meus braços, orgulhoso.
— Ela é tão linda — diz Lídia, com um largo sorriso. Então, caminha até nós e dá um abraço em Zara. Todos podíamos ver como o corpo dela ficou tenso com aquele contato, mas não interferimos. Ela iria aprender a lidar com essas situações na prática, e eu sempre estaria lá para apoiá-la. — Seja bem-vinda, querida. Eu sou Lídia, e, se precisar de algo, basta pedir.
Vejo os olhos de Zara hesitantes ao examinar Lídia, e, quando ela olha novamente para mim, assinto para ela.
— Eu sou Zara — diz, com as bochechas coradas. Agradeci em pensamento por Lídia não ter comentado o fato de ela estar abaixo do peso.
— Seja bem-vinda, Luna — diz Júlio, colocando-se ao lado da sua mulher. Agradeci em pensamento por ele não tê-la tocado. — O que precisar, basta pedir. Estamos aqui para ajudá-la no que for necessário.
Eu tinha bons membros na minha alcateia, e agradecia à deusa por eles terem recebido sua Luna com tanto carinho quanto estavam demonstrando. A cada dia que se passava eu podia ver Zara se abrindo para as pessoas a sua volta e aquilo me dava esperança de que em breve a minha companheira estaria inteira novamente.