Visitas II

1019 Words
**Fenrir** No momento em que fecho a porta do banheiro, respiro com dificuldade. A minha vontade era arrancar a cabeça de Ethan por ele ter assustado a minha pequena companheira, mas também sabia que ele não havia feito por m*l. Ethan era apenas distraído e havia se esquecido que agora o meu quarto era compartilhado. "Me perdoe, alfa, não quis assustar a Luna" — diz ele pelo elo mental. "Eu sei, Ethan, mas lembre-se de que ela foi agredida. Ela deve ter pensado que você iria machucá-la quando entrou no quarto" — digo frustrado, odiando que ela estivesse tão quebrada a ponto de não permitir que as pessoas se aproximassem dela. Mais um pecado para a conta do alfa James. "Vou me desculpar com a Luna depois, alfa, e, na próxima vez que precisar vê-lo, chamarei pelo elo mental antes" — diz ele rapidamente. "Obrigado por entender, Ethan" — digo, agradecido. "Vou tomar mais cuidado no futuro e avisarei os outros" — continua ele. "Agradeço por isso" — digo, cortando o elo mental. Não me importava que Zara estivesse quebrada, eu a ajudaria a se recuperar de tudo o que tinha passado. Ela podia não saber, mas havia conquistado o respeito da alcateia depois de tudo o que sofreu, principalmente dos soldados que estavam comigo quando a encontrei. O orgulho que eles tinham da sua Luna estava estampado nos seus rostos. Alguns minutos depois, ouço a porta do banheiro se abrir e vejo a cabeça de Zara aparecer, um tanto hesitante. Quando ela sai do banheiro, me dobro de rir. As minhas roupas haviam ficado enormes nela, e ela segurava a calça de moletom na cintura com uma mão. — Não ria de mim — diz ela, com o rosto fechado, me encarando. Aquilo me surpreende, e paro de rir. Quando ela percebe, abaixa os olhos rapidamente, apertando mais forte a calça na cintura. — Não fiz por m*l, mas você está tão fofa com as minhas roupas. Gosto disso — digo, indo até ela. — Fofa? — pergunta, em dúvida. — Sim, para mim você é a criatura mais linda que já pus os olhos — digo com sinceridade, e vejo a suas bochechas corarem. Vou até a mesinha ao lado da cama, abro uma gaveta, pego um elástico que havia ali e volto até ela. — Deixe-me amarrar a calça para que não caia — digo, antes de retirar lentamente as suas mãos do cós da calça. — Pronto, agora só falta mais uma coisa. — O quê? — pergunta, um tanto receosa. Vou até o meu armário, pego um par de chinelos e mostro para ela. — Vão ficar grandes, mas é melhor do que andar descalça por aí — digo, abaixando-me e colocando os chinelos nos seus pés. — Agora está perfeita. — Eles são confortáveis — diz ela, com um pequeno sorriso no rosto. — Vamos comprar um para você assim que estiver melhor para viajar — digo, pegando a sua mão e puxando-a comigo para fora do quarto. Vejo os olhos curiosos de Zara passearem pelos corredores enquanto descíamos as escadas. — Assim que tomar o seu café, vou levá-la para conhecer a casa. — Eu posso andar pela casa? — pergunta animada. Aquilo corta o meu coração, mas tento não demonstrar. — É claro, Zara. Você é minha companheira, pode ir aonde quiser — digo, apertando levemente a sua mão. Quando chegamos à sala para tomar o café, vejo Ethan vindo na nossa direção. Sinto Zara apertar a minha mão e se apoiar nos meus braços. — Peço desculpas por tê-la assustado, Luna. Não era minha intenção — diz ele, de cabeça baixa. Zara olha para ele e depois para mim. Apenas sorrio e assinto para ela. — Me desculpe, exagerei — diz ela, sem graça. — Não peça desculpas, Luna. Fui descuidado e reconheço o meu erro. Prometo ser mais cuidadoso — diz ele, e, quando ela assente, ele se afasta. Sinto Zara relaxar ao meu lado e um sorriso se formar nos seus lábios. — Foi muito bem, querida — digo, mais baixo, para que apenas ela ouvisse. — Esqueci de dizer, alfa — diz Ethan, virando-se novamente para nós. — Temos visita. Assim que ele termina de falar, olho para onde ele apontava e encontro os olhos de Lídia e Júlio fixos em Zara. Respiro aliviado, pois sabia que aquela visita faria bem a ela. — Se for um mau momento, podemos voltar outra hora, alfa — diz Júlio. — Imagina, vocês sabem que são sempre bem-vindos aqui — digo, caminhando lentamente até eles. Sinto Zara resistir um pouco quando a puxo, mas não desisto. Ela precisava ver que, na minha alcateia, as coisas eram diferentes, que as pessoas eram amigas e leais. — É ela, alfa? — pergunta Lídia, emocionada. — Sim, esta é minha companheira, Zara — digo, puxando-a para meus braços, orgulhoso. — Ela é tão linda — diz Lídia, com um largo sorriso. Então, caminha até nós e dá um abraço em Zara. Todos podíamos ver como o corpo dela ficou tenso com aquele contato, mas não interferimos. Ela iria aprender a lidar com essas situações na prática, e eu sempre estaria lá para apoiá-la. — Seja bem-vinda, querida. Eu sou Lídia, e, se precisar de algo, basta pedir. Vejo os olhos de Zara hesitantes ao examinar Lídia, e, quando ela olha novamente para mim, assinto para ela. — Eu sou Zara — diz, com as bochechas coradas. Agradeci em pensamento por Lídia não ter comentado o fato de ela estar abaixo do peso. — Seja bem-vinda, Luna — diz Júlio, colocando-se ao lado da sua mulher. Agradeci em pensamento por ele não tê-la tocado. — O que precisar, basta pedir. Estamos aqui para ajudá-la no que for necessário. Eu tinha bons membros na minha alcateia, e agradecia à deusa por eles terem recebido sua Luna com tanto carinho quanto estavam demonstrando. A cada dia que se passava eu podia ver Zara se abrindo para as pessoas a sua volta e aquilo me dava esperança de que em breve a minha companheira estaria inteira novamente.
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