Superando O Medo

1026 Words
**Diana** Eu estava atrasada, tinha dormido demais naquela manhã. Não que eu tivesse algum trabalho para fazer nesta alcateia, mas, mesmo assim, não queria parecer uma pessoa ingrata. Então, sempre que podia, dava um jeito de ajudar as outras meninas na cozinha da alcateia. Alfa Fenrir tinha sido claro comigo ao me dizer que eu não precisava fazer nenhum trabalho doméstico neste lugar. Normalmente, as mulheres que limpavam e organizavam a casa da matilha não me deixavam tocar em nada, mas eu gostava de cozinhar. Então, às vezes, ajudava as meninas no que elas precisavam, mesmo com o olhar carrancudo de Gabriela, a cozinheira. Havia algo de que eu gostava nesta alcateia. Normalmente, quando as meninas terminavam a limpeza da casa, podiam ir embora e só retornavam no dia seguinte. Alfa Fenrir gostava da sua liberdade dentro de casa e não se incomodava de fazer as coisas se precisasse. Aquilo me fazia enxergá-lo com outros olhos. Neste lugar, eu era tratada como uma convidada e tinha ganhado um quarto próximo ao do alfa. Aquilo me surpreendeu, mas depois o seu beta me explicou que ele não desejava que Zara se assustasse com o lugar e queria me manter por perto para lhe fazer companhia. Beta Ethan também estava demonstrando ser uma boa pessoa, sempre respeitoso e sem se aproximar de mim mais do que o necessário. Havia alguém que me assustava terrivelmente, e os seus olhares me incomodavam de uma forma que eu não conseguia entender. Dante, o guerreiro de confiança de Alfa Fenrir, estava sempre por perto e, por uma coincidência do destino, eu sempre o encontrava pelos corredores. Dante era um homem grande, tinha pele morena e olhos castanhos, mas a forma como ele se movia me dizia que ele era bem mais perigoso do que aparentava. Apenas olhar para ele fazia o meu corpo inteiro tremer. E eu sabia que, quando ele me olhava, não era apenas nos meus olhos que ele estava interessado, e isso me deixava ainda mais apreensiva. Assim que chego à sala para tomar café, travo na porta. Lá estava ele, com o mesmo porte de sempre, com a expressão de alguém que poderia matar apenas com o olhar. Quando os seus olhos se encontram com os meus, eu travo. Havia algo que eu não tinha visto antes nos seus olhos e não era apenas isso: eu podia sentir um cheiro diferente vindo dele, mas estava fraco demais para que eu pudesse reconhecer. — É ela, querido? — ouço uma senhora perguntar a Dante. Fico curiosa com aquela conversa e um pouco sem graça por todos estarem me olhando. — Sim — responde ele, ainda com os olhos presos aos meus. Desvio o meu olhar para a pequena senhora, que tinha um sorriso gentil nos lábios. Ela vem na minha direção com animação, então abre os braços e me envolve num abraço apertado. Eu não sabia o que fazer. Ninguém nunca tinha me abraçado em toda a minha vida, mas era gostoso. Eu me permito relaxar presa nos seus braços e, muito lentamente, envolvo as minhas mãos nas suas costas. Aquela senhora tinha um cheiro gostoso, e a forma como ela me abraçava me transmitia tanto carinho que eu não conseguia resistir a ela. — Seja bem-vinda, querida — diz ela, se afastando de mim e me dando um beijo na bochecha. Eu sorrio com aquele gesto dela. — Meu nome é Lídia, eu sou a avó de Dante. Olho novamente para Dante, surpresa por alguém tão ameaçador ter uma avó tão doce quanto Lídia aparentava ser. Vejo um senhor caminhar na minha direção também. Ele tinha um sorriso discreto no rosto, mas eu sabia, pelos seus olhos, que ele devia ser muito observador. — Bem-vinda, eu sou Júlio, o avô de Dante e companheiro de Lídia — diz ele, sorrindo e acenando para mim. — Oi, eu sou Diana — digo a eles, um pouco constrangida, desviando os meus olhos dos seus. — Ela não é linda, querido? Tão bela quanto a nossa Luna — diz Lídia, animada. — Sim, querida — responde Júlio. — Venha, meu bem — diz ela, pegando na minha mão e me arrastando para a mesa. — Fiz um monte de comida caseira para a Luna e para você. Quero que se recuperem bem e se sintam bem-vindas no nosso bando — diz ela, já colocando várias coisas no meu prato e no de Zara. — Vocês vão gostar da comida de Lídia, ela é maravilhosa — diz Alfa Fenrir, sorrindo para nós. Olho para a quantidade de comida no meu prato e arregalo os olhos. Não estava acostumada a comer tanto assim e nem sabia se daria conta. Olho para a senhora ao meu lado, com vergonha. Não queria que ela pensasse que eu não havia gostado das coisas que tinha feito. — Coma apenas o que conseguir — diz Dante, me assustando. Ele olhava fixamente para mim. — Minha avó não vai se chatear se você não comer tudo. — Oh, querida, não se preocupe com isso. Fiquei tão animada por saber que tínhamos novos membros na matilha que nem pensei na quantidade de comida que fiz — diz ela, se desculpando. — Não se preocupe, Dona Lídia. Se elas não comerem, eu como — diz Ethan, se servindo. — Isso porque você é preguiçoso demais para fazer a própria comida — diz Alfa Fenrir, nos fazendo rir. — Não é isso, apenas sou um homem ocupado — diz ele, dando de ombros. — Não pode nos enganar, menino. Sabemos que você foge da cozinha como o capeta foge da cruz — diz Dona Lídia, e acabamos rindo da expressão chateada dele. — Não é bem assim, Dona Lídia — insiste ele. — Desista, você não vai ganhar essa batalha contra ela, Beta Ethan — diz Júlio, com um sorriso no rosto. Os seus olhos demonstravam que ele conhecia muito bem a companheira que tinha. Eu também desejava aquilo. Queria poder, algum dia, esquecer tudo de r**m que eu e Zara passamos na alcateia de Alfa James e, quem sabe, um dia encontrar o meu companheiro. Com certeza, isso seria incrível.
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