**Zara**
Lembrava-me bem da fúria com que o homem atrás de mim lançou o alfa James contra a parede. A aura que o rodeava era assassina enquanto ele marchava em direção ao alfa James. Tentei me manter consciente, mas havia perdido muito sangue e não consegui ficar acordada. Desperto novamente quando sinto a sua mão no meu corpo. Ele tentava me segurar com cuidado para que não me machucasse mais, como se isso fosse possível.
Quando os meus olhos encontram os seus, era como se tudo tivesse parado. Só havia ele à minha frente. O meu fraco coração batia tão forte no meu peito que parecia que iria parar a qualquer momento. Então, os meus olhos ficam turvos e desmaio nos seus braços. Mesmo no fundo da minha consciência, eu conseguia ouvir algumas coisas.
Via o desespero do meu companheiro enquanto corria comigo nos seus braços. A forma protetora com que ele me segurava era tudo que eu nunca havia esperado. Eu estava acostumada com a dor, tudo doía para mim, e naquele momento eu me sentia confortada, mesmo que aquilo me desse medo. Afinal, eu não o conhecia e não saberia julgar os seus gestos.
Apago, mas eu sentia algo, como um toque delicado no meu rosto. Era bom e, de alguma forma, familiar. Eu me sentia bem, verdadeiramente em casa. Podia ouvir algumas vozes alteradas à minha volta, mas minha mente não conseguia se fixar em nenhuma. Nala estava muito fraca, quase não podia senti-la, e, apesar da minha situação, estava preocupada com ela. Lembrava-me vagamente de ser carregada e ouvir o barulho de uma porta se abrindo. Durante todo o tempo, as mãos do meu companheiro estavam sobre mim.
Lembrava de alguém me pedir perdão, e eu não entendia por que, mas algo me marcou de forma inexplicável. Eu podia ouvir a voz dele pedindo desculpas, então senti uma dor enorme no meu ombro e, como se fosse algo mágico, uma energia começou a fluir através de mim em correntes enormes. As minhas dores foram diminuindo e eu finalmente pude descansar.
Acordo me sentindo um pouco dolorida. Os meus olhos ardiam com a luz que entrava pela janela. Tento alcançar Nala na minha mente, mas ainda não tinha forças suficientes para isso. Quando tento me mover, sinto uma mão forte me manter no lugar. Não consegui conter o meu desespero. O meu instinto natural foi lutar contra quem tentava me impedir, mas eu não tinha forças. A minha respiração fica agitada e o desespero estampado no meu rosto. Então, olho para o lado e encontro um par de olhos verdes me encarando de forma profunda.
— Não pode se mexer — diz ele com calma, a sua voz enviando um arrepio pela minha espinha. Tento novamente, mas ele não permite, e o pânico só aumentava mais. Começo a sentir falta de ar, e quando ele vê o desespero no meu rosto, ele me solta rapidamente.
— Celina! — ouço ele gritar, e rapidamente uma mulher entra no quarto, cercando-me.
— Afaste-se, alfa! — diz ela, puxando-o do caminho com dificuldade. Ela me olha com atenção.
— Olá, Luna, por favor, concentre-se apenas em mim, respire devagar — pede ela, enquanto segurava a minha mão. Olho fixamente para seu rosto enquanto apertava a sua mão, e lentamente a minha respiração vai voltando ao normal.
— Muito bem, Luna, aqui ninguém vai fazer m*l a você — diz ela, sorrindo para mim. Não sabia se podia confiar nela, mas ainda era melhor do que lidar com o homem assustador que estava no quarto.
— Ela está melhor? — pergunta ele, se aproximando. Eu me assusto e, quando tento sair da cama, caio no chão. Quando ele vem na minha direção, abaixo-me, colocando as mãos sobre o rosto, tentando me proteger de uma dor que eu achava que viria.
— Deixe que eu falo com ela, alfa — diz a mulher se aproximando. Sinto quando a sua mão toca a minha perna, e eu me encolho ainda mais, não queria passar por mais uma sessão de tortura. — Luna, está segura aqui. Eu sou a doutora Celina. O alfa me chamou para cuidar de você.
A voz gentil da mulher me faz relaxar um pouco, então, lentamente, retiro as minhas mãos do rosto e olho para a mulher à minha frente. Ela era baixa, tinha pele morena e os seus olhos castanhos me olhavam de forma gentil. Podia sentir outro olhar sobre mim, mas não tinha coragem de encarar aqueles olhos verdes ameaçadores novamente.
— Deixe-me ajudá-la — diz ela, estendendo a mão para mim. Um pouco relutante, resolvo aceitar, não havia muito que eu pudesse fazer se eles resolvessem me machucar. Ela me ajuda a voltar para a cama e me cobre com um pesado cobertor.
— Pode me dizer seu nome, Luna? — pergunta ela no mesmo tom gentil de antes.
— Zara — digo a ela com a voz baixa. Então, o que ela disse entra nos meus ouvidos, e eu começo a suar frio. A minha respiração fica agitada novamente, e podia sentir a minha garganta se fechando enquanto tentava respirar.
— Ela está tendo um ataque de pânico — diz a médica, se aproximando mais de mim.
— Ela parecia bem, eu não entendo — diz ele, com a sua voz grave, me fazendo tremer ainda mais.
— Zara, ninguém aqui vai fazer m*l a você. Se você se acalmar, vamos te explicar tudo o que aconteceu — diz ela, segurando a minha mão, enquanto olhava fixamente para o meu rosto. Eu tento ignorar a figura do homem à minha frente e me concentrar apenas na mulher. Novamente, sinto a minha respiração se acalmar e começo a respirar melhor.
— Ótimo, querida, agora me diga o que fez você ficar tão agitada — diz ela com o mesmo olhar de antes. Eu desvio os meus olhos dela e olho para o homem à minha frente. Quando os nossos olhares se encontram, desvio o olhar rapidamente. Ele me assustava de várias maneiras.
— Entendo — diz ela, um pouco hesitante. — Este é o alfa Fenrir, Luna, seu companheiro.
As palavras dela caem como uma bomba no meu colo e o desespero toma conta de mim.