Primeira Transformação III

1325 Words
**Dante** Estávamos conversando tranquilamente na sala. De lá, podíamos observar Zara e Diana no jardim, conversando, mas não conseguíamos ouvir o que falavam, pois respeitávamos a privacidade delas. Eu estava animado por aquela noite; sabia que seria doloroso para Diana, mas isso não impedia a animação que tomava o meu peito por saber que finalmente ela me reconheceria. — O m****o do conselho chegará daqui a três dias, Alfa — diz o Beta Ethan. — Isso é bom, precisamos resolver isso o mais rápido possível. Não desejo que a minha companheira continue correndo riscos desnecessários — diz Fenrir, e posso ver os seus olhos escurecendo. Zara era um assunto delicado paraa ele, ainda mais depois da ameaça que tinha sofrido. — Não vai chegar a tanto. Lorcan pode ser um canalha, mas jamais usaria de jogos tão sujos para conseguir o que quer; ele ainda se acha honrado — digo, sorrindo. Lorcan sempre seria um grande mistério para mim. O Alfa da alcateia Lua Azul quase não era visto, e até onde eu sabia, o seu povo tinha profunda adoração por ele. Não sabíamos de muita coisa, já que eles eram muito reservados e jamais deixavam que informações vazassem do seu território. — Não vou contar com a sorte, Dante; preciso terminar com isso logo, e sei que só vou conseguir se sentarmos e conversarmos sobre o assunto como pessoas civilizadas — aquilo eu duvidava muito, Lorcan não era civilizado, ele era agressivo, isso sim. — Isso é que vai ser difícil — diz Ethan espelhando meus pensamentos. — Mas ainda precisamos tentar — diz ele. — Não se preocupe, Alfa, vamos cuidar de tudo. Já reforçámos as patrulhas nas fronteiras; nada passará por nós — digo, convencido. Os nossos guerreiros eram bem treinados e saberiam lidar com qualquer imprevisto que aparecesse. Os Belmonte não teriam a menor chance de invadir o nosso território; estávamos preparados para eles. — Está animado para hoje? — pergunta Fenrir. — Muito — digo, sorrindo. — Esse é o nosso rapaz, já tem até uma companheira — diz Ethan, sorrindo. — Estou feliz. Tem algo de muito reconfortante em esperar por alguém e ela finalmente chegar. — O meu coração transbordava de alegria ao ter Diana ao meu lado. — Os seus avós devem estar muito felizes — diz Fenrir. — Você viu aquele dia; a vovó é terrível — digo, rindo. — A deusa faz as coisas certas, Dante. Diana precisa de uma família que a ame e a ajude a superar tudo o que aconteceu, e sei que vocês farão isso muito bem — diz ele. — Eles a amam, Alfa — digo, sabendo que aquilo era apenas a verdade. — Bem, vou deixar que se preparem para mais tarde. Saiba que estaremos observando de longe para que tudo corra bem — diz Fenrir, encerrando a nossa conversa. — Obrigado, Alfa — digo antes de sair. Dou uma última olhada em Diana e saio da casa da matilha; precisava preparar tudo para aquela noite e sabia que os meus avós iriam querer estar juntos quando o momento chegasse. Quando entro em casa, não foi nenhuma surpresa ver os dois esperando-me na sala. — Estávamos à sua espera — diz a minha avó, levantando-se. — Arrumei algumas coisas de que Diana possa precisar para hoje. Vejo uma cesta aos seus pés e inclino-me para ver o que ela tinha preparado. Havia uma muda de roupa, assim como alguns analgésicos, pois ela sentiria muita dor na primeira transformação. — Ela vai ficar bem, filho; a sua companheira é uma mulher forte, e nós estaremos com vocês também — diz ele, ao ver o meu olhar triste. Era inevitável que eu me entristecesse; não queria que ela sofresse, mas sabia que era inevitável. A dor era o preço que pagávamos para ter o nosso lobo. — Vocês são os melhores — digo, sentando-me entre eles e envolvendo-os com os meus braços. — Ela é parte da nossa família, querido; já amamos aquela menina — diz a minha avó, com um largo sorriso. — É verdade, ela é doce e gentil, Dante; a deusa não poderia ter sido mais generosa com você — diz o meu avô. Ouvia as palavras deles, permitindo que elas adentrassem o meu coração. Diana era o meu raio de sol e, depois daquela noite, eu finalmente poderia reivindicá-la para mim. O resto do dia passou de forma lenta. Eu certifiquei-me de que o lugar para onde a levaria fosse seguro, deixando tudo arrumado: roupas, remédios e um pouco de comida, pois a transformação consumia muita energia, e ela iria precisar. Na clareira que escolhi, a lua incidia de forma direta, sem sombras para atrapalhar, o que ajudaria a sua transformação a ser mais rápida. Por sorte, era perto da casa da alcateia, caso algo não desse certo. Quando estava próximo da hora, retorno a casa e tomo um longo banho para me acalmar. Ao descer, os meus avós esperavam-me pacientemente. — Vamos, querido; tem uma companheira para reivindicar — diz a minha avó, sorrindo. Juntos, deixamos a nossa casa e caminhamos em direção à casa da alcateia. Não conversamos no caminho; eles sabiam que eu estava apreensivo e deixaram-me com os meus pensamentos. Fizemos o trajeto rapidamente, talvez pela pressa de ver Diana e saber que ela estava bem. Quando entro na casa da alcateia, encontro todos sentados na sala. Assim que Diana me vê, ela corre na minha direção, atirando-se nos meus braços. Aperto-a contra mim, permitindo que o meu cheiro a acalme. — Estou com medo — diz ela, com o rosto enterrado no meu peito. — Não precisa ter, estou aqui com você — digo-lhe. — Nós estamos com você, querida — diz a minha avó, passando a mão pelas suas costas. — Nada de r**m vai acontecer. — Afasta esses pensamentos ruins, Diana. Vai ver o quão maravilhoso é o primeiro contato com o seu lobo — diz Any, que estava sentada ao lado de Sam. Depois que Diana se acalmou, caminhamos em direção à pequena clareira. Não podíamos demorar mais, pois o tempo estava passando. Quando chegamos, cada um dos presentes lhe deu um abraço e se afastou uma certa distância, dando-nos privacidade. Agradeci por aquilo pelo elo mental. Sento-me no meio da clareira e puxo Diana para os meus braços, sentando-a entre as minhas pernas. Podia sentir as suas mãos geladas e o seu pequeno corpo tremer encostado no meu. — Não precisa ficar nervosa; estou aqui para o que precisar — digo, abraçando-a, permitindo que se acalmasse nos meus braços. — Não consigo evitar — diz ela, mas lentamente a sua respiração vai-se acalmando. Nem meia hora havia passado quando senti Diana se agitar nos meus braços e um grito angustiado deixou os seus lábios. Aquilo cortava-me o coração, mas eu não podia fazer nada. Era a nossa natureza, e contra a natureza não se podia lutar. — Respira, Diana, e não se contenha; é a sua loba, querida, deixa-a vir — digo-lhe. Diana cai no chão e ouço o som dos primeiros ossos do seu corpo se partirem. — Dói, Dante — choraminga ela. — Eu sei, mas vai passar. Lembra-se de que é a sua loba chegando — digo com ternura. Outro som alto enche a clareira enquanto outros ossos do seu corpo se partem. Os gritos de Diana tornavam-se mais altos, e eu segurava-me para não a tomar nos meus braços. Vejo quando ela ergue a cabeça, inalando o meu cheiro profundamente; quando os seus olhos se abrem, vejo duas orbes negras a olharem para mim. — Companheiro — diz ela, fascinada, inalando mais do meu cheiro. — Estou aqui, querida, vou ajudar. — Com cuidado, arrumo Diana numa posição em que sentisse menos dor. Vejo o seu rosto aliviar-se um pouco e, com mais alguns estalos, tudo fica em silêncio. Eu olhava fascinado para o lobo à minha frente, um largo sorriso no meu rosto.
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