Apreensão

990 Words
**Dante** Eu não pude resistir a rir da forma como Diana fugiu de mim assim que a trouxe de volta à casa da alcateia. Não podia negar que estava sendo divertido vê-la sem graça. Estava tão distraído com os meus pensamentos que nem percebo o meu alfa se aproximar; apenas quando a sua mão toca o meu ombro, noto a sua presença. — Desculpe, alfa, precisa de algo? — pergunto, mudando a minha postura. — Estou apenas curioso com o motivo da sua alegria — diz ele, olhando para mim com a sobrancelha arqueada. Aquilo era constrangedor. Não costumava falar dos meus assuntos pessoais com outras pessoas além dos meus avôs, e discutir aquilo com o meu alfa parecia ainda mais errado. Mas não iria negar um pedido dele. Quando éramos mais jovens, Fenrir e eu éramos muito próximos e compartilhávamos muitas coisas das nossas vidas, mas, à medida que o fardo de liderar uma das maiores alcateias recaía sobre os seus ombros, acabamos nos distanciando um pouco. — Diana, senhor — digo, com um sorriso de canto. — Então as suas suspeitas eram verdadeiras? — pergunta ele. — Ao que parece, sim. O lobo dela está começando a despertar — explico, vendo os olhos dele se iluminarem. — Então isso explica o fato de ela ter entrado correndo em casa — diz ele, rindo. — Sim, hoje mais cedo ela reconheceu o meu cheiro e isso a deixou envergonhada — digo, passando a mão pelos cabelos. — Pelo menos ela não ficará tão surpresa quando descobrir que é você o companheiro dela — diz ele. — Verdade. — Preciso falar com você e com o Ethan — diz ele, mudando de assunto e entrando na casa da matilha. — Claro, senhor — digo, acompanhando-o. — Sabe que não precisa ser tão formal quando estamos sozinhos. Acho que somos amigos há tempo demais para você me chamar assim — diz Fenrir assim que entra no escritório. — Para mim, trata-se de respeito, alfa. Mesmo que sejamos amigos, manterei o meu respeito por você — digo, sentando-me à sua frente. — Às vezes sinto saudades daquela época. Tudo era tão mais simples do que agora — diz ele com um suspiro. — Eu também, senhor — digo. Nem sempre a nossa alcateia foi pacífica como agora. Já tivemos tempos de guerras e conflitos, principalmente com lobos renegados, que tendiam a se tornar violentos quando não tinham um bando. E, é claro, também com outras alcateias. Sempre havia uma sede de poder que rondava as pessoas, e os alfas não eram diferentes: eles desejavam poder e queriam territórios maiores, o que sempre terminava em guerras entre as alcateias. Foi em uma dessas guerras que tanto eu quanto Fenrir perdemos as pessoas mais importantes das nossas vidas: os nossos pais. Nós nos recuperamos, e, apesar de Fenrir ser jovem, ele soube lidar muito bem com tudo o que estava acontecendo. O resultado disso foi o fim da guerra e uma paz que durava até aqueles dias. Guerras sempre haveriam, e, depois do que aconteceu, Fenrir lutava para manter-se longe de conflitos. Ele não queria perder mais ninguém dos seus, e, por isso, o seu povo era muito grato pelo alfa que tinha. Mas a aparência tranquila de Fenrir não escondia o que ele carregava por dentro. Ele sabia ser c***l quando necessário, e era justamente esse equilíbrio que o tornava tão bom no que fazia. Claro que ainda tínhamos muitos inimigos, e a maioria via a nossa alcateia apenas como um território a ser conquistado. Mas, até o momento, Fenrir estava lidando bem com tudo isso, e aqueles que o conheciam sempre recuavam quando viam os seus olhos. Sabiam que, se ele precisasse agir, não seria piedoso. — Desculpem a demora — diz Ethan, entrando no escritório. — Estava resolvendo algo. — Espero que tenha feito a pesquisa que lhe pedi — diz Fenrir, olhando para ele. — Sim, alfa, já tenho algumas informações — diz ele. Olho curioso para os dois, já que normalmente não participo desse tipo de conversa. — Pedi que você viesse, Dante, porque temos tido relatos de lobos próximos à nossa fronteira, e sei que deve saber de quem se trata — diz ele, olhando fixamente para mim. — Acha que são os Belmonte? — pergunto, notando o brilho nos olhos de Fenrir ao mencioná-los. Os Belmonte tinham uma rivalidade antiga com a nossa alcateia e sempre entravam em conflito conosco por qualquer coisa que julgavam errada. Na verdade, sabíamos que eles apenas buscavam um motivo para iniciar uma guerra, mas Fenrir estava decidido a não cair nas provocações deles. — Não vejo como pode ser outra pessoa. Aquela família nos odeia — diz Fenrir, frustrado. — Ainda a mesma história, ou tivemos alguma mudança? — pergunto. — Ainda a mesma. Eu realmente não sei de onde tiraram a ideia de que matamos os antigos líderes. Preciso investigar isso mais a fundo — diz Fenrir. Aquele assunto era delicado e envolvia muitas pessoas, incluindo os pais de Fenrir. — Não gosto disso. Tudo o que não precisamos neste momento é uma guerra — diz Ethan. Nos últimos anos, o alfa tinha investido muito na estrutura da alcateia. Agora, tínhamos um hospital e uma escola para as crianças. Estávamos crescendo, e as várias empresas da alcateia tinham ganhado fama entre os humanos. Sabia que Fenrir não arriscaria tudo o que havia construído por apenas algumas invasões. — Talvez pudéssemos tentar marcar um novo encontro — sugiro, mas vejo os olhares céticos deles em minha direção. — Sabe que isso é perda de tempo. Eles jamais concordariam com algo assim — diz Fenrir. — Para isso existe o conselho dos lobisomens. Podemos pedir que eles intermedeiem a negociação — digo, vendo os olhos deles se iluminarem. — Isso pode funcionar, e não temos nada a perder. Ou fazemos uma trégua, ou teremos, muito em breve, uma guerra — responde Fenrir.
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