4. Capitulo – Aquele maldito sorriso

2152 Words
Juliano, ainda segurando a mão de Isabela, conduziu-a gentilmente para o centro do salão. A música suave e ritmada preenchia o ar, e os casais dançavam em harmonia, envoltos na grandiosidade do tema “Noite em Versailles”. O ambiente era uma combinação perfeita de luxo e elegância, com luzes douradas refletindo nos trajes suntuosos e máscaras elaboradas dos convidados. Ele se voltou para ela, segurando a sua mão com firmeza, mas sem perder a suavidade que Isabela sempre admirou. Com um movimento fluido, ele a puxou para mais perto, a sua outra mão deslizando pela cintura de Isabela, posicionando-se com uma i********e que era ao mesmo tempo, pública e reservada, protegida pelas máscaras que ambos usavam. — Está tudo bem? Juliano perguntou, os olhos dele examinando o rosto dela com uma intensidade calorosa. – Você parece um pouco distraída esta noite. Isabela sorriu levemente, os pés movendo-se com leveza pelo salão ao som da música. — Eu estava um pouco preocupada com a arrecadação, mas agora, com a sua ajuda, tudo parece mais fácil. Ele sorriu, aquela expressão de autoconfiança inabalável que Isabela conhecia bem. — Eu disse que sempre estaria por perto para ajudar, não disse? Mas esta noite, quero que esqueça de tudo isso. É a nossa dança, o nosso momento. Eles giravam pela pista, e Isabela sentia-se envolta pela segurança e charme de Juliano. O toque dele era firme, mas confortável, e o jeito como ele a guiava mostrava a sua experiência e confiança. As pessoas ao redor pareciam sumir, e ela só conseguia se concentrar no olhar dele, que não desviava um segundo sequer. Juliano a puxou um pouco mais para perto, inclinando-se para sussurrar no seu ouvido. — Você está deslumbrante esta noite, Isabela. Não consigo tirar os olhos de você. Ela riu suavemente, sentindo o calor subir pelo rosto. — Obrigado, Juliano. Você sabe exatamente o que dizer para me deixar sem palavras. — Só digo a verdade. Ele respondeu, os olhos brilhando por trás da máscara. – E sabe o que mais é verdade? Eu faria qualquer coisa para ver você sorrir. Isabela sorriu, aquele sorriso que Juliano conhecia bem, cheio de mistério e uma leve provocação. O momento parecia perfeito, como se nada pudesse quebrar a magia que os envolvia. A música aumentava em intensidade, e Juliano a girou com elegância, os seus passos perfeitamente sincronizados como se tivessem ensaiado aquela dança muitas vezes antes. — Eu me sinto... como uma princesa de verdade esta noite. Confessou Isabela, os olhos brilhando com uma mistura de excitação e sonho. – Tudo parece tão... surreal. Juliano inclinou a cabeça, observando-a com um sorriso quase secreto. — Talvez porque você seja, Isabela. Esta noite, você é a rainha deste baile, e eu... bem, tenho a sorte de ser seu cavaleiro. Ela riu, o som ecoando suavemente entre os dois. O mundo ao redor parecia perder a importância, e tudo o que restava era a música, o toque de Juliano e a sensação de que, pelo menos por um momento, tudo estava no lugar certo. As preocupações, as dúvidas, tudo parecia distante enquanto eles se moviam como se fossem os únicos naquela sala. No entanto, antes que ela pudesse se perder totalmente na fantasia que Juliano pintava, uma figura se aproximou, interrompendo o fluxo perfeito da dança. O homem vestia um traje preto e branco impecável, com uma máscara que cobria todo o rosto, exceto pela boca, uma presença que exalava uma aura de mistério e autoridade. A sua interrupção foi abrupta, mas deliberada, como se ele soubesse exatamente o impacto que causaria. — Com licença. Disse o homem, sua voz grave e controlada, que fez Isabela sentir um arrepio inesperado. – Posso roubar a sua parceira para uma dança? Juliano franziu o cenho, claramente contrariado pela interrupção. Ele olhou de relance para Isabela, buscando o seu consentimento, mas havia algo no homem à sua frente que o deixou desconfortável. — Estamos no meio de uma dança. Juliano respondeu, tentando manter a compostura, mas sua mão ainda apertava a cintura de Isabela com um pouco mais de força do que antes. O homem misterioso inclinou ligeiramente a cabeça, um gesto quase irônico. — Certamente, mas creio que a senhorita deva decidir se quer continuar ou aceitar um novo convite. Afinal, o baile é para todos, não é? Ele era bem mais do que Juliano, de s, ela alcançava os ombros do seu futuro esposo, entretanto, o outro homem, ela teria que se esticar um pouco mais para alcançá-lo. Isabela olhou para ele curioso. — Ele assinou o cartão, Juliano. Ela disse suavemente, retirando a mão da dele com um toque gentil. – Eu volto num instante. — Cuidado com as mãos. Juliano resmungou, olhando para o sujeito. Os olhares pareciam se voltar para os dois agora, Isabela virou-se para o homem com um sorriso educado, embora distante do que sentia. Ela parecia ainda pensativa em relação a Juliano quando o desconhecido parecia agir de modo possessivo a puxando contra o seu corpo. Cada movimento dele era calculado e preciso, e Isabela não pôde deixar de sentir a aura de domínio que ele exalava. A música envolvia os dois, e o ambiente ao redor parecia se dissolver enquanto eles se moviam em perfeita sintonia. — Você dança maravilhosamente bem. Comentou o homem, a sua voz baixa e carregada de uma qualidade hipnótica. Isabela, ainda intrigada, tentou discernir algo através da máscara que cobria a maior parte do rosto dele. — Obrigada. Deveria saber o seu nome, ao menos? Ele sorriu de forma enigmática, a máscara escondendo a maioria das suas expressões, mas o sorriso parecia tocar os seus olhos de uma maneira sutil. — É um baile de máscaras, o mistério fica no... “Quem será meu parceiro ou parceira na dança”. Não acha? Isabela sentiu um arrepio ao ouvir a resposta. A atmosfera ao redor deles parecia vibrar com uma tensão sutil, e ela não pôde deixar de se perguntar sobre as intenções do homem misterioso. Isabela estava intrigada com a dança, uma sensação de mistério pairando no ar à medida que os movimentos do homem se revelavam cada vez mais calculados e precisos. Cada passo parecia carregado de uma intenção oculta, e a presença dominante dele era inegável. Ela sentia uma mistura de fascínio e desconforto, um sentimento que a fez questionar o que realmente estava por trás daquela máscara enigmática. — Obrigada pela dança. Isabela disse, sua voz suave, mas com um toque de firmeza. Ela fez uma pequena reverência, um gesto de agradecimento formal, e tentou esconder o quanto a situação a havia perturbado. Ela se afastou com um leve passo para trás, a sensação do toque dele ainda fresca em sua pele. Ela fez uma breve inclinação da cabeça e começou a se afastar, voltando-se para onde Juliano estava. O ambiente parecia ter recuperado um pouco de sua normalidade, e ela sentia que precisava de um momento para processar o que acabara de acontecer. Enquanto a festa findava e as máscaras eram retiradas, revelando os rostos cansados e satisfeitos dos convidados, Isabela procurava Juliano. Ela o encontrou conversando animadamente com Bianca, como havia acontecido. A cena a fez sentir-se um pouco deslocada, pois sentia que o tempo com Juliano tinha sido interrompido por compromissos sociais. Ela se aproximou de um grupo onde o vice-governador e outro convidado estavam a conversar. O grupo estava engajado numa discussão animada sobre os eventos da noite e, ao notar a presença de Isabela, o vice-governador a saudou com um sorriso formal. — Senhorita Isabela, que prazer vê-la novamente. Parece que teve uma noite movimentada. Comentou o vice-governador, com um tom que misturava cordialidade e uma curiosidade sutil. Isabela sorriu, tentando manter a conversa leve. — Sim, foi uma noite bastante interessante. O outro convidado, um homem de meia-idade com um olhar analítico, inclinou-se um pouco mais perto. — Nós estávamos discutindo sobre o futuro, e pergunto-me, como você tem se preparado para sua futura vida? Como está indo à faculdade? Isabela sentiu um pequeno frio na espinha. Não estava na faculdade e a pergunta a pegou de surpresa. Ela tentou manter a compostura, mas a sensação de estar sendo julgada a deixou desconfortável. — Bem, eu tenho me dedicado muito às atividades sociais e à preparação para eventos como este. Ela começou tentando encontrar uma forma de responder que não fosse muito pessoal. – A vida de uma jovem da nossa sociedade muitas vezes gira em torno de compromissos e eventos. O vice-governador balançou a cabeça com um sorriso condescendente. — Certamente, mas a educação formal pode proporcionar uma base sólida para o futuro. A formação acadêmica é valiosa, mesmo nos nossos círculos sociais. Isabela se viu acuada, a conversa tomando um rumo que a fazia sentir-se menor do que realmente era. Ela tentou desviar a conversa para algo mais leve. — Eu tenho me envolvido em várias iniciativas sociais e de caridade. Isso é algo que realmente me interessa e que considero importante. O outro convidado levantou uma sobrancelha, claramente interessado, mas com um olhar que ainda parecia avaliar. — Ah, sim, atividades sociais são sempre um bom caminho para construir uma rede de contatos. Mas pergunto-me, qual é o seu plano de longo prazo? Há algo mais que você pretende alcançar além das festas e eventos? Isabela respirou fundo, esforçando-se para manter a compostura. — Eu sempre procurei aprender e crescer através das experiências que a vida me oferece. Acredito que cada evento e interação tem algo a ensinar. E, claro, estou sempre aberta a novas oportunidades e desafios. Respondeu ela, sua voz firme, mas sem esconder o desconforto que sentia. O homem à sua frente a observou por um momento antes de soltar uma risada seca. — Em outras palavras, você não faz nada de útil. Replicou ele, o seu tom carregado de sarcasmo enquanto um sorriso cínico se formava nos seus lábios. Ele virou o restante da sua bebida de uma vez e aproximou-se mais, postando-se entre ela e o vice-governador, como se estivesse assumindo o controle da conversa. Foi nesse momento que Isabela realmente o reconheceu. A máscara que antes cobria o seu rosto agora não estava mais ali, revelando um par de olhos negros, inclinados e ameaçadores, que brilhavam sob a luz suave do salão. Havia algo neles que exalava uma confiança perigosa, uma intensidade que parecia atravessar qualquer barreira que Isabela tentasse erguer. A sua mandíbula era quadrada e forte, emoldurando perfeitamente os seus lábios arqueados de um jeito quase predatório. Ele era inegavelmente belo, mas havia uma aspereza na sua expressão que lhe dava um ar distante e frio. Era o homem que havia dançado com ela mais cedo, o misterioso convidado de trajes pretos e brancos. O mesmo que a puxara para perto com uma confiança dominante, como se cada movimento fosse um jogo calculado para deixar a sua marca. Agora, sem a máscara, ele parecia ainda mais intimidante. Seu sorriso desdenhoso era impessoal, e Isabela sentiu um impulso quase incontrolável de dar um tapa no rosto dele, de apagá-lo com um gesto que mostrasse a sua própria força. Ela se manteve no lugar, porém, resistindo à tentação de reagir impulsivamente. Em vez disso, sustentou o olhar dele, deixando claro que não se intimidaria facilmente. — Talvez eu devesse perguntar o que você faz de tão útil, afinal. Isabela respondeu, o seu tom carregado de uma cortesia gélida que mascarava a raiva fervente no seu peito. O homem levantou uma sobrancelha, claramente surpreso pela ousadia dela. O sorriso nos seus lábios se alargou, tornando-se algo quase divertido, como se apreciasse a resistência que ela demonstrava. — Eu aproveito oportunidades. Disse ele, inclinando-se levemente como se estivesse contando um segredo. — E sei reconhecer quando algo ou alguém ainda não encontrou o seu verdadeiro propósito. Isabela sentiu o sangue ferver novamente, mas manteve o queixo erguido. Cada palavra dele parecia um desafio velado, uma provocação para que ela mostrasse o que era capaz de fazer. Ela respirou fundo, lembrando-se de que estava ali para algo maior do que provar qualquer coisa para aquele homem. — Ele é o nosso futuro governador, srta. Alvares. O outro convidado, um homem de meia-idade com um olhar analítico, inclinou-se um pouco mais perto. — O Sr. Navarro, é inteligente e ambicioso, tem uma visão de mundo na qual o nosso Estado precisa. — Política, política, política... acho que isso não convém no momento. Uma mulher que estava próxima, passou o braço envolta de Isabela. – Os homens só pensam nisso. — Que sorte a sua, então. Disse ela, com um sorriso controlado. — Espero que essa habilidade o leve a lugares que valham a pena. O homem apenas inclinou a cabeça, o seu sorriso nunca desaparecendo. Isabela se afastou, decidida a não deixar que ele ou suas palavras ditassem sua noite. Ela tinha mais a oferecer, e logo ele veria.
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