O sol nascia preguiçoso sobre a Rocinha, banhando o labirinto de vielas e becos com uma luz dourada e suave. O som do comércio começava a se intensificar, crianças corriam pelas ruas estreitas e o murmúrio de conversas já ecoava entre as casas, trazendo vida ao morro. Na casa de Coringa, porém, o ambiente estava mais tranquilo, embalado pela necessidade de repouso e recuperação. Coringa abriu os olhos lentamente, ainda sentindo os efeitos do cansaço e das dores que insistiam em marcar presença em cada movimento. O quarto estava silencioso e a primeira coisa que ele percebeu foi a ausência de Thaís ao seu lado. Franziu a testa, lutando contra a rigidez que parecia querer mantê-lo preso ao colchão, e com esforço, se sentou. Seu corpo protestava, e um gemido baixo escapou por entre os dentes

