Acordei com o corpo pesado, como se tivesse dormido sob o peso de uma montanha. A dor não era nova, mas vinha mais funda, pulsando nas juntas, nas costas, nos ossos. O supressor tinha feito efeito, mas como sempre deixava uma sensação de vazio. O cio havia recuado, e ainda assim o corpo parecia gritar em silêncio, pedindo algo que eu não podia dar. As mãos tremiam levemente quando apoiei nos joelhos para me erguer, e por um instante, o chão pareceu girar. O outro lado da cela estava vazio. A coberta amassada, o canto frio, o cheiro de ferro e fumaça ainda flutuando no ar — Dante tinha ido embora antes que eu acordasse. Talvez não tivesse dormido ali. Talvez tivesse me deixado sozinha mais uma vez. Fechei os olhos por um segundo, tentando ignorar o gosto amargo que subiu pela garganta. Nã

