Capítulo 1
Emily ⭐
Yasmin: Pelo oque eu ouvir dizer, ele sai ainda essa semana.- falou, enquanto eu terminava de escovar os dentes, meu coração b***a do jeito que é, já começou a acelerar né.
- Bom pra ele.- falei tentando fazer pouco caso.
Yasmin: Olha pra me, Emily.- falou tentando ser autoritária.
- Agora não Yasmin, já estou atrasada pra loja, você sabe que não posso perder esse emprego, preciso pagar minha faculdade.- falei tentando desviar do assunto.
Yasmin: Uma hora vamos falar sobre isso, não adianta fugir não.
- Tá.- falei terminando de calçar o tênis e pegando minha bolsa pra sair dali o mais rápido possível.
Yasmin quando começa com um assunto não para mais, tudo isso porque ouviu os comentários no morro que Bruno vai sair da cadeia depois de três anos na cadeia.
Vocês não devem tá entendendo nada, mas vou tentar resumir aqui pra você, tenho 20 anos, faço faculdade de psicologia, moro no morro da Rocinha, com minha avó e minha prima, a Yasmin, ela tem 19 anos.
Minha avó tem um barestaurante aqui no morro, meus pais, eu nunca nem se quer conheci e não faço a menor questão de conhecer, não me quiseram, não tem porque eu querer eles né? Minha avó sempre fez o papel dela perfeitamente, me deu amor e carinho.
Minha prima perdeu a mãe quando tinha 5 anos, ela teve câncer e infelizmente a doença levou ela, o pai dela é PM, até a 4 anos atrás ele fazia o papel dele de pai muito bem, mas ai só Deus sabe o porque, do qual foi o mistério, que ele sumiu do mapa, do nada.
Saio em um dia e nunca mais voltou e desde então tem sido assim, eu, ela e minha avó.
Bruno é o dono do morro da Rocinha, ele caio na cadeia no mesmo dia que o melhor amigo dele foi morto, ele não teve nem o direito de ir no enterro, ele só soube da noticia quando eu fui lá visitar ele e vou te contar, foi h******l, ele ficou possesso de raiva, só dizia que ia se vingar quando saísse de lá.
Eu e Bruno éramos melhores amigos, desde os meus 13 anos, sempre fomo grudados, mesmo depois que ele entrou pra essa vida ai, eu mesmo assim continuei do lado dele, quando ele caiu preso eu pedi a minha avó pra me emancipar pra poder ir até lá visitar ele e mesmo ela não querendo muito, ela fez.
E eu sempre ia, levava comida, pegava aquela fila miserável de manhã cedo, uma humilhação do c*****o, mas eu tava lá. Era meu melhor amigo vei, não podia deixar ele lá.
Até que um dia né, em uma dessas visitas, ele disse que não era pra me voltar mais lá, que ali não era lugar pra mim, que eu tinha que seguir minha vida, correr atrás dos meus sonhos, que ele não estava com cabeça pra sustentar uma amizade agora, que ele só tinha ódio no coração.
E isso eu já sabia né? dava pra ver, ele tava mais frio, tava mudado, mais grosso que antes, ele parecia outra pessoa, mas ainda assim eu achava que podia ajudar, podia fazer alguma coisa, sei la.
Mas vi que estava enganada, nesse dia voltei pra casa arrasada, chorei horrores, na semana seguinte já tava sabendo que ele tava recebendo visita de outra menina, também nem fiz questão de saber quem era, taquei o f**a-se legal.
Vida que segui e seguiu, que ele esteja bem e que aquele ódio tenha evaporado.
BR na voz
Três anos se passaram e eu aqui dentro, mas essa semana eu estou caindo fora daqui, já passei muito tempo aqui enjaulado, parecendo bicho.
Mas querendo ou não é oque viramos bicho quando estamos aqui dentro, varias fitas acontece, se você não tiver a mente blindada você acaba se perdendo aqui dentro.
Logo quando cheguei aqui dentro um mês depois fiquei sabendo que perdi, meu irmão, meu braço, mo judiaria fizeram com ele, não era meu irmão de sangue, ta ligado? Mas era como se fosse, crescemos juntos lado a lado, meu companheiro de ataque, na vida e no futebol.
Mas a morte dele vai ser vingada, pode ter certeza disso, oque fizeram com ele não vai passar abatido não, tô cheio de ódio na mente e no coração.
Isso aqui me mudou a perda do meu irmão me mudou, tiraram de me oque eu tinha de mais valioso, Emily.
Mina de fé, minha irmã ali po, teve comigo sempre, nos melhores e nos piores momentos, quando eu cai aqui ela veio logo me ver, só gratidão, me fortaleceu de verdade.
Ela é uma mina de fé, merece coisa melhor do que ficar vindo pra esse lixo aqui, pegando fila, passando humilhação, ela não merece isso não po, fiz oque fiz pensando no melhor pra ela, sei que ela deve tá boladona comigo, mas foi melhor assim, um dia ela vai entender.
(...)
Emily⭐
Mas um dia de luta né, porque o pobre só faz isso da vida, lutar e lutar na ilusão que um dia o dia de gloria vai chegar.
- Me leva ali em cima, no bar de minha avó.- falei com um dos vapor que estava ali na entrada do morro, oush, cansadona, vou subir isso a pé nada
D2: Bora po, tô saindo daqui já.- falou subindo na moto dele e eu subi na garupa.
Eu nunca fui essa meninas que fica de mimimi e preconceito porque o cara é envolvido, talvez seja pelo fato de eu ter crescido aqui e ter visto que nem sempre o vilão são os que tá do lado de cá e sim os que sobe de farda querendo trazer a "paz" mas no fim só trás guerra.
Sempre tive amizade com os moleque do morro, muitos pais e mãe diz "não ande com fulano porque fulano vai te levar pro m*l caminho" caô puro, n**o faz aquilo que tem vontade, sempre andei com menino que fuma e nem por isso eu fumo ou vendo d***a.
- Valeu D2, quer entrar não? pago um lanche pra tu.- falei descendo da moto, mesmo sabendo que ele tem condições pra comprar o próprio lanche, mesmo assim ofereci né, o menino me trouxe até aqui na maior humildade, não custa nada.