Episódio 2

1613 Words
O cheiro de café recém-passado preencheu a cozinha antes mesmo que Camila terminasse de subir as escadas. Ela havia acordado cedo, mesmo depois da noite intensa com Elliot. O corpo ainda doía — de um jeito bom. As pernas ainda tremiam ao lembrar da força com que ele a tomou. Mas a mente... a mente estava um caos. Ela se vestiu rápido e cuidou de Ivy como sempre. A menina acordou sorridente, agarrando-se ao pescoço de Camila como se fossem uma só. E por um tempo, isso bastou para manter os pensamentos afastados. Mas agora, ao entrar na cozinha, tudo voltou com força. Elliot estava ali. Camisa social branca, mangas arregaçadas, cabelo ainda úmido do banho. O relógio caro no pulso, o ar impenetrável. Ele parecia... o mesmo CEO de sempre. Camila parou na porta. Ele ergueu os olhos. Por um segundo, houve silêncio. — Bom dia — disse ele. Ela forçou um sorriso. — Bom dia. — Dormiu bem? Ela quis rir da pergunta. Como se ele não soubesse exatamente por que ela acordou com as coxas doloridas e os lábios inchados. — Mais ou menos. — Eu fiz café. E panquecas. A Ivy pediu. Camila assentiu, caminhando devagar até a bancada. Ivy estava sentada no cadeirão, com um babador colorido e os olhos brilhando de felicidade. — Camiii... o papai deixou eu colocar calda sozinha! — ela mostrou os dedinhos melados. — Olhaaa! Camila sorriu de verdade agora. — Uau, tá ficando mocinha, hein? Elliot colocou uma xícara de café diante dela. Os dedos dele roçaram nos dela — de propósito? Acidente? Ela não sabia. Mas soube que aquela tensão ainda estava ali, ardendo sob a superfície. — Sobre ontem — ele começou, em voz baixa. — Por favor — ela cortou, sem encará-lo —. A Ivy está aqui. — Eu só queria que você soubesse que eu não me arrependo. Ela fechou os olhos por um instante. Mas antes que pudesse dizer algo, a campainha tocou. — Eu atendo — disse Elliot, já se afastando. Camila sentiu o estômago revirar. Por um instante, temeu que fosse a mãe dele. Ou alguém do trabalho. Ou... pior: alguém que soubesse que ela passara a noite nos braços do patrão. Mas era outra surpresa. Uma mulher. Alta. Cabelos pretos como tinta, lisos e impecáveis. Rosto maquiado, salto agulha, perfume doce demais. — Elliot... — disse ela com um sorriso afiado. — Que surpresa. — Vivian? O que você está fazendo aqui? — Só vim visitar minha sobrinha. Afinal... sou quase família, lembra? Camila ouviu tudo da cozinha. E, quando Vivian entrou com Elliot logo atrás, o sorriso dela congelou ao ver Camila ali. — Ah — disse ela, os olhos correndo dos pés à cabeça da babá —. Então é você a famosa Camila. Camila limpou a boca de Ivy com um pano úmido, tentando agir como se nada estivesse acontecendo. Mas o olhar de Vivian sobre ela era uma faca afiada. — Eu sou a ex-esposa do irmão da falecida — disse ela com um sorriso ensaiado, mas cheio de veneno. — Era muito próxima da Clarissa. Camila engoliu seco. Sentiu-se instantaneamente fora de lugar. — Sinto muito pela perda... — disse ela educadamente. Vivian assentiu, teatral. — Clarissa era... insubstituível. Lamento que você nunca tenha tido o privilégio de conhecê-la. Elliot pigarreou, tentando controlar a tensão. — Vivian, não é uma boa hora. — Claro que é. Só vim ver a pequena — disse ela, ajoelhando-se diante de Ivy. — Oi, meu amor. Sentiu saudade da Tia Vivi? Ivy encolheu os ombros. — A Camila fica comigo agora. Vivian ergueu uma sobrancelha e riu. — Que fofo. Uma criança tão pequena... já tão leal. Ela se levantou e olhou diretamente para Camila. — Espero que saiba o que está fazendo, querida. Esses homens ricos têm um passado... e um padrão. E babás são sempre o passatempo favorito. Camila ficou de pedra. Elliot explodiu: — Chega, Vivian. Saia da minha casa. Vivian sorriu, satisfeita por ter causado estrago. — Até breve, docinho — disse para Ivy, e saiu com o salto estalando no mármore como tiros. O silêncio que ficou foi mais barulhento do que qualquer grito. Camila continuou lavando a colher de Ivy como se aquilo fosse suficiente para conter o turbilhão que se formava dentro dela. Elliot aproximou-se, com o semblante sombrio. — Me desculpa por isso. Ela respirou fundo, sem encará-lo. — Você disse que tinha um passado. — E eu disse que queria um futuro com você. Camila fechou os olhos. Mas dessa vez, não por desejo. Por medo. Por dúvida. Por tudo o que aquela história poderia se tornar. E talvez... já estivesse se tornando. A tarde caiu cinzenta sobre Manhattan, e o céu carregado parecia refletir o que Camila sentia por dentro. Depois da visita de Vivian, ela se fechou em si mesma. Passou o restante do dia evitando ficar a sós com Elliot, concentrando-se em Ivy com uma dedicação quase forçada. Elliot respeitou o espaço dela. Mas seus olhos... seus olhos não mentiam. Ele a seguiu com o olhar sempre que ela passava. Observava seus movimentos, suas reações, os suspiros que escapavam mesmo quando ela tentava parecer firme. Camila estava em guerra. Queria ignorar o que sentia. Mas o calor entre suas pernas ainda a fazia lembrar da noite anterior. Das mãos dele. Da boca dele. Do corpo quente pressionando o dela contra o balcão da cozinha. Ela queria mais. Mas também queria fugir. Quando Ivy finalmente adormeceu, Camila desceu para lavar a mamadeira, mas encontrou Elliot à meia-luz na sala, sentado com uma taça de vinho, encarando a lareira apagada. — Achei que estivesse no quarto — ele disse, sem se virar. Camila hesitou na porta. — Vim só pegar água. — Podemos conversar? Ela quase disse não. Mas seu corpo a traiu, andando até ele devagar, como se fosse puxada por uma força invisível. — O que a Vivian disse... — ele começou, girando o vinho na taça — não define quem você é. E muito menos o que sinto por você. Camila sentou-se na beirada do sofá, evitando contato direto. — Ela tem razão em partes. Eu sou a babá. Isso... isso acontece o tempo todo, Elliot. Você é um CEO, um homem poderoso. E eu sou só... alguém tentando pagar as contas em um país estranho. — Não é isso que vejo quando olho pra você. Ela finalmente ergueu os olhos. — E o que você vê? Ele pousou a taça e se aproximou. — Vejo a mulher que devolveu a cor à minha casa. Que ensinou minha filha a sorrir outra vez. Que me faz desejar não só sexo — mas conexão. Camila mordeu o lábio, sentindo o coração acelerar. — Você fala como se isso fosse simples. — E não é? — Não. Porque o que aconteceu ontem foi... incrível. Mas e agora? Vai fingir que eu não sou a funcionária? Que você não tem uma reputação? Uma empresa? Uma filha? — Camila... — E o que vai dizer se alguém descobrir? Que transou com a babá da sua filha? A tensão explodiu no ar. Elliot se aproximou devagar, ajoelhando-se à frente dela, ficando à sua altura. — Eu diria que encontrei alguém que me fez sentir vivo de novo. E que estou disposto a enfrentar qualquer consequência por isso. Ela piscou, surpresa. Os olhos marejaram. — Não diga isso se não for verdade... — Então me deixe provar. Ele tocou o joelho dela. Subiu a mão pela coxa. Camila estremeceu. O corpo gritava sim, mesmo quando a cabeça sussurrava não. — Me deixa te mostrar o quanto você significa pra mim. Mesmo que só essa noite. — E amanhã? — Amanhã, eu peço que fique. Camila engoliu em seco. A pele pegando fogo. As coxas contraindo com o toque dele. — Elliot... Ele a puxou pela cintura, fazendo-a deslizar no sofá até o centro. Ficou entre suas pernas, as mãos firmes em suas coxas, o olhar cravado nela. — Você está tremendo — disse, com um leve sorriso. — Está com medo de mim? Ela balançou a cabeça. — Tenho medo de mim mesma... do quanto eu quero isso. Ele se inclinou. O beijo começou suave, quente. Mas logo se tornou urgente, dominador. A língua invadiu a boca dela com fome, enquanto as mãos deslizaram sob sua blusa, subindo até os s***s. Camila gemeu contra a boca dele. Elliot levou a mão até a nuca dela e a puxou para cima, colocando-a de joelhos no sofá, de costas para ele. — Fica assim. Não se mexe — sussurrou com a voz grave. Ela obedeceu. Ele puxou sua blusa e o sutiã, deixando-a com os s***s à mostra. As mãos dele apertaram as nádegas por cima do short. Um tapa suave fez a pele arder. — Você não tem ideia do que me faz sentir — disse ele, abaixando o short devagar. — Você é fogo. E agora... é meu vício. Camila estava molhada, latejando, exposta ali, ajoelhada de costas, com os s***s balançando a cada respiração. Quando ele a penetrou por trás, devagar e fundo, ela choramingou. — Isso... isso é errado... — Mas tão bom — ele completou, cravando os dedos na cintura dela, aumentando o ritmo, entrando mais forte a cada estocada. — Me diz que quer. Me diz que precisa. Ela gemeu alto, esquecendo de tudo. — Eu quero... eu preciso... E ali, no sofá da sala, entre gemidos abafados e palavras que queimavam mais que o toque, os dois se perderam outra vez. Como se não existisse amanhã. Como se nada tivesse acontecido. Como se aquele fosse o único mundo que importava.
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