Mei observava Sayuri comer com um largo sorriso no rosto. Ela sempre tinha gostado da mulher à sua frente e sabia que ela seria boa para o seu filho. Sayuri seria exatamente o que o seu filho precisava, mesmo que, naquele momento, ele não percebesse isso.
— Agora que já tomaram café da manhã, eu vou indo — diz Mei, levantando-se.
— Vou com você, tia. Preciso voltar para casa — diz Sayuri, levantando-se rapidamente e indo até Mei.
— Não, querida, fique mais um pouco e conversem. Sei que têm muito o que resolver — diz ela, virando-se e partindo antes que Sayuri resolvesse segui-la.
Sayuri observava Mei partir com espanto. Estava louca para ir para casa, e sua chance de escapar tinha acabado de partir sem cerimônia.
— Querendo fugir? — pergunta Hideo, achando divertido o fato de ela querer partir.
— Eu não fujo, querido, mas não tenho mais nada a fazer aqui — responde, sem deixar transparecer o que sentia.
Hideo se levanta e sai da cozinha. Segundos depois, ele volta com uma caixa nas mãos. Sayuri olhava curiosa para a embalagem.
— Primeiro, gostaria de pedir desculpas pelo que disse no seu aniversário. Eu não tinha o direito de julgá-la da forma que fiz. Em segundo lugar, queria agradecer por ter salvado a minha vida. Comprei isso para você, não para compensá-la, Sayuri, mas porque achei que fosse gostar — ele caminha até ela e coloca a caixa em suas mãos.
Sayuri tinha as bochechas levemente ruborizadas com as palavras dele. Não esperava que ele fosse dizer aquilo depois da briga que tiveram. Lentamente, ela abre a caixa, encontrando dentro uma pequena caixinha de joias. Sayuri a abre e suspira com o que vê. Aninhado em um tecido n***o, havia um colar simples de prata com um pingente de flor de cerejeira. Sayuri olhava encantada para o colar.
— É lindo — diz ela, pegando o colar nas mãos. — Coloca em mim?
— Claro — responde Hideo, sorrindo. Pela primeira vez, ele sentia que tinha feito algo bom por Sayuri e se encantava com o sorriso que ela tinha nos lábios.
Hideo pega o colar e, com cuidado, o coloca em seu pescoço. Sayuri se vira para ele, animada, e lhe dá um abraço apertado, agradecendo. Ele fica paralisado por um momento e, então, relaxa, retribuindo o abraço.
— Amei o meu presente, obrigada — diz ela, soltando-o, alheia ao seu estado emocional.
— Fico feliz que tenha gostado — responde ele, um pouco sem graça.
Dando as costas para Hideo, Sayuri começa a sair do apartamento. Quando sua mão alcança a maçaneta da porta, ele a detém.
— Onde vai? — pergunta.
— Para casa — diz ela, dando de ombros.
— Não vou deixar você ir sozinha — diz ele com um suspiro. Se a sua mãe ao menos sonhasse que ele deixou Sayuri voltar sozinha para casa, ele teria muitos problemas.
— Não estou sozinha. Luck já deve estar lá embaixo me esperando — à menção do segurança de Sayuri, os olhos de Hideo se escurecem na mesma hora. Ele não sabia o que estava acontecendo com ele, mas não queria outro homem perto de Sayuri.
— Esquece, eu te levo — diz, pegando suas chaves e puxando-a com ele para o elevador.
Sayuri observava Hideo, pensando no que tinha acontecido com ele para agir daquela forma, mas como ela não o conhecia de verdade, apenas o ignora. Para ela, ele era um grande mistério. Assim que chegam à garagem, o seu segurança corre até ela.
— Bom dia, senhorita — diz ele, fazendo uma pequena reverência.
— Olá, Luck.
— Para onde devo levá-la? — pergunta, de cabeça baixa.
— Você pode voltar. Eu mesmo a levarei para casa — diz Hideo, antes que Sayuri pudesse responder.
— Claro, senhor — diz ele, apenas se afastando para que eles passassem.
— Não precisava ser grosso com ele — diz Sayuri.
— Não fui. Mas já tinha dito que iria te levar — responde apenas.
Sayuri apenas se permite ser guiada pela garagem. Hideo para em frente a um Bugatti La Voiture que fazia seus olhos brilharem. Olhando bem para o carro esportivo à sua frente, Sayuri percebia que ele era a cara de Hideo. Ele abre a porta e espera que ela entre, então ocupa o seu lugar no banco do motorista e deixa o prédio.
Hideo mantinha o olhar fixo na estrada. Ao seu lado, Sayuri o observava com atenção. Estava conhecendo mais sobre ele naqueles dois dias do que nos anos em que sabia que ele tinha sido prometido a ela. Várias vezes, ela se imaginava conhecendo-o, se perguntava como ele seria e do que gostava, mas foi proibida por seu pai de se aproximar dele, já que ele não sabia do compromisso que tinham firmado. Então, Sayuri apenas permanecia à margem, observando-o crescer e se tornar o homem mais c***l e sádico de quem já tinha ouvido falar.
Olhando para Hideo, ela não via nada daquela pessoa que os outros diziam que ele era, e Sayuri se perguntava onde ele escondia o seu lado mais sombrio. O carro para em frente à mansão da família dela, lentamente. Ele desce e abre a porta, estendendo a mão, a qual ela aceita.
— Sayuri? — alguém a chama. Sayuri se vira e os seus olhos se escurecem ao ver de quem se tratava.
— Lyo. O que deseja? — pergunta de forma ríspida. Sayuri odiava a mulher à sua frente e não fazia questão de esconder isso.
— Estava apenas passando por aqui. Não pensei que fosse te ver — diz ela, com os olhos fixos em Hideo, ao lado de Sayuri. — Seu noivo sabe que está saindo com outro?
Sayuri trinca os dentes. Ela podia ver o tom debochado da mulher à sua frente. Lyo adorava jogar na sua cara que o noivo a desprezava.
— Isso não é da sua conta — diz ela, com olhos hostis.
— Fala isso porque todos nós sabemos que ele não quer você — diz, rindo da expressão chateada de Sayuri. — Quem iria querer uma qualquer como você?
Sayuri não viu de onde veio, mas ouviu o som alto e claro. Assustada, olha para o lado a tempo de ver Hideo recolher a mão após o tapa que deu na mulher à sua frente.