Capítulo 117

1027 Words
O médico tinha um semblante cansado, mas determinado. Julia deu um passo à frente, o coração acelerado. As palavras que sairiam da boca dele poderiam ser a solução para os problemas que eles tinham. — E então, doutor? Ela sobreviveu? — pergunta ela. Ele assentiu lentamente, para alívio de todos ali presentes. — Sim… ela sobreviveu. Um suspiro coletivo de alívio tomou conta da equipe, mas a expressão do médico permaneceu grave. — Porém, ela apresenta sinais claros de abuso s****l, perdeu muito sangue… está extremamente debilitada. Há múltiplas marcas de maus-tratos e sinais evidentes de desnutrição. No momento, está inconsciente e, quando acordar, vai precisar de apoio psicológico urgente. O médico não diria a ela o quão graves eram as lacerações na i********e da mulher; ele nem ao menos cogitava pensar em tudo o que ela havia sofrido para chegar àquele estado. Julia fechou os olhos por um segundo, processando o impacto daquelas palavras. Quando abriu, a sua expressão endureceu. — Faça tudo o que puder para garantir que ela fique bem, doutor. Essa mulher é mais do que uma vítima… ela pode ser a chave para desmontar Masato de uma vez por todas. O médico assentiu, retornando para a sala de emergência. Julia se virou para a equipe, os olhos brilhando com uma nova determinação. — Vamos. Preciso encontrar a senhorita Sayuri imediatamente. Ela precisa saber disso. — Para a casa de Hideo? — perguntou Marco. — Acredito que ela ainda esteja lá. Julia confirmou com um gesto rápido. — Sim. A senhorita Sayuri está lá e essa informação pode mudar tudo. Sem perder tempo, a equipe entrou novamente na van. O motor rugiu enquanto cruzavam as ruas escuras e silenciosas da cidade, em direção à casa de Hideo. Dentro da van, o silêncio era cortado apenas pelo som do rádio transmitindo as últimas atualizações da equipe que permanecia vigiando a mansão de Masato. Julia mantinha o olhar fixo no horizonte, os pensamentos acelerados. Aquela mulher havia sobrevivido ao inferno… e agora podia ser a peça que faltava para derrubar um império construído sobre dor e medo. Quando finalmente avistaram a entrada discreta da casa de Hideo, Julia inspirou fundo e murmurou para si mesma: — Agora as coisas vão mudar. Assim que saíram do veículo, foram recebidos por Shiro, que os conduziu rapidamente até Sayuri. O destino daquela mulher, e talvez o de todos eles, agora dependia do que fariam a seguir. — Desculpe interromper, senhorita Sayuri — diz Julia, entrando na sala de jantar e fazendo uma pequena reverência. — Não se desculpe, sei que, para me ver a essa hora, deve ser algo importante — diz Sayuri. Julia observa as pessoas à mesa e se volta novamente para Sayuri. — Preciso falar em particular com a senhorita — diz ela. — Podem usar o escritório — diz Hideo. — Venham comigo, vocês — diz Sayuri aos outros que estavam à mesa. Apenas Mei permanece em seu lugar. Eles caminham em direção ao escritório em silêncio. Assim que todos entram e fecham a porta, Sayuri se vira para Julia. — Pode dizer, Julia. Sei que, se fosse algo menos grave, você teria me ligado. Para vir até aqui, deve ter acontecido algo muito sério — diz Sayuri. Os outros observavam a postura de Sayuri mudar enquanto encarava a mulher e os outros homens à sua frente. Hideo observava com atenção o que acontecia, curioso para conhecer mais da mulher que dividiria a vida com ele. Julia observa os rostos no escritório, em dúvida; ela não sabia o quanto podia revelar na presença de pessoas que não conhecia. — Apenas diga, Julia. Eles são da minha confiança, vão manter o sigilo — diz ela, percebendo a forma como Julia hesitava. — Mantivemos vigilância sobre Masato e Sora, como nos instruiu, e hoje finalmente tivemos uma pista que pode nos ajudar — diz ela em voz baixa. — Uma pista? Que pista? — Ela está sendo tratada agora, senhorita. Acredito que... — Sayuri a interrompe rapidamente. — Como assim “ela”, Julia? — Encontramos um endereço novo que Masato frequenta, um que não está listado entre os que já temos. — Então tinha algo que ainda não sabíamos — diz Sayuri, pensativa. — Ele é realmente esperto. — Quando fomos vistoriar a propriedade, vimos quando uma van partiu com uma mulher. Resolvi segui-la e vimos quando eles descartaram um corpo no beco. Fomos verificar e ela estava viva. Nós a levamos para ser tratada e agora ela está sob vigilância dos nossos — diz Julia, resumindo a história. — Então temos alguém que pode nos ajudar a descobrir mais sobre Masato. É isso? — pergunta Sayuri, com a esperança correndo por suas veias. — É sim, senhorita. Chegamos à conclusão de que ela deve ser de alguma das cargas de Masato. Aquela palavra traz uma nova luz à mente de Sayuri; ela encara Julia com olhos sombrios ao finalmente entender o que ela queria lhe dizer. O rosto de todos escurece no escritório. O clima fica tenso enquanto eles absorvem o que a mulher à sua frente dizia. — Aquele filho da p**a! — diz Hideo, socando a mesa com raiva. — Eu vou me divertir com esse animal quando puser as minhas mãos nele, e garanto que vai ser bem doloroso — diz Matteo, girando um canivete entre os dedos. — Precisamos do depoimento dela, pode ser a chave para o que precisamos — diz Sayuri. — O médico disse que ela está desacordada, senhorita, e que precisará de ajuda psicológica — diz Julia. — Cuide de tudo, Julia. Não quero que falte nada a ela. Precisamos achar um jeito de parar Masato e ela pode ser a chave — diz Sayuri. — Cuidarei de tudo pessoalmente, senhorita. Não se preocupe — diz Julia. — Me mantenha informada, Julia. — Sim, senhorita — diz ela, fazendo uma reverência antes de deixar o escritório. — Masato está passando dos limites. Se ele tinha essa mulher, pode ser que tenha outras — diz Matteo. — Não vejo a hora de usar o meu canivete no couro daquele canalha — diz Vito, com olhos sombrios.
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