Capítulo 89

1010 Words
O silêncio na casa era denso, quase sufocante. A respiração de Masato era irregular enquanto ele limpava, com movimentos lentos e tensos, os vergões ensanguentados que marcavam as suas costas. O tecido molhado ardia ao tocar a pele ferida, e o rangido dos dentes cerrados era a única resposta que ele dava à dor. Haruki havia passado dos limites. A humilhação das chicotadas ainda queimava em sua mente mais do que no corpo. Aquilo não era apenas punição... era uma afronta direta. "Ele me colocou no mesmo nível de um cão... por causa dela," pensou, os olhos fixos no reflexo trêmulo do espelho rachado à sua frente. Sayuri. O nome dela fazia seu sangue ferver. Mas agora... Haruki também estava na mira. Ele havia tomado partido, escolhido proteger uma intrusa em vez de manter os aliados da família acima de tudo. Aquilo, Masato jamais perdoaria. Ainda mais pela forma que tudo tinha acontecido. Um som súbito interrompeu os seus pensamentos. Três batidas fortes e precisas ecoaram pela casa. — Senhor Masato — disse Shun do outro lado da porta —, o senhor tem... visitantes. Masato franziu o cenho. Quem ousaria vir vê-lo naquele momento? Os seus dentes rangiam ao pensar que alguém queria tripudiar sobre as suas dores, isso ele jamais permitiria. — Quem é? — perguntou, a voz seca e carregada de rancor. Shun hesitou por um instante, depois respondeu com voz mais baixa, quase desconfortável: — É... Sora, senhor. Sora... o filho bastardo de Haruki. O mundo pareceu parar por um segundo. Masato não esperava que o bastardo que o tinha chicoteado iria aparecer em sua porta tão rápido. Ele não estava em um bom dia e o bastardo de Haruki corria o risco de perder a cabeça se o afrontasse naquele momento. Os olhos de Masato escureceram, como se a própria sombra tivesse invadido a sua alma. Um sorriso c***l se formou em seus lábios feridos. — É claro que esse i****a viria — murmurou. — Deixe-o entrar. Quero ver com os meus próprios olhos a audácia do bastardo. Com passos lentos e pesados, Masato se dirigiu até o salão principal. Cada movimento doía, mas ele não se importava. A dor agora alimentava o ódio. Quando finalmente avistou Sora à porta, parado com sua expressão calma e postura altiva, o estômago de Masato revirou com repulsa. Ali estava ele. O símbolo vivo da desonra de Haruki. O lembrete de que o sangue da família não era tão puro quanto ele se orgulhava em dizer. Masato apertou os punhos, sentindo o calor do sangue correr entre os dedos. — Que honra inesperada... — disse Masato, com um tom carregado de ironia venenosa. — O bastardo de Haruki vindo até mim... O que o seu pai mandou você fazer agora? Me espiar? Ou veio terminar o trabalho que ele começou? Sora não se intimidou. Deu um passo à frente e respondeu com frieza: — Não vim por ele. E não seja dramático Masato, já está acostumado a minha presença. — Diz ele se jogando no sofá ao lado sem nenhuma preocupação — Sim, mas não sei se reparou, mas minha casa não é o lugar ideal para conversarmos certos assuntos. — Diz Masato enquanto se servia de uma bebida. — Podemos ver as suas borboletas. — Diz ele com um sorriso de canto. — Vou adorar os carinhos da sua Bruxa. Masato sorri com as palavras de Sora. Ele poderia ter uma aparência jovem, mas sua mente estava a anos luz de sua idade, algo que Haruki nem ao menos sonhava. — Talvez outra hora, hoje não estou no clima para isso. — Diz ele. — Espero que não tenha pegado pesado com você. — Diz ele de forma sugestiva. — Pode dizer que gostou disso seu filho da p**a. — Diz Masato com os dentes trincados. — Ah! Eu gostei, e muito. — Diz rindo da cara dele. — Acho que não veio até aqui para ver a minha miséria. — Diz Masato mudando de assunto. — O que quer Sora? — Olha! Cuidado com suas palavras Masato, ou se esqueceu de quem te colocou onde está? — Pergunta ele com um sorriso de canto. — Se não fosse por mim, você seria apenas mais um ninguém caído em um canto por ai, mas eu te transformei no que você é hoje. Sora tinha ajudado Masato a se livrar de alguns dos aliados do seu pai. Com as informações que Sora roubava de Haruki, Masato conseguiu se firmar como um dos aliados mais importantes de seu pai. — Se veio para jogar isso na minha cara pode voltar, a menos que você queira que o seu amado pai saiba que o filhinho indefesso dele não é tão indefesso assim. — Diz ele rindo quando a expressão de Sora muda. — Você é um bom jogador Masato, gosto disso. — Responde ele relaxando em seu lugar. — Tenho algo em mente e desejo a sua ajuda. As palavras de Sora acendem um alerta em Masato, ele podia ver que o homem a sua frente estava tramando algo, o que ele esperava era que ele não estivesse na lista dele. — O que quer fazer? — Pergunta. — Só tem uma forma para que meu pai me escolha como o seu herdeiro. — Diz ele com um sorriso sombrio em seu rosto, os seus olhos destilando veneno. — Preciso eliminar Hideo. Aquelas palavras não surpreendiam Masato, na verdade, ele se perguntava como o homem a sua frente não havia feito aquilo antes. Sora sempre tinha odiado seu irmão e seu pai também, e não seria nenhuma surpresa para ele se Sora se livrasse do velho Haruki mais a frente. — Isso não é assunto para esse lugar, e você sabe disso. — Responde ele. — Sei, mas não conseguia me conter, precisa me ajudar com isso. Sei que você também odeia Hideo, nós dois sairemos ganhando nisso. — Diz ele. — Eu vou te ajudar Sora, mas pelo preço certo. — Responde Masato com um sorriso no rosto.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD