Capítulo 40

1030 Words
Hideo caminhava lentamente em direção à saída com a sua mala. O encontro entre eles tinha sido revigorante e ele se arrependia por ter que partir tão cedo. Voltar para casa, para ele, era sempre um tormento. — Sabe que pode ficar um pouco mais, não é mesmo? — diz Ricardo assim que ele abre a porta. — Sei, mas preciso resolver algumas coisas em casa. — Sayuri? — pergunta Ricardo com um sorriso no rosto. — Podia ter me ajudado com isso. — Ricardo ri das palavras de Hideo. — Podia, e foi isso que eu fiz — diz, se aproximando dele e colocando a mão no seu ombro. — Espero que enxergue o tesouro que tem antes de perdê-lo, meu amigo. — Do que você... — Faça uma boa viagem — diz Ricardo, se afastando antes que ele completasse a frase. — Para um futuro Don, às vezes você é bem lento, Hideo — diz Jin, passando por ele, rindo. O voo até o Japão havia sido cansativo, e tudo o que Hideo não queria era mais um problema em sua vida. Mas, quando ele desce do jato e encontra o seu pai o aguardando, ele apenas suspira, pensando no que viria. Hideo caminha até o pai a passos lentos. O rosto de Haruki era sombrio ao observar o filho se aproximar. Quando Hideo para em frente ao pai, o som alto de um estalo enche o lugar quando Haruki dá um forte tapa na cara do filho. Hideo observa o pai com ódio nos olhos, os punhos cerrados. Ao seu lado, Jin se aproxima e entra em sua frente. — Enquanto eu estiver aqui, você não toca nele — diz, sustentando os olhos sombrios de Haruki. — Se ele cumprisse com as suas obrigações, eu não precisaria discipliná-lo — responde Haruki, sem se intimidar com o olhar de Jin. Hideo suspira, deixando parte da sua raiva se dissipar. Ele puxa Jin para o lado e encara o pai à sua frente. — Me explique o que houve — pede Hideo, a contragosto. — Recebi um vídeo interessante de Yuki Matsumoto. Ao que parece, a sua noiva estava sendo difamada em uma boate por sua causa. Tem noção dos problemas que está me causando? — diz Haruki, zangado. O coração de Hideo dispara ao ouvir aquilo, a culpa o corroendo ao pensar em tudo o que estava causando a Sayuri. — Me mande o vídeo, vou cuidar disso — diz ele. — Não precisa. O senhor Matsumoto em pessoa lidou com a situação — Haruki pega o celular, abre e mostra a Hideo o vídeo em que Kyota lida com os homens da boate. Os olhos de Hideo se arregalam ao ver a brutalidade das cenas à sua frente. — c*****o! — exclama Jin ao lado de Hideo. — Ele fez questão de me mandar uma mensagem dizendo que lidaria pessoalmente com você, meu filho, quando chegasse a hora — Haruki tentava a todo custo evitar uma guerra, mas a cada novo insulto que Sayuri recebia, ele se via mais distante do que desejava. Se aquilo não fosse resolvido cedo, em breve eles teriam uma guerra entre as suas famílias. — Vou cuidar disso, pai — diz ele. — Faça isso o mais rápido possível — diz Haruki, virando as costas e saindo. Jin observava o olhar perdido do amigo com pesar. Ele não desejava vê-lo daquela forma, mas entendia que não poderia fazer muita coisa sobre aquilo. — Vamos — diz Hideo, seguindo para o carro. Assim que entra no seu apartamento, vai direto para o banheiro, toma um banho rápido e veste os seus trajes típicos. Ele precisava ir até a família de Sayuri para resolver aquela situação de uma vez por todas. — Vai sair? — pergunta Jin ao vê-lo vestido. — Vou resolver logo essa situação — diz ele, pegando uma maleta e saindo. Jin se levanta do sofá, corre e o acompanha. O caminho até a casa dos Matsumoto foi feito em silêncio. Hideo remoía o que tinha visto e o seu coração não o deixaria em paz até resolver tudo aquilo. E, já que o seu pai se recusava a ajudá-lo, ele cuidaria daquilo pessoalmente. Assim que os soldados da família Matsumoto reconhecem o carro de Hideo, abrem os portões rapidamente. Hideo desce do carro e caminha em direção à porta de entrada. — Bem-vindo, jovem Shinoda. O senhor Kyota o aguarda — diz o mordomo, fazendo um sinal para que o seguissem. No momento em que entra na sala, Hideo encontra Kyota e Hana esperando sentados no sofá. — Obrigado por me receber — diz ele, fazendo uma reverência. — Sua presença em minha casa não é bem-vinda, rapaz, mas vou abrir uma exceção já que a minha querida esposa intercedeu a seu favor — diz ele, segurando a mão de Hana. — Obrigado por seu apoio, senhora Hana — diz ele, fazendo outra reverência. — Não confunda as coisas, Hideo. Apenas pensei que você merecia ser ouvido — diz ela, com olhos firmes, observando-o. — Mesmo assim, eu sou grato. — Sentem-se. Vamos ouvi-lo — diz Kyota, apontando para o sofá à sua frente. Hideo e Jin se sentam sob os olhos atentos dos Matsumoto. — O que deseja, rapaz? — O que tenho para tratar com vocês não é fácil, mas é necessário — começa ele, puxando uma lufada de ar. — Quero romper o meu compromisso com Sayuri. O coração de Kyota erra uma batida com as palavras de Hideo, e suas mãos se fecham em punho. Era como se Hideo risse da cara deles e da situação em que estavam. — Como você se atreve! — grita Kyota, levantando-se num pulo. Ao seu lado, Hana se levanta, pegando em sua mão. — Se acalme, querido. Deixe que ele fale — pede ela, de forma desesperada. — Me acalmar? Eu quero matá-lo! Acho que ele ainda não entendeu tudo o que causou à nossa família! — esbraveja, sentando-se novamente. — Eu sei o que fiz e me envergonho profundamente — diz, com a cabeça baixa. — Vergonha? Você não sabe o que é vergonha! — diz Kyota, furioso.
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