O carro avançava em alta velocidade pelas ruas de Tóquio. Os prédios altos se erguiam indiferentes ao desespero que se desenrolava dentro do veículo.
Yuki estava ao volante. O rosto sério, os olhos fixos na estrada, os dedos tensos no volante. Desde que ajudara Mei a entrar no carro, não dissera mais uma palavra. Sentia no fundo do peito que havia algo terrivelmente errado. O silêncio de Mei, entrecortado por soluços abafados, dizia mais que qualquer explicação.
“Ele está em perigo...”, era tudo o que ela dissera antes de entrarem no carro.
Yuki acelerou, ignorando semáforos e buzinadas, sentindo o peso da responsabilidade crescer a cada quilômetro.
Ao chegarem ao prédio onde Ricardo e os membros da Fênix estavam, o segurança à entrada m*l teve tempo de reagir. Yuki saltou do carro e abriu a porta para Mei, ajudando-a a descer. Mesmo exausta e ferida, ela caminhava com determinação pelo saguão até o elevador.
Lá em cima, no último andar, a porta se abriu para um apartamento espaçoso. O ambiente estava tranquilo, alguns membros da Fênix conversavam com Ricardo na sala. A presença de Mei naquela condição quebrou a atmosfera num instante.
Todos se levantaram, chocados com a figura que adentrava o local — o rosto pálido e inchado de choro, os pés ensanguentados, o quimono manchado.
— Quem é Ricardo? — perguntou Mei com a voz trêmula, olhando para todos.
Ricardo, que estava de pé junto à janela, deu um passo à frente.
— Sou eu. — respondeu com voz firme, os olhos já avaliando a gravidade da situação diante dele.
Mal o viu, Mei caiu de joelhos aos seus pés, agarrando a sua perna com força, a cabeça baixa.
— Por favor... por tudo o que for sagrado... salve meu filho! Salve o Hideo!
O silêncio se instalou como uma sentença. Todos pararam, boquiabertos.
— Tia Mei?! — a voz de Sayuri rompeu o torpor enquanto ela corria do corredor, os olhos arregalados ao ver a mulher caída aos pés de Ricardo. — O que aconteceu?! Tia, o que está acontecendo?!
Mei ergueu o rosto coberto de lágrimas para Sayuri. Ela podia ver o quanto a sua nora estava preocupada com ela e já imaginava a situação lamentável em que estava.
— Ele o trancou no galpão... Haruki... ele mandou puni-lo de novo. Mas desta vez... eu vi nos olhos dele, Sayuri... desta vez ele quer quebrar o meu filho! Ele quer apagar o Hideo que conhecemos!
— O QUÊ?! — gritou Sayuri, sentindo o chão sumir sob os pés. — Não... não! Ele não pode...
Ricardo a ajudou a se levantar com cuidado, a expressão dele endurecendo a cada palavra de Mei. Ele sabia das dificuldades que Hideo enfrentava com o pai, sempre soube, mas seu amigo era teimoso e tinha se recusado a aceitar a sua ajuda, mas aquilo acabava naquele instante.
— Onde ele está? — perguntou, a voz baixa, mas carregada de fúria contida.
— Na mansão... no galpão nos fundos. Ele foi arrastado pra lá... o Shiro tentou impedir, mas... ninguém mais teve coragem. — Mei soluçava, mas se mantinha de pé, com os olhos nos de Ricardo. — Eu já vi o que o meu marido é capaz de fazer. Mas desta vez, Ricardo... desta vez ele vai longe demais. Ele vai destruir o meu menino.
Ricardo fechou os olhos por um instante. Quando os abriu novamente, havia fogo ali. Hideo era da sua familia e na Fênix eles protegiam a familia.
Virou-se para seus homens:
— Todos, armados e prontos em cinco minutos. Saímos imediatamente. — Diz ele dando as costas e indo até a cozinha abrindo algumas malas sobre a mesa. Mei suspira ao ver a quantidade de armas que tinha ali.
— Ricardo, estamos invadindo território dos Shinoda. — alertou Charles, hesitante. Ricardo presava por suas alianças e ele sabia que o seu chefe estaria em problemas ao fazer aquilo.
— Eu respondo por isso. Se Haruki quer brincar de chefe, então vai aprender o que acontece quando toca no que é nosso. Hideo é filho dele, mas também é da nossa família. Eu não vou deixar aquele rapaz sofrer mais um minuto sequer nas mãos de um monstro. — respondeu Ricardo com voz de aço.
— Estamos com você Ricardo, o j**a não pode fiar mais lá. — Diz Aurélio pegando algumas armas da mesa.
Yuki já se preparava, pegando o casaco e as chaves.
Sayuri segurou a mão de Mei, com os olhos cheios de lágrimas.
— Ele vai ficar bem... nós vamos buscá-lo, Tia Mei.
Mei apenas assentiu, deixando-se cair nos braços de Sayuri por um momento. O seu corpo tremia, mas seu coração agora carregava uma tênue esperança.
Ricardo já caminhava até a porta, os olhos fixos na missão.
— Ninguém machuca um dos meus enquanto eu estiver respirando. Vamos buscá-lo.
— Vou pedir para um dos saldados te levaram de volta senhora Shinoda. A minha mãe ira cuidar da senhora até retornarmos. — Diz Yuki.
— Não! Eu quero ir junto eu...
— Vamos cuidar dele Tia Mei, mas você também precisa de ajuda. Apenas confie em nós. — Diz Sayuri dando um beijo em sua testa e a sentando no sofá.
— Ninguém fará mais m*l a ele senhora, pode apostar nisso. — Diz Síria passando por ela.
— Vamos pessoal temos um amigo para resgatar. — Diz Nico animado.
Eles deixam Mei no apartamento e um a um deixam o lugar. Tinham uma missão pela frente e não parariam até ter Hideo de volta em segurança.
Ricardo remoía tudo o que estava acontecendo no caminha até onde Hideo estava, ele tentava entender como as coisas tinham chegado aquele ponto, mas sabia que o único que poderia responder aquela pergunta era Hideo.
— Merda! Aquele j**a teimoso! — Diz Aurélio praguejando ao lado de Ricardo.
— Você sabe que ele odeia que nos metemos nos seus problemas Aurélio, e sempre respeitamos isso. — Diz Klaus.
— Sim, mas olho onde ele está agora. — Diz Aurélio inconformado.