Matteo estava deitado na cama de Sayuri de forma relaxada, com os braços atrás da cabeça, enquanto a observava se arrumar na penteadeira.
Ele ria ao pensar em como aquilo era engraçado. Hyota confiava muito nele para permitir que ficasse no quarto da sua filha daquela forma.
— Você me enrolou ontem, princesa — diz ele, observando-a de forma despreocupada. — O que deseja de mim?
Sayuri se vira para ele e sorri com a sua pergunta. Matteo nunca foi um cara paciente e ela gostava de brincar com ele sobre isso.
— Como estou, Matteo? — pergunta ela, levantando-se e dando uma volta diante dele. Sayuri usava um vestido preto colado ao corpo, de mangas compridas, com um vinco profundo nas costas. Os seus pés ostentavam sandálias da última coleção daquele ano; em seu pescoço, reluzia um colar de diamantes, e nas orelhas, brincos que completavam o conjunto.
Os olhos de Matteo deslizaram pelo corpo de Sayuri lentamente. Eles podiam ser amigos, mas ele jamais deixaria de apreciar o quão linda ela era. Podia ver nos olhos castanhos dela um brilho que conhecia bem e sabia que aquilo o levaria a muitos problemas.
— Se não fosse comprometida, eu pediria a sua mão aos seus pais. Aquele Shinoda é um grande i****a por não aceitá-la — diz ele, levantando-se da cama com um bufo irritado.
— É por isso que está aqui, Matteo — diz ela, chamando a sua atenção.
— O que quer dizer? — pergunta ele, arqueando a sobrancelha.
— Quero que você finja que temos algo. Quero que me trate como a sua namorada e que esfregue isso na cara de Hideo — diz ela, com um sorriso de canto.
Matteo primeiro fica estático; depois, um sorriso sombrio se abre no seu rosto enquanto ele vai até Sayuri e pega a sua mão com delicadeza, depositando nela um beijo.
— Não se preocupe, meu amor. Não terá um namorado mais dedicado e apaixonado do que eu — Matteo gostava daquele plano da pequena à sua frente e sabia que iria se divertir muito com aquilo. — Por onde começamos?
— Vamos ao shopping. É lá que as fofoqueiras das organizações ficam. Tenho certeza de que em menos de dez minutos todos saberão sobre nós.
Matteo se curva, rindo da ideia da sua amiga. Sayuri era realmente muito perspicaz e esperta.
— Então vamos. Não quero perder a chance de irritar o Shinoda ainda hoje — diz ele, oferecendo o braço a Sayuri.
Sayuri entra no carro com Matteo, animada. Planejava dar um duro golpe em Hideo e não conseguiria fazer isso sem a ajuda de Matteo. Tinha sido branda com ele, mas sua paciência havia acabado; estava na hora de pegar mais firme com o seu noivo.
No momento em que entram no shopping, Sayuri vê algumas pessoas que a conhecem olhando curiosas para ela, e, querendo dar margem às conversas que surgiriam, caminha até elas de forma animada.
— Senhorita Matsumoto, que bom vê-la — diz uma mulher, examinando atentamente Matteo, que estava agarrado à mão de Sayuri sem nenhuma preocupação.
— Olá, Sabrina. Faz tempo que não nos vemos, é bom revê-la — diz ela, puxando assunto, mas não havia passado despercebido o modo como a mulher olhava para seu amigo.
— E o senhor? — pergunta Sabrina, curiosa.
— Sou Matteo Ramiro — diz ele com um aceno de cabeça. Os olhos da mulher se arregalam e, de forma involuntária, ela dá um passo para trás, o que faz Matteo rir. Ele gostava de ver o horror no rosto das pessoas quando o olhavam.
— Você...
— É um amigo meu — diz Sayuri, sorrindo.
— Sabe que isso não é verdade, meu amor — diz ele, dando um beijo no pescoço de Sayuri, fazendo a mulher arregalar ainda mais os olhos. — Sou o futuro marido dela.
— Marido! — exclama ela, em choque.
— Matteo! — diz Sayuri, fingindo estar brava.
— Sabe que não ligo para isso, amor, e em breve todos saberão mesmo — diz, dando de ombros.
— Não ligue para ele, Sabrina. Matteo é... impulsivo — diz ela, sorrindo.
— Tudo bem — diz a mulher, ainda chocada.
— Vamos, querida, precisamos escolher o seu anel de noivado, e espero que eles tenham diamantes adequados para você. Caso contrário, não vão gostar de me ver de mau humor — diz ele, puxando Sayuri consigo. Ela apenas acena para a mulher enquanto se deixa ser arrastada.
Quando já estavam longe de Sabrina, Sayuri olha para Matteo e começa a rir.
— Eu sei, sou um ótimo ator — diz ele, piscando para ela enquanto passa o braço por seus ombros e a leva até uma loja de joias.
— O que está fazendo? — pergunta ela, surpresa.
— Deixando a sua história ainda mais emocionante — responde ele com um sorriso brincalhão, entrando na loja.
— Bom dia, como podemos ajudá-los? — pergunta uma atendente, aproximando-se deles.
— Quero ver os seus anéis de noivado, os mais caros e exclusivos que tiverem na loja — diz, com um olhar mais sério. A mulher rapidamente se afasta, deixando-os por alguns segundos, antes de voltar com os braços cheios de caixas, que abre sobre a mesa.
— Esses são todos exclusivos, senhor. São os mais caros da nossa loja, podendo chegar a milhões — diz a mulher, animada.
Matteo bufa ao olhar para os anéis diante de si. Ele se volta para a mulher com olhos sombrios e a vê recuar rapidamente diante de seu olhar.
— Minha futura esposa não é qualquer uma para usar essas coisas — diz ele com desdém.
— Matteo... — diz Sayuri, tocando o seu braço.
— É a verdade, meu amor. A futura dama da máfia mexicana precisa de algo à altura, e não joias como essas. Esses diamantes são apenas trocados perto do que eu desejo te dar — diz ele, envolvendo-a em seus braços e dando um beijo em sua bochecha.
— Podemos comprar em outro lugar. Não quero que se estresse por pouca coisa — diz ela, segurando o rosto dele entre as mãos. Ao redor deles, as pessoas olhavam, chocadas, para o comportamento de Sayuri. Ela sorria por dentro ao ver que o seu plano estava dando certo.