Prólogo

475 Words
Helena era uma jovem camponesa, cresceu afastada da cidade, com poucos amigos e acostumada com uma vida simples. Órfã de pai, desde pequena ela aprendeu a ajudar sua mãe com o trabalho, elas cuidavam dos animais, acordavam cedo para regar a plantação e no cair da noite, estavam exaustas. Sua mãe Catarina era uma mulher robusta, com mãos gordas e calejadas, exibia um rosto redondo, o suor já lhe fazia parte da face e suas feições gastas pelo árduo trabalho escondiam um coração de ouro. As duas pouco falavam uma com a outra, o silêncio e o cansaço sempre ocupavam a maior parte do tempo, mas, ao final do dia sentavam-se ao lado do pequeno fogão aquecido a lenha e bebiam uma boa xicara de leite quente antes de dormir. O calor da bebida e a presença da mãe pareciam preencher por um momento o vazio que existia em Helena. Todo dia era a mesma coisa, a rotina era tão monótona, que os dias pareciam atemporais, já não fazia sentido medir o tempo, pois, este parecia eterno e era seu maior inimigo. A alegria da menina era pura e leve, as coisas mais simples a faziam feliz. Helena adorava o céu. Ela costumava a acordar antes mesmo de sua mãe, e pé por pé corria para o lado de fora. Sentia seus pés descalços tocarem a terra úmida, o vento soprar seu longo cabelo castanho, a brisa envolver seu corpo e então ela admirava o céu, aquela imensidão toda fazia com que ela se sentisse pequena e viva, era incrível. Com o passar dos anos a velha casa sem vida e a convivência com sua mãe não eram o suficiente, ela queria ir além, precisava ver o que existia além dos pés de macieira que via da janela de sua casa. Todas as suas manhãs eram iguais, o céu era o seu santuário, mas, numa manhã nublada enquanto descia os degraus da velha casa sem cor e sentir seus dedos tocarem o chão Helena viu um vulto atrás do campo de árvores. Naquele momento o céu pareceu pequeno, ela sabia que devia existir algo além daquele bosque e essa era a sua chance. Sem ao menos notar o que estava acontecendo ela saiu correndo, seus pés descalços pareciam devorar cada centímetro de terra. O vento soprou forte e tocou seu rosto, ela sorriu, mas não parou para perceber como seus pés delicados e braços finos estavam escorrendo sangue. Tudo ficou escuro. Helena não lembrava ao certo a sensação de um corpo dolorido, ficou feliz ao abrir os olhos e reconhecer a imagem ao seu lado, ainda que não pudesse pronunciar qualquer palavra. O que sua mãe faria para salva-la? Seria capaz de roubar aquilo que era mais precioso para a garota? O tempo... Helena é uma história repleta de misticismo, romance e emoções.
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