O vento frio adentrava pelas grandes frestas que existiam nas paredes, a casa com pouca luz agora parecia gélida demais. Estava difícil dormir, Helena abraçava sua pequena e fina coberta tentando se aquecer, como se o frio já não houvesse lhe roubado boa parte do sono, sua mãe roncava alto.
Enquanto o sono não vinha, Helena perdia-se em seus devaneios, lembrava um pouco de seu pai, ainda que as memórias viessem aos poucos e por pedaços incompletos, ela sentia falta de alguém que pouco lembrava, gostava de imaginar como eram seus abraços aconchegantes, as xícaras de leite quente na cama de das boas histórias que ouvia atentamente antes de dormir, mas, isso era passado, tudo o que ela sabia era que agora precisava dormir, teria um dia cheio e cansativo amanhã.
A luz do Sol invadiu o pequeno cômodo e um pequeno feixe tocou seu rosto, era um pedacinho quente e acolhedor, seu corpo estava agora parecia um pequeno ninho quentinho e a cama dura parecia prende-la, relutante ela abriu os olhos e esperou que se adaptassem com a luz, levantou e tocou seus pés delicados no chão frio e bruto. Helena tinha apenas um par de sapatos tão gastos que m*l cobriam seus pequenos dedos que combinavam com o seu vestido um pouco desbotado, mas, que caia levemente em seu corpo, elevando ainda mais a sua beleza.
Ela parou por um momento e observou a mãe ainda num sono profundo, Catarina conseguia estar carrancuda mesmo dormindo, Helena sorriu e mesmo que soubesse que nada acordaria sua mãe a garota seguiu por passos lentos e pé por pé seguiu até a porta, desceu as escadas e sentiu seus pés descalços tocarem a terra úmida. Ela parou por um instante e absorveu a sensação, fechou seus pequenos dedos e tirou um pouco de terra com eles, saiu a caminhar pelo campo em a sua casa.
Nenhum dia era como o outro, Helena conseguia ver o mundo com olhos intensos, sentia vibrar dentro de si a imensidão do céu azul, este que por sinal ela amava. Girava mais e mais pelo campo, deixava seu cabelo balançar, ela queria abraçar o vento, admirava o céu e sentia-se pequena perto de toda aquela beleza, m*l ela sabia que o céu é quem devia ficar admirado.
Perdida em sensações algo a fez acordar:
- Helena!
Pronto, sua mãe havia acordado, agora começariam tudo outra vez.