Capítulo III

260 Words
Não eram somente as flores que estavam murchando. O estado de saúde do pai de Helena havia piorado consideravelmente, as flores que antes decoravam o jardim deram espaço para pedregulhos. E o velho balanço na árvore que outrora ocupava seus dias, estava abandonado e empoeirado. A ida até a cidade se tornou um sonho distante, e olhando pela janela aguardava o retorno de sua mãe. Catarina havia ido vender queijos e leite na vila mais próxima e Helena estava comprometida a cuidar de seu pai e manter a casa aquecida com o fogão a lenha aceso, estava frio lá fora e o ar gélido dava a sensação de que as coisas só piorariam dali para frente. - Helena... - Helena, venha até aqui. Seu pai a chamou com a voz rouca e quase inaudível. A menina correu até bem perto da cama e sentiu seu pai tocar a mão áspera e fria em seu braço. Foi seu último toque. O desespero tomou conta do momento e o silencio foi ensurdecedor. Ela queria gritar, queria correr, pedir ajuda, mas, não foi capaz. Abraçou seu pai como nunca fizera anteriormente, deixou que as lágrimas corressem mesmo que silenciosas e esperou que aquele momento não fosse real. Embora numa vida simples e humilde, Helena nunca havia provado o amargo da decepção e o sabor da tristeza, seu coração estava em pedaços. Foi a primeira vez que sentiu raiva e impotência, esses sentimentos eram confusos para ela, foi intenso e derrubou cada pedacinho seu. Deixou que esses pedaços se esvaíssem em meio aos prantos e adormeceu.
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