Liesl estava dando os toques finais em uma peça que estava restaurando para Janka na galeria quando seu telefone tocou. Ela anotou o número e sorriu. Ela realmente estava começando a gostar quando ele se aproximou. Ela se preparou para a maneira como os arrepios percorreriam sua pele quando ele dissesse seu nome.
"Boa tarde, Isaias."
"Boa tarde, Liesl. Como você está hoje?"
"Bem, tenho trabalhado em uma peça de restauração há dois meses e finalmente terminei."
"Restauração?"
"Sim. Os clientes trazem pinturas de Janka que foram danificadas ao longo do tempo e as restauramos. É um dos serviços que ela oferece na galeria."
"Muito legal. Temos algo em comum então. Eu gosto de restaurar casas antigas. Você gosta de restaurar pinturas antigas."
Ela sorriu, "você gosta de restaurar casas antigas?"
"Com certeza. Comecei nesse negócio comprando casas para revender. Prefiro consertar do que destruir."
"Uau. Eu não sabia disso." Ela admitiu enquanto colocava seus pincéis na solução de limpeza. "Eu deveria ter procurado informações sobre você."
Ele riu de seu comentário. "Não precisa disso. Sou um livro aberto. Me pergunte qualquer coisa e eu te contarei."
"Vou começar com uma pergunta fácil. Por que você está me ligando?"
Ele estava rindo verdadeiramente agora e Liesl considerou que seu riso era quente e reconfortante para ela. Ela conseguia imaginar seus olhos escuros como os tinha visto na sexta-feira à noite brilhando com curiosidade.
"Estou ligando para agradecer pela dica. Eu fiz bom uso das informações que recebi. Se você tiver informações adicionais, adoraria fazer mais negócios."
"É mesmo?"
"Sim," ele riu.
"Você está ocupado?" Ela perguntou subitamente se sentindo corajosa. Depois de falar com ele por telefone nos últimos dias, ela queria vê-lo pessoalmente para ver se sua memória estava falha ou se ele era realmente tão lindo quanto ela se lembrava.
"Eu sempre estou ocupado, mas se você está me perguntando se tenho tempo para te ver, então tenho. Você está me chamando para sair?"
Seu sorriso ficou banguela com suas palavras. "Há uma cafeteria a cerca de um quarteirão da galeria e eles têm bebidas extravagantes. Se você estiver lá no mesmo horário em que eu estiver, posso ter um pen drive no meu bolso que eu trocaria por uma ótima xícara de café. Eu quero uma bem grande com bastante chantilly."
"Você me daria informações por uma simples xícara de café?"
"Sou uma mulher simples, Isaias. Fácil de agradar. Se você usar as informações adequadamente, é quase pagamento suficiente. Quase. Eu preciso de cafeína."
"Trinta minutos?"
"Ótimo." Ela disse a ele o nome da cafeteria e depois encerrou a ligação. Ela olhou para cima e viu Janka encostada na parede, os braços cruzados e um sorriso largo. "O que foi?"
"Você gosta dele."
Ela não pôde negar. "Ele me ligou ontem à noite e conversamos por uma hora sobre a casa. Ele me perguntava se eu tinha certeza absoluta sobre minha vontade de demolir. Ele disse que é uma decisão muito definitiva e que uma vez iniciada, não pode ser desfeita. Ele já obteve todas as permissões. Ele desligou o gás e desconectou a água. Ele já removeu todas as coisas que achou que poderia revender. Aparentemente, o mármore no banheiro principal estava em ótimas condições, então ele o removeu completamente. Ele disse que o interior da casa está quase só nas vigas agora."
"Como você se sente em relação a isso?"
Ela mostrou seu telefone, "minha irmã está em lua de mel. Eles estão no resort em Barbados onde Merlin me levou para nossa lua de mel. Em vez de fazer o que as pessoas normais fazem em uma lua de mel, ela tem se ocupado em me enviar cem mensagens por dia me dizendo o quanto ela está com raiva de mim por boicotar o casamento dela e como eu preciso me redimir com ela dando a minha casa para ela."
"v***a!" Janka resmungou com raiva. "Eu realmente quero dar um tapa nela."
"Não é tão r**m como Merlin me mandando uma mensagem ontem para me lembrar de como eu costumava imaginar nossos filhos brincando nos raios de sol no saguão e como ele quer manter esse sonho vivo permitindo que meu sobrinho cresça em uma casa luminosa." Ela fez uma careta com a raiva que sentia ainda. Já fazia um mês. Ela não deveria sentir tanta raiva ainda, e provavelmente não sentiria se eles simplesmente seguissem em frente com suas vidas e a deixassem em paz. Ela os odiava. "O nível de chantagem emocional dele está no mesmo nível do dela."
"Você sabe que nunca gostamos dele, né?" A voz de Janka era condescendente.
Ela riu do comentário de Janka. "Sim, você e Elsie deixaram bem claro, fingiram porque eu o amava."
"De qualquer forma, quando contei a Isaias o que eles estavam me mandando por mensagem enquanto estavam em lua de mel, a pergunta dele para mim foi por que eles estavam me mandando mensagem sobre uma casa quando deveriam estar transando muito em lua de mel. Ele então começou a fazer piadas sobre como Merlin provavelmente estava ocupado contando os grãos de areia grudados em sua pele para realmente aproveitar a praia, o que era bem verdade. Ele também acertou em cheio ao dizer que Sandy provavelmente estava infernizando a vida da equipe de limpeza. Ele me fez rir tanto que m*l conseguia respirar, Janka. Ele faz os comentários mais inapropriados, e eles me fazem rir."
"Mesmo?"
"Ele até comentou que a lua de mel deles deve ser entediante e chata. Ele disse que já encontrou o Merlin várias vezes e sempre assumiu que a esposa dele era uma boneca inflável, e ficou muito feliz de me ver escapar de seu cativeiro. Ele me disse que não conseguia nem imaginar uma mulher como eu com um homem como ele."
"Ele também gosta de você. Quanto você conversou com ele?"
Ela torceu os lábios. "Ele me ligou na sexta à noite, no sábado à noite, no domingo à noite e na noite passada."
"A única noite em que vocês não conversaram foi na segunda-feira?"
"Nós trocamos mensagens de texto na segunda-feira. Ele estava fora do país, mas me mandou mensagens."
"Liesl! Por que só estou descobrindo isso agora?"
"Não sei. Mas vou encontrá-lo para tomar café em troca de um pen drive."
"Você deveria dizer a ele que o próximo pen drive será trocado por orgasmos."
"Eu não devo!" Ela corou intensamente.
"Com certeza você deve." Janka sorriu, "e não me diga que você não considerou isso. Ele é lindo. Ficamos admirando-o por meia hora na sexta-feira à noite, da cozinha do Mara. Ele é a definição de alto, moreno e bonito, e é o oposto exato do seu ex, um troll loiro de olhos pequenos e pele pálida."
"Sabe, você realmente deveria ter me dito o quanto odiava ele. Talvez eu o tivesse olhado com um olhar mais atento."
"Você estava feliz." Janka deu de ombros. "Quero dizer, de uma forma condicionada, lavagem cerebral, mas você estava feliz. Liesl, algumas mulheres são felizes sendo donas de casa, e se era seu sonho estar com ele de acordo com a forma refinada e culta que ele exigia que você se comportasse, então não íamos destruir o sonho. No entanto, devo dizer que ouvir você soltando palavrões e usando blusas e saias coloridas novamente, como na maior parte de nossas vidas, me deixa infinitamente feliz. Parece que você encontrou o caminho de volta para a Liesl que conhecíamos e amávamos. Você mudou por ele, e não estou dizendo que foi algo r**m. Apenas estou dizendo que, por mais que eu te ame, amo essa versão de você ainda mais".
Ela ficou quieta enquanto considerava as palavras de sua amiga. "Sabe, eu também gosto mais dessa versão. Minha arte parece ter voltado à vida. Queria que ainda não doesse tanto. Já se passaram seis semanas, e teve uma noite na semana passada em que acordei no meio da noite e estiquei a mão para ele. Tive que sair da cama e dormir no sofá porque doía. Estou feliz por estar fora de casa agora. Acho que era uma grande parte da minha dor. Só quero vê-la destruída até o chão."
"Bem, se você vai encontrar um bilionário bonitão para tomar café, limpe a mancha de tinta da sua bochecha e se mexa." Janka jogou um pano para ela. "E sério, ofereça sexo pelo próximo pen drive. Faça a chantagem valer a pena."
Ela riu enquanto ia para o banheiro se limpar, estranhamente se perguntando o que ele diria se ela propusesse algo assim. Ela estremeceu ao considerar todas as possibilidades.