O Duque.

1130 Words
Romênia. 1920. Astryd entrou no bar acompanhada de seu noivo, Seth Dimitri, encantada com o ambiente que a cercava. Seu vestido longo e branco, cheio de franjas e um decote elegante - que parecia exagerado pelos s***s fartos - quase escondiam a inocência, que os olhos esverdeados transbordavam. As luvas longas da cor do vestido e a tiara de joias na cabeça, entregavam a riqueza herdada por gerações. A garota de cabelos negros seguiu seu noivo até uma das mesas do bar para assistir ao show da cantora da noite, a sensual e devassa, Eleanor. Sua apresentação era acompanhada por uma banda com alguns músicos, mesmo que ela fosse a atração - e o prato principal - da maioria dos demônios e almas condenadas do bar. Eu sabia que Astryd não frequentava bares como aquele. Daemonum não era um ambiente adequado para jovens garotas da alta sociedade, principalmente as noivas, que tinham um futuro afortunado pela frente. Sua reputação intacta era quase tão preciosa quanto as joias que usava. Tive minha atenção presa na garota desde que passara pelas portas do bar. Não havia a menor possibilidade de não me encantar pela sua áurea brilhante e pura, que certamente era um incômodo aos outros demônios. E me incomodaria também, se não tivesse meu lado mortal aflorado desde que voltei para a terra e minha missão ganhou mais diversão. Não apenas recolhia almas condenadas, mas as influenciava pelos caminhos do fogo eterno. Não que fosse necessário ensiná-los a pecar. Era estupidamente fácil ter domínio sobre eles; mortais são como um quebra-cabeça, basta dar-lhes a peça que falta e eles lhe darão tudo. Assim ganhei a afeição do Rei Teivel VI e me tornei duque. Fui premiado com um dos castelos que pertenceu a rainha Calista, minha falecida mãe. Que o inferno a tenha. Ele tem. Eu mesmo a recebi após ser degolada por seu próprio marido, o rei Teivel II. Sim, houve muitos deles. O nome e o título não foram as únicas coisas que herdaram, mas a estupidez e a vaidade excessiva foi transferida de geração para geração. Triste de se ver. Encostado no balcão do bar, foquei a minha atenção em Seth. Conhecia os seus movimentos com a palma da minha mão. Ele virou a última dose do seu uísque na boca, fez uma careta e sussurrou no ouvido da bela jovem ao seu lado que precisa de retirar até o banheiro. Em outras palavras, isso significa que ele já encontrou a sua presa da noite. Pude jurar que vi os olhos esverdeados da jovem de cabelos negros se revirando. Astryd desdenhava do próprio noivo? Ora, que interessante. Seth se levantou e deixou a mesa. Astryd sequer esperou que ele sumisse de vista para voltar a se embriagar. Contei ao menos três martinis e três cigarros, em sequência. Astryd Anghel não parecia ser o tipo de pessoa que resistiria com louvor aos efeitos do álcool. Mas se tem uma coisa que aprendi vagando há quase trezentos anos pela terra é que não devíamos, em hipótese alguma, julgar alguém somente pela aparência. Os demônios mais perigosos possuem os rostos mais doces e angelicais já vistos. Entretanto, o seu olhar inocente era tentador. Aproveitei da negligência de Seth e me aproximei dela. Ganhei a sua atenção sem muito esforço. — O que uma dama como você faz sozinha num lugar como esse? — disse galanteador e peguei a sua mão para beijar o dorso. Astryd sorriu tímida e olhou na minha direção. Ela não teve sucesso em conter a sua euforia perto de mim, ainda que tentasse. Era comum que mortais ficassem hipnotizados pela áurea angelical e demoníaca de um mestiço. A luta seria injusta caso me negassem algo. — Estou com o meu noivo. — respondeu numa voz fraca, mas não o procurou com o olhar. Entendi aquela atitude como mero desinteresse. Astryd não estava realmente preocupada com o paradeiro de Seth. — E onde ele está agora? — indaguei mesmo assim, escondendo a maldade. Astryd deu de ombros, menos interessada ainda na resposta. — Nesse caso, eu posso te fazer companhia até ele retornar? — Sugeri, puxando uma cadeira antes que ela respondesse. Astryd deu uma risadinha e concordou. — Você é a senhorita Anghel, não é? — sentei-me ao seu lado. Talvez tenha sido um pouco direto demais, ela demonstrou desconforto com a ousadia. — Sou Leonard Scorpius, tenho negócios com o seu noivo. — apresentei-me então, numa tentativa de quebrar o gelo. — Oh, sim. Devo ter ouvido falar de você. — Concordou com a cabeça, erguendo a mão para chamar o garçon e fazer um novo pedido. — Espera, disse Scorpius? — ela uniu as sobrancelhas, lembrando-se do sobrenome. — O duque Scorpius? — repetiu. Então eu assenti, notando o rosto de Astryd iluminar-se com a confirmação. O garçon encostou-se ao seu lado, segurando um caderninho e uma caneta em frente ao peito, enquanto aguardava pelo pedido de Astryd. Ela o ignorou completamente, atenta em mim. Pigarreei para chamar sua atenção de volta, apontando com a cabeça na direção do rapaz. — Oh, desculpe. — sorriu tímida. — Outro martini, por favor. — virou-se para mim. — E você? — Vou acompanhá-la. — O garçon anotou, saindo logo em seguida. Astryd pareceu seriamente surpresa com o meu pedido e depois riu. — Qual o motivo da diversão, Anghel? Suponho que não seja apenas nervosismo com a minha presença. — disse num tom divertido, disfarçando a arrogância. — Os homens daqui só bebem bourbon. — respondeu com um tom quase infantil. — Deve ser porque não sou daqui. — disse, deixando um sorrisinho travesso surgir. — E faço questão de acompanhá-la, você parece se divertir muito aqui, sozinha. — Alfinetei, mas ela não percebeu, ou fingiu não perceber. — Quem sabe compartilho da sensação? — completei, subindo o olhar sugestivo e m*****o pelo corpo de Astryd, dando atenção especial aos s***s fartos e apertados no decote do vestido. De longe, era possível sentir o cheiro de virgem que Astryd exalava. Ela não tinha experiência com homens, mas reconhecia olhares maliciosos há quilômetros de distância. Devia receber muitos deles desde nova, quando o seu corpo começou a ganhar forma. Seus p****s volumosos pareciam ter desenvolvido muito cedo, provavelmente roubando parte da sua infância e a tornando objeto de desejo antes que tivesse maturidade para entender o significado e o peso daquilo. Ela não pareceu incomodada com o meu olhar, também não tentou cobrir-se dele, pelo contrário, se insinuou para mim, mesmo que discreta e sutil, como a dama que era, ou devia ser. Não posso julgá-la, essa não é a minha função, afinal. Apenas Deus todo-poderoso, poderia. A minha função é me aproveitar de toda e qualquer brecha que um mortal frágil e inocente como ela, oferecesse.
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