Aressa narrando
*** TRÊS SEMANAS DEPOIS ***
Hoje eu finalmente consegui vir ao hospital para visitar o vovô e ver como ele está, eu tinha pedido para a Cami vir ver como ele estava para evitar encontrar com a minha família.
A Cami veio, ela me disse que ele estava bem, mas os médicos não quiseram passar o quadro clínico dele para ela.
- Minha filha, você lembrou que tem esse velho aqui. - ele fala todo sorridente quando me vê entrando.
- Oh vovô… o senhor sabe que eu nunca o esqueço. - eu falo abraçando ele na cama.
- Como não?! Já faz mais de três semanas que você não vem me ver. - ele fala sentido.
Eu sei que ele tem razão, mas eu não quero encher ele de problemas, eu não vou contar sobre o que aconteceu com a nossa família.
- Me desculpe, vovô. Eu tive uns problemas no trabalho e acabei me atrapalhando um pouco. - eu falo tentando disfarçar.
Ele fica me olhando fixo e vejo que o seu sorriso murcha um pouco.
- Me conte o que eles aprontaram dessa vez. - ele fala sério, mas tentando manter a calma.
Eu olho para ele franzindo a testa e pensando no que dizer para ele, pois eu sei que ele já percebeu que eu estou mentindo.
- Vovô, eu vim aqui para te visitar e ver como o senhor está. Eu não quero falar deles, ta bom?! - eu falo calma segurando a mão dele com carinho.
Ele fica um tempo me olhando e me analisando, mas acaba se dando por vencido e muda de assunto, começa a me perguntar como anda o meu trabalho e a minha vida por completo.
Eu sei que ele só está tentando me encher de perguntas para ver se consegue tirar alguma coisa de mim, descobrir o que aconteceu com a nossa família, mas eu não vou cair nessa.
Não quero que a situação dele piore e se eu contar o que eles fizeram, eu tenho certeza que ele vai ter um ataque cardíaco, ou vai acabar morrendo de desgosto.
O vovô nunca foi a favor de me usarem e ele sempre brigava com os meus pais por me tratarem m*l, por eles darem preferência para o meu irmão e me obrigarem a sustentar a casa.
O pior de tudo é que a minha família sabe a ligação que eu tenho com o vovô e eles sempre usam ele para me obrigar a fazer algo. Eu sempre caio feito uma pata, mas agora eu vou mudar isso.
Eu preciso tomar as rédeas da minha vida e deixar de ser boba de todo mundo, a única pessoa que eu vou me preocupar de hoje em diante, é com o vovô.
- Como o senhor esta se sentindo?! - eu mudo o foco da conversa e ele da uma risadinha contida.
- Eu estou ótimo, minha filha. Não sei por que não me deixam sair desse maldito hospital. - ele fala bravo.
Eu fico um pouco confusa, pois realmente o vovô me parece muito bem e eu não entendo como a situação dele pode ser tão grave como me falaram.
- Eu vou conversar com o seu médico e ver como o senhor realmente está. - eu falo séria, pois ele pode estar falando que esta bem, só para não me preocupar.
Ele faz uma careta para mim e depois me puxa para mais um abraço apertado. Eu fico um tempo ali deitada ao seu lado, só sentindo o seu carinho que tanto me faz falta.
Eu me levanto da cama e resolvo ir atrás do médico que esta cuidando do vovô, pois já faz algumas horas que estou aqui e nada dele aparecer.
- Eu já volto, vovô. - eu falo e saio do quarto.
Eu sinto o meu estômago revirar e uma tontura forte, me apoio na parede ao lado e respiro fundo para ver se eu melhoro. Eu resolvo continuar andando, mas quando dou um passo a frente vejo tudo preto.
Abro os olhos rápido demais e sinto uma luz forte me atingir, fecho rapidamente os olhos e fico esperando um pouquinho até abrir lentamente.
Eu olho ao redor e vejo que estou em um quarto de hospital, mas dessa vez a paciente sou eu, pois estou deitada em uma maca, com um acesso de soro ligado no meu braço.
Tento levantar e me ajeitar na maca, mas um homem estranho, alto, forte e vestido todo de terno preto, se aproxima de mim.
- Não se mexa, senhora. - ele fala autoritário e grosso.
- Quem é você? - eu o questiono meio atordoada e com medo.
Será que a minha família descobriu que eu estava aqui no hospital e estão tentando me vender de novo? Será que esse homem é algum segurança daquele velho que tentou me estuprar?
- Apenas fique quieta. Eu vou chamar o chefe. - ele fala sério.
Eu sinto um arrepio passar pela minha espinha e um medo enorme me atinge em cheio, o que eu faço agora?! Eu não tenho para onde fugir.
Ele sai do quarto com o celular na mão e eu aproveito para pensar no que fazer, eu puxo o acesso do soro do meu braço, me levanto da cama e tento fugir, é a única esperança que eu tenho.
Eu abro a porta devagar para não fazer barulho e vejo que o homem está de costas falando no celular, eu saio de fininho do quarto e corro para o lado contrario dele.
Olho para trás para ter certeza que ele não está me seguindo, mas acabo trombando com alguém que me segura firme para não cair de b***a no chão.
- Fugindo de novo, garota. - ouço a voz que tanto me atormenta nas últimas três semanas.
O tal Leon, que eu perdi a minha virgindade, fala frio e grosso como sempre. Eu m*l tenho tempo de falar algo e o outro homem chega perto de nós.
- Desculpe, senhor. Eu me distrai quando fui ligar para o senhor e ela aproveitou para fugir. - o homem fala de cabeça baixa.
- Pode se retirar. - o Leon responde firme.
Eu confesso que fiquei um pouco aliviada de saber que o homem estranho trabalha para o Leon e não para aquele velho safado, mas também sinto um novo arrepio percorrer o meu corpo todo, ao perceber o quanto estamos próximos de novo.
Olho para o Leon com receio, ele está me olhando fixo e isso esta me incomodando, pode até ser errado, mas eu sinto o meu corpo em chamas.