Nada normal

1720 Words
Varuna aproveitou do momento e deu um beijo casto nos lábios da moça virgem. Os olhos de Camila ficaram enormes, supresos, para depois amansarem como se estivesse observando a delicadeza do beija-flor beijando uma flor. O fantasma pegou na mão de sua amada e ambos andaram para longe da confusão instaurada na casa da jovem. Ela tímida, tinha as bochechas no tom carmim, ele se sentia " vivo". Não houve palavras, muito estava sendo dito naquele toque de mãos; ele mui apaixonado e ela percebendo que tinha novas flores crescendo em seu jardim interior. O casal de pombinhos cortou pelo roseiral. No meio do corredor das flores Varuna parou. Camila não entendeu nada, olhou para o fractal. Varuna olhou para as flores, era um mar vermelho de pura vida que contemplava, escolheu a que juigava ser a mais bontia. Soltou a mão de sua amada e foi colher o vegetal simbolo do amor, da paixão. Retornou para perto da bela jovem que olhava para o fantasma mais do que encantada. Ele estava vencedo ela; ela estava se apaixonando por ele. O fantasma parou na frente da menina. Esticou a mão em direção ao rosto mais bonito que já viu e retirou alguns fios de cabelo, prendendo-os atrás da orelha pequena da garota. Camila estava em êxtase, sentido coisas que nunca sentiu, coração vibrando , corpo trêmulo e a sensação escaldante de calor. A moça lançou um olhar tímido de baixo para cima em direção ao espectro. Varuna amou receber aquele tipo de olhar, sentia-se sortudo por receber coisas puras da menina. Vagarosamente o fractal ergueu a rosa para a sua amada; gesto mais bonito não tinha. _ Para mim? - perguntou ela com lágrimas nos olhos. O fantasma foi a nocaute, o que ofertava era apenas uma rosa, uma flor que iria secar perder a cor e o viço. E a menina estava emocionada, não era uma jóia de valor estratosféricos, não era um carro importado e nem uma mansão à beira mar; era apenas uma rosa; só uma rosa. Conforme Camila erguia a mão para pegar o presente, a lágrima desceu pelo rosto da moça. Varuna ficou preso no percurso da pequena gota. Os dedos dela tocaram a mão dele e conforme a rosa foi trocando de mãos, o espectro aproximou-se. Tocando de leve a face da bela amada. Deslizou o polegar pelo lábio inferior da menina. _ Posso te beijar?- sussurrou o pedido. Camila tinha o corpo leve, mas o coração martelava na sua cabeça. _ Sim...- respondeu com outro sussurro. Os lábios dele tomaram os dela, devagar, delicadamente e aos poucos. Varuna tinha medo de ser brusco, esfomeado. Camila tinha receio do seu primeiro beijo não agradar ao fantasma. Porém, tudo ocorreu permeado pelo mais lindo encanto, no meio do roseiral, somente as flores como testemunha daquele amor tétrico. Naquele contato tinha muito sentimento, muita profundidade, muito romantismo e muito querer; os dois se queriam mutuamente; os dois provavam um da nostalgia do outro. Camila sentiu a língua de Varuna, sentiu o gosto da saliva dele, embora o espectro não tivesse nenhuma, tinha gosto de hortelã. Se alguém de fora visse a cena, perguntaria que coisa era aquela. Não entenderia que a menina não beijava o vento e sim o seu amor, que para Camila aquele momento era único. Deu o seu primeiro beijo para o seu amor, a virgindade da sua boca sendo retirada por quem despertou o seu coração para algo maior e maravilhoso. Varuna afastou os lábios lentamente, apoiou a sua testa na dela, sentia a energia em seu corpo etérico, totalmente elétrica. _ Você é perfeita....- sussurrou de olhos fechados, suas mãos segurando com firmesa a cintura da jovem. Ambos abriram os olhos ao mesmo tempo e o amor tinha acontecido: um se via refletido no olhar do outro. Ficaram, assim, unidos por algum tempo. Logo, Varuna pegou na mão da sua amada e seguiu caminhando. Camila estava feliz, olhava para as mãos unidas; a dele enorme, tapando a sua e respirou profundamente, muito apaixonada. Quando Varuna comprou Bella Flor, não sabia que dentro da pequena mata do local tinha um outro imóvel, era apenas um cômodo inacabado, apenas o esqueleto feito de tijolos. O homem estudou o entorno, a vegetação e o espaço pequeno do amplo terreno, resolveu construir uma cabana. Queria um designer americano, nada muito embonecado. Seria um lugar para fumar o seu cigarro da paz, para ser um espaço apenas dele, foi ali que cheirou o pó da alucinação pela primeira vez; sim, Varuna era um homem torto, vivendo uma vida torta, em caminhos todos tortos e sem perspectivas de mudanças. O fantasma amava aquele espaço. O casal passou pelo lago e Camila olhou para o espectro e depois para as águas cristalinas, lugar onde os contatos foram mais intensos. Apertou a mão do amado, ele olhou para a sua doce menina por cima do ombro. Varuna guiou Camila por uma trilha que tinha ganhado vegetação, era mato puro. Seguiram os dois, adentrando a mata, sem descolar suas mãos. Camila não entendia por qual razão estavam embrenhando-se no maciço verde. Ao abrir a boca para perguntar, viu ao longe uma cabana, era uma construção simples mas que tinha o seu charme. Andaram até chegar a porta. Varuna deslizou a folha de vidro para o lado e entrou levando Camila consigo. Os olhos da menina olharam para todos os cantos. O local estava limpo, tinha o cheirinho dos eucaliptos que cercavam a cabana. _ Bonito!- disse, soltando a mão do amado e caminhando pelo espaço . Seu olhar parou na cama de dossel e depois desviou para o fantasma. Varuna colocou as mãos nos bolsos frontais da sua calça e contemplou um olhar mais quente surgir nos olhos da amada, serpenteado pelo temor. Achou aquilo louvável, ela tinha pudor. Quando vivo, quando levava alguma mulher para o seu apartamento em São Paulo, não tinha trabalho para retirar-lhe a calcinha, muitas faziam sem ele sequer pedir. Era um olhar sedutor dele e a calcinha já estava no chão. O sexo era fácil, banal e nenhum pouco sentimental, quiçá romântico. Camila corou mais do que um pimentão vermelho, desviou o olhar. Varuna percebeu o tremor em suas mãos; ela estava assustada. O fantasma sorriu, nunca viu uma mulher ficar tão desconcertada da forma como Camila estava. Aproximou-se da jovem e a abraçou por trás. _ Não ei de tocar em ti, minha rosa. Sem receios, tudo bem? - disse suave, amando tê-la entre seus braços. Camila respirou aliviada, olhou para a rosa que segurava em mãos. _ Como é?- perguntou curiosa. _ Do que falas? - ele indagou sem entender ao que ela queria saber. _ Essa i********e entre um homem e uma mulher? - a moça falou baixinho , sua pergunta à fez arder por inteira, não por desejo, mas por vergonha. Varuna beijou o pescoço da jovem e teceu uma trilha até o início da clavícula da menina. _ Gostoso.- respondeu ele com um sussurro. A boca de Camila secou, para em seguida o seu ser, ser acometido por uma temperatura absurdamente alta. Querendo ver-se livre dessas sensações abrasadoras, a moça afastou-se do fantasma. _ Não sabia dessa parte da própriedade.- disse a menina, andando pelo local. Varuna não disse nada, gostava de apreciar o caminhar da menina, gostava de como o tecido fluído contornava suas curvas. Camila foi até a janela e abriu, a luz invadiu o local escuro. A moça amou a sensação de ter os raios de sol vindo de encontro com sua face. Respirou profundamente, abrindo um sorriso. O fantasma sentia-se cada vez mais arrebatado pela garota que mais era um anjo encarnado do que um ser humano. _ Seja minha.- ele pediu e Camila, volveu seu olhar para o fractal. A rosa caiu no chão. A moça apertou os lábios um contra o outro, cabeça em pane total, não sabia o que responder. _ Acredito que já sou...- disse umidecendo os lábios. Varuna aproximou-se da jovem e lhe tomou os lábios; o beijo foi mais profundo, cheio de bem quer. Ambos gostavam de estar assim, namorando aos poucos em conta gotas. Era como dançar entre as muitas nuvens do céu, como ser levados ao sabor do vento. O morto apaixonado, puxou Camila pela mão para cima da cama. Ambos deitaram e ele veio de modo cortez tomando-lhe os lábios. Camila tinha uma expressão de medo, isso fez com que Varuna acariciasse a face da dama. _ Não temas, não irei violar o seu corpo. Conheço os limites, minha rosa, jamais irei contra ao que é do seu desejo.- disse para transmitir tranquilidade a sua amada. Camila ficou encantada com os dizeres do seu amor. Ergueu a mão e tocou em sua face, depois em seu cabelo e depois no escapulario preso em seu pescoço. _ É cedo para dizer que gosto de você .- disse a menina e o fractal sorriu. _ Não, meu bem. Assim como não é cedo para mim confessar que há tempos te trago dentro dessa sombra que sou eu.- falou, contemplando a face do seu maior encanto. _ Amo-te com meu coração humano nessa diversa realidade. Amo-te dentro da eternidade de cada instante. Amo-te além do presente e da saudade. Amo-te sem mistério e com grande liberdade. Amo-te com um desejo latente e permanente. Amo-te com um amor calmo e amiúde, seja nessa existência ou numa próxima. Só anseio de seja eterno, imortalizado. Só quero estar perto, nunca longe, nunca breve. Só quero ama-lo em cada vão momento, porque teus olhos surges em mim como o doce desejo. Camila recitou de olhos cravados em Varuna. O espectro derrubou lágrimas de emoção; nunca antes tirvera algo como aquilo que aquela garota simples estava lhe dando: amor sincero, verdadeiro. _ Meus dedos enlaçaram teus dedos e tu saberás que quem te escolheu foi eu, no íntimo da noite, enquanto ninguém te olhava e estavas adormecida.- retribuiu ele da forma como pode, nunca fora regado ao romantismo; só que agora queria ser para lhe dizer muitas coisas bonitas e tocantes. _ Meu amor...- disse Camila com a voz trêmula, quase chorosa. Aconteceu para a moça de uma forma nada natural o amor; ocorreu para as duas partes algo que para eles não era nem a ponta de um pequeno detalhe, a paixão póstuma.
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