Aquele olhar.

2084 Words
13 de maio de 2024. O despertar da bela Camila, foi como ter os primeiros raios de sol tocando a natureza com todo o seu calor e brilho dourado. A jovem procurou pelo espectro, porém em seu lugar encontrou uma rosa. Sorriu, pegou o singelo presente, mas delicado, e levou aos lábios. A flor de cor vermelha recebeu um beijo da menina. Camila fechou os olhos e rememorou a noite passada; os abraços, o beijo no rosto, o toque das mãos de ambos, o cheiro dele, o sorriso dele, o calor dele.... Sentiu-se extasiada. Levantou-se mui alegre, em seu inteiror uma energia diferente percorria todos os seus órgãos; tinha vontade de cantar, dançar; vontade de gritar para a vida que estava feliz. O coração da moça batia descontrolado, mas não era algo r**m. Era bom, muito bom e Camila queria aproveitar ao máximo desse tempo; era um tempo de amor que deixava sua alma azul; ela não sabia. A menina abriu as portas do guarda-roupas e escolheu um vestido; isso mesmo, escolheu um vestido. Coisa que nunca fez, só teve cuidado com o que iria vestir uma vez, ao ter um encontro com Marcelo. Camila vestia o que seus olhos se agradacem. Mas naquele domingo, não sabia explicar para si, por qual motivo achava todos os seus vestidos feios e sem graça. Abandonou o guarda-roupas e seguiu em direção a cômoda, puxou a segunda gaveta que continha peças novas, roupas para ocasiões especiais. Seus olhos e mãos passearam pelos modelos simples, porém cheios de estampas; escolheu um azul, godê, que tinha rosas brancas em sua malha . Nos pensamentos da moça do mato, só uma idéia ruminava: está bonita para o espectro. A jovem banhou-se, perfumou-se e cuidou dos fios. Deixou o cabelo solto. Escovou os dentes; devidamente trocada, deixou o quarto para trás. Seguiu pelo corredor sentindo as mãos frias; era o nervoso. Sentia o peso do gelo na barriga, da mesma maneira que sentiu ao ganhar um beijo do fantasma bonito. Naquela manhã, Camila era pura luz. Existe coisa mais pura do que uma inocente jovem despertando para o amor? Acredito que não. É lindo, desprovido de malícia e a melhor parte é que tudo isso estava coroado por uma simplicidade gigantesca. Acredito que a menina ignorou um pequeno detalhe: ele estava morto. Entre o casal, que vinha descobrindo sozinhos das delícias do amor, existia uma lápide; fria, inanimada e bastante concreta. Camila desceu a escada. Evaristo que passava pela sala parou e olhou com uma ruga, enorme, de estranhamento, surgindo no meio da sua testa. Nunca viu Camila vestir-se charmosa para ficar em casa. _ Vai sair, filha? - indagou o pai, levando as mãos até a cintura, na posição asas de xícara. Os olhos da jovem parou na figura paterna, levou um pequeno susto; a imagem de Varuna foi fugindo da sua mente. Uma certa palidez, não muita, nem notória aos olhos de outros, surgiu na face da menina. _ Não, pai. Só quero me vestir um pouco melhor.- Não era uma falsa-verdade, queria sim vestir-se melhor, mas tinha um motivo por de trás dessa vontade, que possuia nome e sobrenome, além de lindos olhos azuis que balançava Camila toda vez que o foco deles era a sua pessoa. _ Ora, minha flor, não dê ouvidos as palavras da sua irmã. Tabata vive num mundo que criou somente para ela; não perca sua essência, Camila, é ela que te faz diferente dos demais. - O pai proferiu, tentando fazer com que a filha do meio não adentrasse ao mundo de Tabata. Ele sabia perfeitamente que sua primogênita iria passar por maus bocados se não mudasse o seu jeito de ser; futilidade não fica bem para ninguém. _ Só quero me sentir bem, papai. Não tem nada haver com as palavras da Tabata. - disse terminado de descer a escada- Por que, estou feia?- perguntou temendo estar ridícula, não queria que Varua pensasse desta forma. _ Claro que não, minha filha, está belíssima. Apenas estranhei o vestido novo sendo usado em casa.- disse o pai, fitando os olhos brilhantes da menina. Evaristo percebeu esse brilho diferente, alguma coisa dentro do seu coração de pai retorceu; não sabia dizer o que era, mas sentiu e a sensação disso foi como a de ter furado o dedo em um alfinete. O pai retirou o aparelho celular do bolso e estendeu-o na direção da moça. _ Tome, depois do café, vá e tire algumas fotos. Registre os momentos dessa sua linda mocidade. - Nem ele sabe o porque de pedir isso, apenas sentiu essa necessidade. Talvez por que sua filha estava um primor, talvez porque Camila se achava muito feia para ser fotografada, por isso quase não tinha fotos da garota pela casa. Não fotos dela moça, abrindo-se para essa etapa da sua vida. Camila sorriu, aceitou o aparelho. O senhor esteves, ofereceu o braço para a sua menina; a jovem sorriu aceitando o gesto cavalheiresco. Ambos andaram em direção à sala de jantar, onde o restante da família se encontrava sentada, preparados para o desjejum. Alda e Tabata estranharam o fato de Camila estar usando vestes novas. A mãe sorriu, estava encantada, sua menina estava saindo do casulo, procurando cuidar melhor da sua aparência. _ Nossa! Que linda! - elogiou a matriarca, soltando o pãozinho no prato - Meu útero é um pincel!- disse de olhos voltados para a bela jovem. _ Claro que é! Olha eu aqui, perfeito, gatão! - regardiu Júnior, fazendo caras e bocas. _ Cala a boca frangolino, não tem nem bigodes e quer ser um galinho.- bradou Tabata olhando para o menino rechonchudo. Se tinha uma coisa que o moleque não levava era desaforo para casa , seja de quem fosse. Por isso olhou torto para a primogênita da família. O que Tabata desconhecia é que o espuleta sabia das suas escapulidas notunas; não levou ao conhecimento dos pais. Mas nenhum segredo é enterno. Enquanto Camila e Evaristo, sentavam-se à mesa e começavam a degustar do café fresco pingado com leite, do pão morno e do bolo cheiroso de morango; o caçula resolveu ser o momento ideal de dar com a língua nos dentes. _ Posso não ser um galinho, mas não fico ciscando no terreiro de ninguém e muito menos fazendo um desentupimento boca a boca com o filho do vizinho. - bradou em claro e bom som. Foi o fim do desjejum calmo. Alda cuspiu o café que tomava e Evaristo engasgou-se com um pedaço de pão. O pobre homem foi ficando sem ar, quase azul. Camila saiu em seu socorro; tapas fortes foram distribuídos pelas costas do patriarca que quase desmaia. _ Que história é essa?- vociferou nervosa a mãe que cheirava ao líquido rico em cafeína. A blusa branca de Alda tinha uma marcha enorme de café. _ Não sei de nada!- disse o fofoqueiro rechonchudo antes de deixar a mesa. Tabata estava branca que nem um palmito. Não tinha o atrevimento de encarar os pais, não sei bem dizer se era por vergonha ou receio. _ Como não sabe?! Pois retorne e termine de dizer o que começou! - o pai ordenou. Tabata ergueu-se rapidamente e lançou um olhar mortal para o moleque que continha em seu rosto um olhar sarcástico. Aquele olhar de quem diz: mexe com quem "tá" quieto! _ Vamos! Desembucha, Júnior! - bradou a mãe apoiando as duas mãos no tampo da mesa. _ Sua porpeta ambulante! Eu vou acabar com você! - a jovem entregou-se; seus pais olharam furiosos para a filha mais velha e pelo que constataram, era a mais desmiolada( não que isso tenha mudado). Camila não sabia para quem olhar, nem sabia o que dizer naquele momento delicado. Ficou surpresa, Tabata não falou sobre namorados com ninguém da família e agora explonde essa bomba de encontros furtivos na calada da noite. _ O sujeito é casado! Tem o quê no cérebro? Titica de galinha? - berrou o pai. Camila levou um susto. Não sabia muito sobre seus vizinhos, não tinha interesse. No início, achou o estardalhaço dos pais sendo uma tempestade em copo de água, Tabata já tivera outros namorados; agora homem casado era outra estória, uma perigosa e desonrosa, não só para sua irmã, mas para as pessoas que estavam por de trás do sujeito. No meio daquela discussão de novela mexicana, onde todo mundo fala junto e ninguém entende nada, Camila sentiu o cheiro de Varuna. Procurou com os olhos pelo espectro e o encontrou perto da porta. Saiu de perto dos seus e seguiu até ele, passou pela porta, discretamente pegou na mão do espectro e o levou para fora da casa. _ O que houve?- indagou o fantasma, apreciando do contato que partiu de livre e, espontânea vontada da menina. _ Minha irmã....não entendo;como pode ?Com tantas pessoas legais pelo mundo, por qual motivo alguém escolhe se envolver com gente errada? Casado? - perguntou para ninguém em específico, talvez para si mesma. Varuna por muitas vezes foi assim, saia com as que julgava ser mercedora de ter seu pênis rijo no meio das suas carnes. Ele retornou ao passado quando " deu uns cortes "numa dama casada. Foi mais do que simples sexo, foi uma s*******m na casa elevada ao que classifica um espírito encarando como porco. Tudo ocorreu numa festa onde a senhora, digo senhora porque tinha marido e não que sua idade fosse avançada; a dama não passava dos quarenta. Essa senhora em questão, convidou Varuna para uma noite torrida de paixão. " Topa? Você e eu, lençol macio, uma bebida e alguma fumaça para dar aquele gás ". - ela disse, levando a mão na ferramenta do garboso rapaz. Varuna gostava disso, apreciava vê que ele tinha escolhas. Não precisava ir a caça, as presas vinham até o predador, enfeitiçadas, cativas e entregues. " Não, já te comi e o interesse passou."- jogou, como o bom jogador que era; umideceu os lábios e olhou em outra direção. Bebericou da sua cerveja trincando de gelada. " Sério? Então podemos inovar, você, um amigo seu e eu? O que me diz?- a mulher tinha chegado onde ele queria: p*****a. Varuna lançou seu olhar sedutor para a loira de s***s fartos e cintura fina. Mordeu o lábio inferior. " Tentador. Vai aguentar? "- perguntou, introduzindo discretamente o indicador dentro do decote do vestido da senhora.- E o seu marido?- indagou, olhando-a de cima para baixo. "Viajando. A casa é nossa."- respondeu a mulher sustentando um sorriso de pura malícia. Naquela noite o sexo rolou solto e desenfreado; ela sendo devorada por dois ao mesmo tempo. Varuna gostava da orgia, dos gemidos e choramingos. Gostava do barulho que os sexos propagavam durante os movimentos e apreciava as reboladas das mulheres atadas ao seu eixo. Voltou seu olhar para Camila, despindo-se das lembranças, e viu o quanto a sua vida foi vazia. Que aquilo que tinha com outras garotas era apenas coisa da carne; sentimentos tinha pela jovem de olhar inocente. E tudo era uma desgraça só, agora que tinha o mais doce da existência não tinha mais corpo, nem sopro de vida. _ A ilusão de que está vivendo ao máximo, a ilusão de que tudo isso completa uma vida vazia. Por isso o ser humano é enredado pelos laços errados.- exprimiu. Camila lançou um olhar para a casa; podiam ouvir os gritos, as vozes alteradas. _ Aceita fazer um passeio?- perguntou o espectro, querendo retirar sua flor do meio daquela confusão. Camila olhou para o espectro e as borboletas, antes contidas dentro de si, alçaram vôo. _ Aonde vamos?- indagou, sentindo seu sangue correr mais rápido nas veias. _ Irei te levar numa parte especial da fazenda. - respondeu, olhando para a menina. Varuna desceu seu olhar quente pelo corpo virgem, forrado por um simples e bonito vestido. Sua percepção foi instantânea: a peça era nova. _ Você está linda, minha rosa. - disse aproximado-se dela e, depois, deu um beijo demorado em sua bochecha. O rosto de Camila ferveu, segurou com força o tecido da saia. Sentiu-se flutuar. Seus olhos procurou pelos dele, virou rapidamente o rosto e os lábios de ambos roçaram levemente. Os olhares trocados, naquele instante, eram intensos, cheios de muito e recheados de encantos. O brilho indescritível, fez a chama do sentimento ser alimentada. Era como uma tocha feita de enxofre e cal, não diminuía nem mesmo na água, não diminuía mesmo sabendo que ambos estão em planos diferentes, mesmo sabendo que é um amor impossível.
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