Capítulo 25

1017 Words
Vito encarava Saulo com uma raiva evidente; ele desejava esfolar a cara do homem nos tijolos da sua mansão para que ele aprendesse a nunca mais provocá-lo daquela forma. — Achei que tinha deixado bem claro que não queria você aqui. — A expressão de Vito era assassina, e Saulo deu um passo para trás ao ver a forma como ele o encarava. — Você não me retornou as ligações, por isso vim — respondeu ele. Quando Vito pensava que o homem à sua frente não poderia ser mais burro, ele se surpreendia. Vito caminhou em direção a Saulo com uma falsa calma no rosto; ele estava tudo, menos calmo. Assim que parou em frente a ele, Vito desferiu um soco na barriga do homem, fazendo-o se curvar no chão. — Ao que parece, você é mais burro do que aparenta, Saulo. Eu estava resolvendo algumas coisas e, por isso, não respondi antes. — Vito odiava se explicar, mas precisava manter um pouco de civilidade se quisesse descobrir o que a família Vásquez estava tramando. — Não pode falar comigo assim, Don Vito — disse Saulo, com o maxilar trincado, segurando a barriga onde Vito o tinha acertado. — Eu avisei que haveria consequências se aparecesse aqui de novo — disse ele de forma tranquila. Os soldados de Vito olhavam para Saulo com atenção, todos a postos, esperando apenas uma ordem do seu Don para cuidar daquele problema. Na verdade, eles se admiravam de Vito não ter matado o homem à sua frente. — Já expliquei o que houve — disse o homem. — Vamos direto ao ponto, Saulo. Eu aceito a sua proposta; assim que redigir o contrato, te aviso para que você e o seu filho o analisem — disse ele, dando as costas para o homem. — Está falando sério? — perguntou Saulo, esquecendo-se por um segundo do soco que tinha levado. — Sim, mas temos algumas coisas para discutir. Se concordarem, teremos um acordo — disse ele antes de entrar em casa. Saulo parecia ter ganhado a noite. Ele tinha um largo sorriso no rosto enquanto saía da casa de Vito, m*l acreditando no que tinha ouvido. Em breve, os seus problemas estariam resolvidos e, de quebra, ele ainda ganharia a máfia Romano. Vito entrou e encontrou Isabel sentada na cozinha, conversando com Lúcia alegremente enquanto tomava o seu chá. Ele se aproximou e sentou-se em uma banqueta perto dela. — Está bem, papai. Eu concordo com o que você me pediu — disse ela com um suspiro audível enquanto se virava para o pai. — Mas eu tenho algumas ressalvas e não abro mão delas. Vito encarava os olhos sombrios da filha com admiração. Ele conseguia enxergar a si mesmo enquanto olhava para ela: os mesmos traços e a mesma aura de poder. Ele sorriu com aquilo. — Pode exigir o que quiser, querida. Essa é a condição para que você se case com o filho dos Vásquez — disse ele, com um sorriso de canto. — A senhorita vai se casar? — perguntou Lúcia, surpresa. — Vai, Lúcia, mas não será tão fácil assim como os Vásquez pensam — disse Vito, com um ar de mistério. — Está aprontando, papai? — perguntou Isabel. — Sempre, querida — respondeu ele, fazendo-a rir. — Pela cara do senhor Romano, sei que esse noivo terá muitos problemas — disse Lúcia, rindo. — Venha, Isabel. Precisamos discutir os termos do seu casamento — disse ele, pegando na mão dela e levando-a para o seu escritório. Isabel olhou para seu pai com curiosidade. Ela percebia que Vito tinha um ar diferente enquanto se sentava de frente para ela. — Me diga, minha princesa, o que você quer colocar no contrato? — perguntou ele, sorrindo. — Ele não poderá tocar em mim, de forma alguma, nem mesmo para pôr a aliança no meu dedo. — O sorriso de Vito se alargou ao ouvir as palavras da filha. — Gostei desse termo. O que mais? — Ele não poderá me proibir de fazer nada que eu queira e morarei em uma casa separada da dele, onde apenas o seu pessoal terá acesso. — A surpresa de Vito crescia com as palavras da filha; ele podia ver que ela tinha uma mente brilhante e já havia se prevenido. — Gosto da sua inteligência, minha filha. Isso é muito bom. — Também quero um termo, papai, onde fique claro que, se ele me trair, perderá todos os seus bens — disse ela, sorrindo. Vito não se conteve e começou a rir sentado no seu lugar. Ele estava subestimando a filha todo aquele tempo. — Está querendo que ele desista, meu amor? — perguntou ele, rindo. — Sim, mas se ele tem algum objetivo por trás desse casamento, vai concordar com os meus termos — disse ela, pensando em tudo o que o seu pai tinha lhe dito. Isabel havia pensado muito enquanto retornava para casa. Ela não choraria mais; tinha feito isso a maior parte da sua vida e não havia chegado a lugar nenhum. Agora era hora de agir. Ela não seria o cordeiro indo para o matadouro como das outras vezes; ela lutaria pelo que queria. E, naquele momento, ela queria poder. — Se tivesse visto esse seu lado mais cedo, tinha te colocado no meu conselho, princesa — disse Vito, orgulhoso da filha. — Ainda dá tempo, papai. E isso apenas fará com que eu mantenha mais distância do meu futuro marido. — Isabel já planejava transformar a vida do homem em um inferno; ele m*l saberia o que o tinha atingido. — Vou pensar nisso, querida. Mas confesso que estou surpreso com o que me disse; não esperava que me falasse essas coisas. — Vito olhava para sua filha, vendo a joia que tinha ao seu lado e que ele não havia percebido antes. Com um suspiro, ligou o computador e começou a redigir o contrato de casamento de Isabel. A sua filha estava certa: com termos tão absurdos quanto os que ela desejava, os Vásquez apenas concordariam se houvesse um motivo oculto por trás daquilo.
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