Capítulo 23

1033 Words
Os sentimentos de Isabel se mesclavam com o que ela desejava. As palavras do seu pai ainda ecoavam na sua mente de forma clara, fazendo-a arrepiar. Ela confiava nele; Vito havia dado várias provas de que era diferente de todos os outros, tratava-a como uma princesa e jamais erguia o tom de voz para ela. Ele havia se tornado o escudo protetor de Isabel, mas o seu pedido ainda ecoava na sua mente, deixando uma sombra no seu coração. _ Pelo que vejo, ainda está remoendo o que o papai falou. _ Diz Estela, entrando no quarto da sua irmã. Ela havia conversado com o seu pai após a conversa com Isabel, e ele tinha lhe explicado do que se tratava. _ Sim, ainda não me conformo com o que ele disse. Como ele pode pedir isso para mim, Estela? _ Ela estava chateada, e sua mente ainda lutava com a decisão de Vito. _ Papai nunca nos pediu nada, Isabel. Ele sempre cuida de nós em silêncio e nunca exigiu nada em troca. _ Estela via aquilo de uma forma diferente da sua irmã. Talvez pelo fato de ela sempre ter estado sujeita à vontade de outros, visse as coisas com outros olhos agora. A vida não tinha sido boa com as gêmeas Romano, mas o destino tinha se encarregado de cuidar delas de forma distinta. Estela havia se casado com Ricardo, alguém que a amava profundamente e faria qualquer coisa por ela. Isabel tinha uma família, um pai e uma irmã que a amavam de forma intensa. Então, na mente de Estela, já que elas tinham aberto mão de tantas coisas antes por pessoas que não mereciam, o seu pai merecia o benefício da dúvida. _ Eu sei, Estela, mas eu pensei que ele me entenderia. _ Diz ela frustrada. _ O que ele te disse? _ Pergunta Estela com calma. _ Que era para confiar nele e que, em breve, tudo se resolveria. _ Diz Isabel. _ Viu? Apenas espere um pouco e tudo ficará bem. _ Mesmo assim, não suporto a ideia de ter alguém me tocando. _ Diz ela, fazendo uma careta. _ Converse com ele. Papai sabe o que está fazendo. _ Estela conhecia o seu pai bem o suficiente para saber que Don Vito não dava ponto sem nó. Ela podia ver as engrenagens dele funcionando, o que a fazia pensar que ele devia estar tramando algo. _ Eu vou tentar, Estela. _ Diz ela, cabisbaixa. Uma batida na porta as alerta para a chegada de alguém. Quando a porta se abre, elas veem Vito entrar no quarto. _ Já está pronta, querida? _ Pergunta ele a Isabel. _ Sim, papai. _ Diz ela, se levantando da cama e pegando a sua mala ao lado. Isabel lamentava por não ter visto Max, e agora o seu destino era incerto. Ela jamais saberia o que ele sentia realmente por ela. _ Não faça essa cara, Isabel. Confie no seu pai. Eu já fiz alguma vez algo para prejudicá-la, querida? _ Pergunta ele com olhos tristes. Isabel suspira. Aquilo era verdade, e ela não podia julgá-lo como estava fazendo. Vito era bom com ela e a amava, o que era mais importante. _ Não, papai, você sempre cuidou bem de mim. _ Diz ela, indo até ele e o abraçando. _ E cuidarei mais uma vez, filha. Você sabe que mato qualquer um que lhe fizer m*l. _ Diz, dando um beijo na testa dela. _ Amamos esse seu lado, papai, e sabemos que você tem os seus motivos. _ Diz Estela. Isabel suspirou profundamente antes de sair do quarto, sentindo o peso das palavras do seu pai no seu coração. Algo dentro dela dizia que ele realmente sabia o que estava fazendo, mas a incerteza ainda a corroía. Ela olhou uma última vez para Estela, que lhe sorriu com ternura. _ Confie, minha irmã. _ Murmurou Estela, segurando a sua mão brevemente antes de soltá-la. Com um último olhar para o quarto que conhecia tão bem, Isabel seguiu o seu pai pelo corredor. O som dos saltos ecoava no chão enquanto ela caminhava para um destino que ainda lhe era nebuloso. O voo para casa foi tranquilo; o que estava agitado era apenas seu peito, com tudo o que estava acontecendo. Ao pousarem, foram recebidos pelos olhares atentos dos capangas de Vito. Eles sempre estavam ali, como sombras protetoras, garantindo que ninguém ousasse tocar em qualquer m****o da família Romano. _ O carro está pronto. _ Avisou um dos homens, segurando a porta aberta para que Isabel entrasse. Ela respirou fundo antes de entrar no carro, sentindo o estômago revirar com a ansiedade. Para onde estava indo? O que o seu pai realmente tinha planejado para ela? Tentou afastar os pensamentos negativos e focar no único fato concreto: Vito a amava e jamais permitiria que algo de r**m lhe acontecesse. O caminho foi silencioso, exceto pelo ronco do motor do carro deslizando pelas ruas da cidade. Isabel olhava pela janela, observando os prédios e as pessoas passarem rapidamente por seus olhos. Não demorou muito até que o veículo parasse em frente à mansão imponente. A suas luzes estavam acesas, um sinal de que esperavam por seu retorno. Assim que eles descem do carro, Isabel percebe um veículo parado na entrada. Ela não o conhecia e não sabia dizer de quem era. Sempre evitava ao máximo se envolver nos negócios do seu pai, mas, depois do que tinha acontecido, desejava saber mais. No momento em que Vito percebe a pessoa na sua casa, o seu rosto se fecha na mesma hora. Ele não gostava daquilo, e todos sabiam que ele evitava certos assuntos na sua casa. _ Querida, me espere lá dentro. Vou cuidar de algo e já entro. _ Diz Vito a Isabel. _ Papai... _ Começa ela, preocupada. _ Ficarei bem, são apenas negócios. _ Diz ele. Isabel suspira e entra rapidamente, não querendo que o olhar do homem à sua frente se demorasse mais nela. _ Acho que deixei bem claro que não queria você aqui novamente. _ Diz Vito, dando um passo em direção ao homem, o seu inseparável canivete brilhando nas suas mãos.
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