Capítulo 61

1051 Words
A notícia havia viajado mais rápido que o vento que cortava aquela madrugada e, assim como o vento, a raiva de Cristiano também estava nas alturas. Ele pensava que seria fácil destruir Max, que, se atacasse os seus negócios, ele não resistiria, já que não tinha muitos bens ainda. Mas ele estava enganado, e tinha pago um preço alto para descobrir aquilo. Os seus olhos quase saltavam das órbitas ao pensar em todo o prejuízo que tinham sofrido com o ataque de Max à sua doca. Ele já tinha vendido a maior parte das mercadorias e recebido adiantado pelo serviço, e pensar em como resolveria aquilo o fazia se descabelar. A porta do quarto de Cristiano se abre com um forte barulho ao se chocar contra a parede. Ele encara os olhos de ódio do seu pai, já sabendo o que ele estava fazendo no seu quarto. Ele já sabia o que ele queria. O som alto de um estalo enche o quarto quando Saulo caminha até Cristiano e desfere um forte tapa no seu rosto. Cristiano sente o seu lábio cortar e um filete de sangue escorrer por ele. — COMO SE ATREVE! — Brada Saulo, fora de si, os seus olhos vermelhos enquanto encara o seu filho, as veias em seu pescoço saltando, tamanha era a fúria que o dominava naquele momento. — Pai, eu... — Ele não consegue terminar a sua fala quando outro estalo se ouve. Cristiano sente o seu rosto dormente no lugar onde ele tinha batido e a sua fúria cresce. Ele se segurava para não fazer uma besteira com o seu pai. — CALA A MALDITA BOCA! — Grita ele a plenos pulmões. — Por Deus! Eu criei um inútil! — Está exagerando. — Diz Cristiano em voz baixa. — Exagerando? — Diz ele de forma sarcástica, rindo. — Você nos meteu no maior problema das nossas vidas, Cristiano, tudo porque não consegue se controlar. Aprenda, meu filho, b****a é o que mais tem no mundo. As palavras de Saulo fazem Cristiano trincar os dentes. Isabel era o grande amor da sua vida, ela não era como as outras mulheres que os rondavam, e ouvir aquelas palavras chulas do seu pai era uma grande ofensa para ele. — Não fale dela dessa forma. — Diz ele de forma ríspida. — Eu falo como eu quiser! Por culpa dessa sua obsessão por aquela mulher, estamos com sérios problemas. Caso você tenha se esquecido, nós já gastamos o dinheiro que recebemos por aquelas mercadorias. — Cristiano não tinha esquecido, ele se lembrava bem do buraco em que tinham se enfiado, buraco esse que ele atribuía aos maus negócios do seu pai. — Isso é culpa sua, não venha me culpar por ser um inútil incompetente. — As palavras de Cristiano acertam Saulo como um tapa na cara. — Como você ousa falar comigo assim! EU sou seu pai! — Você pode até ser meu pai, mas continua sendo um miserável desgraçado que destrói tudo o que toca. — Responde Cristiano com um sorriso de canto. — Admita, papai, você é um grande fracasso como Don. — Você... — Sim, eu. Essa máfia estaria nas alturas se eu fosse o Don, mas não, por brincadeira do destino, você ainda está vivo. — Responde ele, rindo. Saulo não acreditava que aquelas palavras cruéis estavam saindo da boca do seu próprio filho. Ele sabia que Cristiano era diferente, mas não imaginava que ele pensava aquelas coisas dele. Barulhos na escada chamam a atenção de Saulo. Ele olha para Cristiano sem entender o que estava acontecendo. — Bem na hora. — Diz ele, rindo, para os dois soldados que entravam no quarto. — Segurem-no. Os olhos de Saulo se arregalam quando vê os dois soldados indo até ele. Cada um segura um dos seus braços, imobilizando-o. — O que estão fazendo? Me soltem! — Diz ele, se debatendo, tentando se libertar. — Eles não vão te soltar, eles só respondem a mim, papai. — Diz Cristiano, se aproximando de Saulo a passos lentos. — O que vai fazer, Cristiano? Eu sou seu pai, o Don da máfia! — Olha que história triste, papai. Eu estava no meu quarto descansando quando uma empregada entra correndo: o meu amado pai se matou ao descobrir que estava falido. — Diz ele, rindo da cara de medo de Saulo. — Ficou louco, Cristiano? Eu sou seu pai! — Grita ele, em desespero, tentando se libertar. — Eu sei disso, e considere o que vou fazer um favor a você. A morte poderia ser pior. — Diz ele, puxando uma adaga de sua cintura. A lâmina reluzia diante da luz, refletindo um destino do qual Saulo estava condenado. Não havia nada que pudesse livrá-lo das mãos de seu carrasco: seu próprio filho. — Eles vão descobrir, Cristiano, e você estará condenado antes de comemorar seu novo cargo. — Diz Saulo. — Eles jamais saberão, papai. Mas não se preocupe, você poderá me assistir crescer e recuperar Isabel lá do inferno para onde você vai. — Diz ele, com olhos vidrados. Saulo olha a loucura do seu filho e, para sua própria surpresa, começa a rir. Uma risada descontrolada e desesperada. Ele não via uma forma de escapar daquele destino, e o que mais o destruía era saber que seria pelas mãos do próprio filho. — Nada permanece escondido para sempre, filho. — Diz, balançando a cabeça. — Não importa o que você pensa. Eu não me importo. — Diz Cristiano, balançando a cabeça. Saulo olha para Cristiano, os seus olhos transbordando de fúria e raiva. O mais puro ódio brilhava em seus olhos ao encarar o seu filho, aquele que ele havia amado de forma profunda, mas que o estava apunhalando pelas costas naquele momento. — Eu te amaldiçoo, Cristiano. Você acha que me matando terá poder e riqueza, terá Isabel? — Diz ele, rindo. — Você não terá nada, e sua morte será mil vezes pior que a minha! — Isso jamais acontecerá. — Diz Cristiano, se aproximando e cravando a adaga no peito de seu pai. — Adeus, papai. Apodreça no inferno. Cristiano olhava os olhos do seu pai se apagarem com uma satisfação imensa. O seu maior empecilho tinha sido removido. Agora, ninguém mais ficaria no seu caminho para ter Isabel novamente.
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