Capítulo 66

1014 Words
Kenai estava que não se aguentava, a sua mão segurando a de Fiorella com orgulho. Ela era realmente a sua, sua família a tinha aceitado de forma plena, e o fato dos seus amigos estarem ali para apoiá-lo tornava as coisas ainda melhores. Os olhos de Kenai percorriam as pessoas à sua volta, percebendo que os seus amigos tinham se adaptado bem à realidade dele. Muitos dançavam em volta da fogueira e conversavam com os mais velhos, algo que era muito apreciado em sua cultura. Ele observava o seu Don parado em um canto com a sua mulher nos braços, ele estava bem à vontade enquanto conversava com a sua Maya. — Parabéns, meu amigo. — diz Max, se levantando e dando um abraço em Kenai. — Espero que sejam muito felizes. — Seremos, Don. — diz ele, sorrindo para Fiorella. — Parabéns pelo casamento, estava tudo lindo. — diz Isabel, abraçando Fiorella. Quando ela ia abraçar Kenai, Max a puxa para seus braços. — Já falamos sobre isso. — diz ele com a sobrancelha arqueada. — O Don age como os guerreiros antigos, que matavam quem ousasse olhar para suas mulheres. — diz a mãe de Kenai, sorrindo. — Não o apoie, senhora Araci, ou ele vai ficar convencido. — responde Isabel. — É bom ter um homem forte cuidando de você, criança, isso mostra que ele te estima muito. — diz ela. — Para o nosso povo, o carinho do marido pela esposa está no ato de cuidar, senhora, e isso inclui afastar outros homens. — diz Kenai, explicando as falas da sua mãe. — Vou sempre me lembrar disso, senhora. — diz Max, rindo. — Se precisar de mais conselhos, estarei aqui, filho. Sei ótimas receitas para melhorar a virilidade de um homem. Se tomar, em breve terá um herdeiro forte e saudável. Isabel engasga com a sua bebida ao ouvir aquilo, e ela podia ver o mesmo espanto nos olhos de Fiorella, mas também podiam perceber que Araci falava na mais pura inocência, querendo ser útil a eles e apenas ajudar. — Pode fazer, senhora. Em breve vou me casar e não quero a minha esposa insatisfeita. — diz Max, apertando mais Isabel contra seu peito. — Max... — Pode deixar que farei e levarei para você em breve. — diz ela, animada. — Não esqueça da minha Maya. — diz Kenai, para o espanto de Fiorella. — Menino bobo, a sua já está pronta em sua casa. Quero muitos netos para encher os meus dias de alegria. — a animação de Araci era visível. Aquele assunto, para eles, não era nenhum tabu e era tratado com naturalidade, o que, para quem não conhecia a cultura, era visto como indelicadeza. — E você terá, Maya. — diz Kenai, dando um beijo na testa da sua mãe antes de puxá-la para seus braços. Max assistia àquilo com uma pontada de inveja. Ele também desejava que os seus pais estivessem vivos para vê-lo se casar, mas, infelizmente, isso não seria possível. Por sorte, o destino o tinha presenteado com uma família maravilhosa, que era a Fênix, e ele sabia que poderia contar com eles no dia mais importante da sua vida. — Agora chega, vá se divertir e cuide bem da minha membyra. — diz ela, sorrindo, enquanto abraçava Fiorella com carinho. — Vou cuidar, pode ficar tranquila, Maya. — responde ele. — O que ela disse? — pergunta Isabel, quando Araci se afasta. — Ela me chamou de filha. — diz Fiorella, com os olhos marejados. — E é isso que você é agora, querida. Você é a membyra dela, e ela a tratará como se fosse seu próprio sangue. — Kenai admirava a mulher exemplar que a sua mãe era, e principalmente a forma como ela e as outras haviam acolhido Fiorella entre elas. — Oh! Isso é tão lindo! — diz Isabel, emocionada com aquilo. Ela estava descobrindo um lado novo na organização de Max e estava adorando aquilo. — Sim, ela é maravilhosa. — responde Kenai, sorrindo. — E a sua família, Fiorella, não pôde vir? — Isabel havia percebido que não tinha ninguém da família dela na cerimônia. — Sou apenas eu, senhora. Perdi a minha família muito cedo. — responde ela com pesar. — Me desculpe, não quis te deixar triste. — diz Isabel, correndo até ela e segurando a sua mão. — Está tudo bem, já faz muito tempo. — responde com um sorriso triste. — Você não está mais sozinha, Fiorella. Todas essas pessoas agora são sua família também, e farão de tudo para te ver bem. — diz Kenai, apontando para as pessoas da tribo que dançavam e conversavam mais ao longe. — Ele está certo, a sua família aumentou bastante agora. — responde Isabel, sorrindo. — Antes, eu também pensava que éramos apenas eu e a minha irmã. Então, descobrimos um pai que nos ama, ganhei um cunhado possessivo e dois lindos sobrinhos, fora os amigos que também são nossa família. Max observava os olhos de Isabel brilharem ao falar das pessoas que amava, e aquilo encheu o seu coração de alegria. Ela era uma daquelas pessoas que valorizava tudo o que a vida lhe dava e era grata pelo que tinha. E ele entendia aquilo, principalmente depois do que ela tinha passado a maior parte da sua vida. — Fico feliz pela senhora. Sei o quanto é importante ter a família por perto. — Gostei muito de você, Fiorella. Quando tiver tempo, vá lá em casa para conversarmos um pouco. — Lá em casa, é? — diz Max, com a sobrancelha arqueada e um sorriso de canto. — Sim, a menos que pretenda me levar para outro lugar. — diz ela, deslizando a mão pelo peito dele. — Isabel. — a adverte Max, segurando a sua mão. Vendo a forma como estavam conversando, Kenai acena para Fiorella e sai lentamente, deixando-os a sós. Kenai gostava de ver o seu Don feliz e esperava que ele resolvesse a sua situação em breve para poder desfrutar da mesma alegria que sentia naquele momento.
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