Amelia e Chase correram para chegar no próximo restaurante em que a família Albretch estaria esperando. Ela segurava a pasta dele e o terno, enquanto corria para atravessar a rua movimentada ao lado dele. Parando com uma risada em frente ao restaurante, Amelia ajeitou o vestido e olhou para ele, ainda rindo. Definitivamente, correr de restaurante em restaurante era exaustivo.
— E aí, como estou? — Ela perguntou, fazendo careta. — Destruída o suficiente para o jantar com a família Kardashian?
— A Malika está ótima. — Ele soltou uma risada.
Chase se aproximou e arrumou os fios de cabelo que caiam sobre o rosto dela, então limpou a garganta e entrou no restaurante com uma expressão séria, andando com determinação até a mesa reservada de Jay.
— Boa noite — Amelia disse com um sorriso.
— Achei que estaria em casa — Caroline comentou com surpresa ao ver a amiga. — Que vestido é esse?
Amelia olhou para Chase e perguntou com um olhar se deveria contar a verdade ou mentir.
— Eu comprei a ela — Chase respondeu com simplicidade, sentando ao lado de Amelia —, junto com as outras roupas que meu motorista entregou no apartamento de vocês.
Jay soltou a taça de vinho e olhou para o irmão com estranheza, tentando entender o motivo daquilo.
— E por quê? — Ele questionou.
— Jay, eu não me meto nos seus negócios e peço que não se meta nos meus. Além disso, minha secretária não poderia andar como uma gata borralheira por aí. Eu sou um advogado de respeito, preciso estar impecável em todos os quesitos.
Amelia ergueu as sobrancelhas ao escutar aquilo e balançou a cabeça.
— Advogado de respeito — ela comentou com tom irônico. — O melhor, não é?
Chase colocou os olhos frios sobre ela por alguns segundos, então ele se voltou para frente como se nada houvesse acontecido e ela fez o mesmo. Chase Albretch poderia ser quem fosse, até mesmo fazer parte da família real, mas Amelia não iria deixar que ele falasse dela daquele jeito.
— Esse seu novo vestido me lembra de um azul que eu tenho — Caroline comentou com animação. — O que acha de ir naquela balada nova que abriu perto do nosso apartamento?
— Balada, Care? — Amelia franziu o nariz. — Não sei.
— Vejam se pode — Caroline disse a família com indignação —, uma mulher linda e jovem preferir ficar em casa comendo pizza congelada? Precisamos sair e beijar muitas bocas, Amelia.
— Caroline! — Jay repreendeu com cara feia.
— A Amelia faz bem — Chase comentou, tomando um gole do vinho —, amanhã tem trabalho e não gosto de atrasos. Melhor ficar em casa comendo pizza, mesmo.
Amelia olhou para Chase e franziu o cenho, se voltando para a amiga novamente:
— Quer saber, acho que é uma boa conhecer a nova balada.
— Isso! — Caroline pulou com animação.
— Ganhou alguma causa hoje? — Jay questionou.
— Consegui um bom cliente, adiantou 175 mil e o resto pagará quando tudo estiver certo — Chase respondeu com calma.
O termo "causa" era outra definição do negócio deles e Caroline nem desconfiava disso.
— Comece a beber agora — Caroline sussurrou no ouvido dela. — Vai ser melhor ainda se chegarmos levemente alteradas. Chamei dois amigos para irem conosco, conheci eles ontem.
Amelia sorriu e levou a taça aos lábios, bebendo o vinho tinto sem pressa. A amiga já havia ido em todas as baladas da cidade, conhecia essa vida melhor que ninguém e Amelia confiava nela.
Depois de meia hora conversando sobre negócios e assuntos familiares, Amelia já sentia seu corpo esquentar com aquele vinho e suas pernas estremecerem.
— Esse jantar já durou demais — Caroline disse, se levantando com pressa. — Precisamos ir e eu vou passar a noite inteira agarrada em um bonitão britânico.
— Caroline! — Jay repreendeu novamente. — Não foi essa educação que eu te dei.
— É a única que eu preciso nesse momento. — Ela puxou Amelia pela mão. — Vamos aproveitar a noite. Até mais, família.
Amelia soltou uma risada com Caroline puxando ela e se concentrou para tropeçar, agradecendo mentalmente por isso. Chase olhou para elas com um olhar mortal no canto dos olhos.
— Vocês estão bêbadas — ele disse. — Por que não vão para casa contar carneirinhos?
— Aí esse Chase. — Caroline soltou uma risada. — É tão engraçado.
— Muito engraçado — Amelia concordou, então colocou a mão sobre a boca. — Fique quieta, Caroline, vou perder meu emprego.
— Não vai, não — ela negou. — Você é a única secretária que aguentou ele por mais de um dia, ele não vai perder isso.
Ele não disse mais nada, apenas voltou tomar sua taça de vinho, enquanto Caroline e Amelia entraram em um táxi. Assim que chegaram no apartamento, Caroline correu se arrumar e Amelia sentou em frente ao espelho, passando maquiagem nos olhos. Ela apoiou o rosto nas mãos e observou seu reflexo em silêncio, analisando cada detalhe em seu rosto.
— Amelia, como estou? — Caroline entrou no quarto com um pulo.
A amiga estava eufórica, animada demais para uma terça a noite e usava um vestido azul de seda e cabelo preso.
— Linda! — Amelia a puxou para dançar.
— Hum, você está tão animada, estou estranhando.
— Você disse para beber antes de ir, o álcool faz isso comigo, tenho vontade de cantar na chuva.
— Então vamos logo antes que essa animação passe. — Caroline empurrou Amelia para fora e trancou a porta. — Vou odiar se sua bateria social acabar.
— Nem me fale — ela reclamou, andando pela calçada sob os saltos altos. — Vou rezar para que não aconteça.
Elas chegaram na casa noturna inaugurada a poucos dias e a música alta invadiu os ouvidos de Amelia, com aquelas luzes néon piscando e cegando seus olhos.
— Ali, meus amigos estão ali. — Caroline apontou para o balcão de bebidas.
Elas foram até lá e Amelia ficou atrás da amiga, constrangida por estar em um lugar assim. Os dois cumprimentaram elas e pagaram as bebidas.
— Eu sou Zack e esse é meu amigo, Nolan — o loiro se apresentou, apontando para o amigo com um sorriso. — Espero que se entendam.
"Espero que se entendam", o que aquilo deveria significar? Amelia não sabia dizer, mas se apoiou no balcão e bebeu sem pressa o whisky, enquanto Caroline já estava aos beijos com Zack.
— Eles se entenderam rápido — Nolan comentou, se juntando a ela.
— É, a Caroline é muito extrovertida.
— E você é a introvertida da dupla, acertei?
— Acertou — ela concordou com uma risada.
— O que acha de nos entendermos também? — Ele sugeriu com um sorriso.
Amelia não queria, m*l conhecia ele e apesar de ser bonito era um estranho. Por sorte, seu celular vibrou antes que pudesse responder e ela correu para um canto atender.
— Alô?
— Onde você está?
— Quem é?
— Chase.
— Chase? Que Chase?
— Chase Albretch, seu chefe. Aonde você está, Amelia?
— Ah, você. Eu estou... por que quer saber? Não é horário de trabalho.
— Estou indo te buscar, fique aí.
— O quê? — Ela se assustou. — Não, Chase, não venha.
— Estou indo.
— Não!
Ele não respondeu, apenas desligou o celular e não atendeu as ligações dela. Cansada de insistir sem sucesso, ela voltou para o bar e viu Nolan esperando por ela com um sorriso.
— Ela saiu com o Zack, acho que foram no banheiro.
— Eu não acredito, ela me paga.
— Esqueça eles. — Ele se aproximou. — Podemos nos divertir também.
— Não — ela negou, afastando ele. — Vou esperar Caroline voltar, então vou ir para casa.
Nolan deu de ombros e sentou no banco ao lado, terminado sua bebida. Eles não trocaram mais nenhuma palavra depois disso, quando minutos depois Chase apareceu no meio das pessoas e andou até ela com determinação e raiva.
Amelia teve que estreitar os olhos para ter certeza se era mesmo ele, então revirou os olhos quando ele se aproximou.
— Eu disse para não vir — ela falou.
— E eu disse que viria.
— Perdeu seu tempo, não vou ir embora.
— Vai, sim. — Ele apontou com a cabeça para a saída. — Vamos.
— Quem você pensa que é?
— Seu chefe.
— Não é horário de trabalho.
— Amelia, algum problema? — Nolan se levantou.
— Quem é você? — Chase olhou para ele. — Quem é ele, Amelia?
— É um amigo — Amelia respondeu, se virando para Nolan. — Tudo bem, Nolan, ele é meu chefe, não se preocupe.
— Amelia, eu vou falar só uma vez — Chase se aproximou mais —, vamos logo. Eu não gosto de ser contrariado.
— E eu não gosto de receber ordens. Peça por favor.
— O quê?
— Diga por favor.
Chase suspirou sem paciência e olhou para ela com olhos firmes.
— Por favor, vamos embora.
Ela sorriu, negando com a cabeça.
— Você está bêbada, perece uma adolescente i****a.
— Eu só estou me divertindo. — Ela soltou uma risada. — A gata borralheira está com um vestido bonito em uma festa.
— Que fui eu que paguei.
— Um vestido bem caro que você pagou — ela concordou. — Chase, eu tenho algumas dúvidas.
— Quais? — Ele perguntou sem paciência.
— Você já atirou em alguém? — Ela se aproximou como se fosse contar um segredo. — Já matou alguém?
— Já. Agora vamos logo.
— Ui. — Ela soltou uma risada. — Isso é bizarro. Por que veio até aqui?
— Eu só quero que vá para casa dormir.
— Você está com ciúmes. — Ela balançou a cabeça. — Ah, eu não sei porque disse isso, você é claramente muito narcisista para se importar.
— Eu não estou com ciúme. — Chase empurrou ela contra a mesa e colocou o joelho entre as pernas dela. — É melhor ir agora.
Amelia levou alguns segundos para se dar conta do que ele fazia, então colocou a mão sobre a boca e soltou uma risada. Ela se aproximou mais e encarou ele por alguns segundos, sem dizer nada.
— Você está me provocando? — Ele questionou.
— Você colocou o joelho entre minhas pernas. Consegue sentir?
— Eu só sinto esse cheiro de bebida. — Ele puxou ela pela mão, empurrando todos na frente.
— Chase, não pode fazer isso! — Ela protestou, correndo sob os saltos para acompanhar ele.
— Vai me agradecer amanhã, acredite. — Ele empurrou ela para dentro do carro.
— E a Caroline? Não posso deixar ela sozinha com um cara que ela nem conhece.
— A Caroline sabe se cuidar, eu a conheço desde que ela nasceu e com certeza esse cara vai acordar na cama dela amanhã. — Ele se inclinou para o motorista. — Para a minha casa, Richard.
— Sua casa? — Ela ergueu as sobrancelhas. — Você perdeu a noção se acha que eu vou pra sua casa.
— Se não parar de se comportar como uma criança, vou te dar uma lição.
Amelia sorriu e se aproximou com os olhos estreitos.
— Vai atirar em mim, por acaso?
— Vai descobrir.
Amelia ficou em silêncio e olhou pela janela com um sorriso. A verdade era que ela gostava de ser dominada e achava atraente quando Chase Albretch falava grosso para ser obedecido.
Minutos depois, eles chegaram na mansão de Chase e ele dispensou o motorista, conduzindo ela para a entrada. A mansão só não era maior que de a Jay, mas tão chique quanto. Por dentro, todos os moveis alinhados e limpos, com cores neutras, na maioria branco e cinza.
— Como pode um homem ser tão organizado e limpo? — Ela comentou.
Chase empurrou ela para as escadas e entraram em um quarto com uma porta enorme e um espaço gigante. A luz estava desligada, só a luz da lua entrava pela janela.
— O que vai fazer, sr. Albretch? — Ela questionou, olhando em volta.
— Eu vou dormir e você também. Chega de conversa, está tarde.
— Ah, tão chato. — Ela revirou os olhos.
Ele ignorou as reclamações dela e tirou a camisa, deitando na cama em seguida. Amelia tirou os saltos e observou Chase por alguns segundos. Ele estava de olhos fechados, respirando tranquilamente. Sem pensar muito, ela subiu na cama e ficou em cima dele.
— Amelia, o que está fazendo? — Ele questionou, abrindo os olhos rapidamente.
Ela não respondeu, apenas passou a ponta dos dedos sob o abdômen dele com um sorriso.
— Pare com isso — ele pediu.
— Por quê?
— Porque você está bêbada.
— É mais divertido — ela sussurrou. — Eu paro se dizer não. Tente negar, sr. Albretch.
Chase olhou para ela com um suspiro e fechou os olhos por alguns segundos, mordendo o lábio inferior. Ele tentava resistir e Amelia sorria ao ver que ele não iria conseguir. Então, em um movimento rápido, Chase empurrou ela para o outro lado da cama e acabou com qualquer diversão que ela poderia ter.
— Durma — ele mandou com tom sério.
Amelia olhou para ele por alguns segundos com o sorriso desfeito, tentando entender o que havia acabado de acontecer, então se virou e não disse mais nada.