— Próximo passo, jantar com investidores da América Latina — Amelia avisou, lendo os horários na agenda. — Depois jantar com sua família no Carboné. Por que tantos jantares em família?
— Quando somos vistos juntos a popularidade da família aumenta em 40% — ele respondeu, andando com pressa pela rua movimentada. — Tudo o que importa é a fama e os holofotes.
Amelia corria para alcançá-lo enquanto verificava os horários e agradeceu mentalmente quando ele parou e entrou em uma loja. O ar condicionado a atingiu assim que ela entrou e secou as gotículas de suor em sua testa.
— Quanto tempo temos até o jantar? — Ele questionou.
— Uma hora. O que viemos fazer aqui? Não estava na agenda.
— A agenda não define meu dia.
— Boa tarde, sr. Albretch — uma mulher se aproximou e disse com um sorriso. — Eu sou Any, a gerente da loja. Como posso ajudar?
— Eu preciso de vestidos e roupas que digam "eu tenho 22 anos e não sou uma antissocial que se enche de carboidratos" — ele especificou a mulher com determinação. — Tudo isso em menos de uma hora, se possível.
Amelia olhava para ele com os olhos arregalados por tê-la descrito, segurando a bolsa e agenda sem jeito.
— E para quem seriam as roupas?
— Para ela. — Apontou para Amelia.
— Não. — Amelia negou com a cabeça. — Eu estou bem assim. Vamos, sr. Albretch?
— Não, vá com ela. — Chase empurrou Amelia até Any.
Sem escolhas, Amelia seguiu a outra e Chase segurou a bolsa e a agenda com uma risada pela cara dela.
Ele se sentou em frente ao sofá macio do provador e segurou uma taça de champanhe, esperando Amelia. Minutos depois, ela apareceu com um vestido verde esmeralda de seda.
— Ficou bom — ele avaliou com um olhar atento.
— Essa loja é muito cara, não posso pagar por isso — ela disse com voz baixa, se aproximando. — Vamos embora, por favor.
— Não, meus níveis são bem altos e eu nunca tive uma secretária m*l vestida — ele respondeu com arrogância. — Se estou dizendo que vai ter roupas novas, então vai ter roupas novas.
— Por que você é assim? — Amelia cruzou os braços.
— Porque eu posso.
— Não sei, eu não gostei de como ficou — revelou com um suspiro, voltando para o espelho do provador.
Chase deixou a taça sobre a mesa e foi até ela, olhando seu reflexo no espelho.
— Solte o cabelo, sua percepção vai mudar, acredite.
Amelia fez o que disse e soltou os cabelos, ajeitando eles sobre os ombros com cuidado. Realmente havia mudado, parecia mais bonito agora. Chase alisou os fios bagunçados e pousou suas mãos frias nos ombros dela, atraindo arrepios em todo seu corpo.
— Nossa — ela sorriu, concordando —, onde aprendeu isso?
Chase sorriu e deu de ombros. Amelia quase esquecia que ele era o solteiro mais cobiçado da família Albretch, tinha aprendido isso com uma de suas mulheres com certeza.
— Vamos levar — ele confirmou. — Não se preocupe com a conta, eu pago.
— Eu juro que vou lhe devolver ou compensar com trabalho, o que preferir.
— Não preciso de dinheiro, só dos seus trabalhos.
Amelia observou enquanto ele se sentava no sofá novamente e fechou a cortina do provador após manter os olhos nele por alguns segundos.
(...)
Amelia ainda usava o vestido verde que Chase comprou e suas roupas velhas foram junto nas sacolas que o motorista levou para o apartamento dela. Os dois quase perderam a noção do tempo, mas felizmente chegaram a tempo e o exportador já estava sentado em uma das mesas do restaurante vazio.
— Me perdoe pelo atraso — Chase pediu, cumprimentando ele —, tive alguns imprevistos. Espero que não tenha esperado por muito tempo.
— Não, tudo bem — o homem entendeu. — Eu cheguei há poucos minutos.
— Então, vamos começar. — Chase abriu a pasta que segurava e tirou de lá fotos de armas. — Essas são as armas disponíveis para venda.
O homem pegou as fotos e analisou elas, se atentando a cada detalhe. Amelia tirou sua caneta da bolsa e abriu a agenda para anotar os termos da negociação.
— O que tem em mente? — Ele perguntou.
— Vamos começar com algo pequeno e assim veremos se podemos nos aliar aos carteis uruguaios — Chase explicou. — A primeira remessa será pequena, umas 50 no máximo 100, para não chamar a atenção da polícia e é até mais fácil de passar de cidade para outra.
— Transporte?
— Meu avião particular faz entregas para outros países.
Era incrível como Chase Albretch tinha tudo pensado e traçado. Era por isso que ele era o melhor advogado, sem suspeitas.
— Qual o seu preço por 50 taurus G3?
— 350 mil.
— 350 mil? — O homem soltou uma risada. — Uma taurus no mercado custa 5 mil, 50 delas dariam 250 mil, Chase Albretch.
— É o meu preço — ele respondeu com firmeza. — É isso ou você pode achar outro exportador, sem negociações.
— Há vários exportadores por aí.
— Não há ninguém com aviões particulares e que consiga driblar a lei como eu. Não esqueça que eu conheço todas elas e sou amigo de muita gente.
O homem ficou em silêncio por alguns segundos, então inclinou levemente a cabeça ao concordar.
— Tudo bem, aceito seus termos. Acha que consegue fazer o transporte ainda esse mês?
— Minha secretária vai providenciar tudo, não se preocupe. 50% do pagamento agora e os outros 50% quando a entrega for concluída.
O homem soltou um suspiro e abriu uma maleta preta, tirando vários maços de dinheiro que contabilizavam 175.000 dólares e colocou na frente de Chase. Chase sorriu e olhou para Amelia, esperando. Ela entendeu o recado e segurou a pasta sobre a mesa, guardando o dinheiro com pressa.
— Espero que cumpra com sua palavra. — O homem se levantou, apertando a mão de Chase.
— Não se preocupe. — Chase apertou a mão dele.
Assim que ele foi embora, Chase desfez o sorriso e revirou os olhos.
— O que foi? — Amelia questionou.
— Odeio esses traficantes de cartel.
— São os caras que você protege.
— Se você não falasse, eu nunca iria saber — ele comentou com ironia.
— Fico feliz em ajudar — ela respondeu no mesmo tom. — Falando sério, você leva muito jeito para negociações.
— Sou o mais novo da geração de ótimos criminosos.
— E advogados.
— É por isso que eu ganho todas as causas.
— Estou aprendendo com o melhor, eu acho.
— Não há ninguém melhor que eu, garanto.
Amelia soltou uma risada e concordou, enquanto Chase não conseguiu manter a postura e riu também.