03

1425 Words
Amelia se sentia tão estranha e deslocada em um ambiente com pessoas diferentes de seu ciclo social, ricas e que ela sabia que eram criminosos, de alguma forma, mas eram pessoas legais, principalmente os pais de Caroline. Quanto a Chase Albretch, ela não sabia o que dizer. Ele era incrivelmente i********e e misterioso, e apesar de saber um de seus maiores segredos, parecia haver mais sujeira em baixo do tapete. — Você faz faculdade do que? — Elena Albretch, mãe de Caroline, perguntou. — Eu estou no último semestre de direito, quase me formando. — Está namorando, casada, viúva...? — Jay questionou. — Pai! — Caroline chamou. — Tudo bem. — Amelia sorriu. — Eu sou solteira. — Como pode esses jovens solteiros hoje em dia — Jay comentou a eles em tom de brincadeira. — Nessa idade eu namorava cinco garotas por mês. — Eu estou me concentrando na faculdade no momento. — Você se lembra de quando estava na faculdade, Chase? — Jay perguntou a ele. — Vivia dando trabalho ao nosso pai. É claro que dava trabalho, era o filho mais novo e o protegido da nossa mãe. Chase sorriu balançando a cabeça negativamente, então Amelia olhou para ele e naquele momento descobriu que Jay falava a verdade. — Vamos comer! — Caroline anunciou com um sorriso, mudando de assunto. Algumas taças de champanhe a mais e Amelia nem fez cara feia ao colocar na boca um pedaço de foie gras. Ela odiava pratos franceses, a não ser os doces, e o prato a sua frente continha o fígado de pato que foi forçado para se alimentar. — Gostou do cardápio, Amelia? — É bom, muito gostoso. — Ela forçou um sorriso, deixando os talheres sobre o prato. — Eu preciso ir ao banheiro, com licença. Amelia nem sabia onde ficava o banheiro, apenas saiu as pressas antes que vomitasse na frente de todos e quase tropeçou ao subir as escadas, se jogando no primeiro banheiro que viu com a porta aberta. Ela despejou tudo o que havia comido, sua garganta até ardia com o ácido do vômito. — Nossa, foi um estrago e tanto — alguém falou atrás dela. Amelia limpou a boca com a palma da mão e virou a cabeça para ver Chase parado com as mãos no bolso e o cenho franzido. — O que veio fazer? — Ela perguntou, fechando os olhos por alguns segundos. — Vim ver se estava bem. Ninguém reparou, mas eu vi como saiu apressada da mesa. Me pergunto se foi o champanhe ou a comida. — A comida — ela revelou. — Eu odeio foie gras. — Por quê? É um dos pratos mais caros e apreciados da França. — Para você ver como valor não garante qualidade. — Ela se levantou e lavou as mãos. — Não me agrada a ideia de que torturaram um pato para engordar a força. Chase ficou em silêncio e encarou ela, compreendo sua explicação. — Não precisa comer, se não quiser. — Não quero que pensem que estou fazendo desfeita, é a primeira vez que venho aqui. — Ela colocou as mãos na cintura. — Na verdade, acho que já vou para casa, estou cansada. — Tudo bem, eu levo você. — Não precisa ir, eu chamo um taxi. — Eu queria mesmo ir embora, isso é uma desculpa para sair daqui. Amelia concordou sem protestar mais. Pelo menos, ela não teria que gastar dinheiro com táxi. O lado r**m era que teria que estar no mesmo ambiente que seu chefe traficante fora do expediente de trabalho. Os dois voltaram para a sala de jantar e todos os olhares se voltaram para eles. — O que vocês estavam fazendo? — Caroline questionou. — Parece que além de secretária, sua amiga é algo a mais do meu irmãozinho — Jay falou para a filha com uma risada. — Ah, meu Deus, sr. Albretch — Amelia passou a mão pelo cabelo com constrangimento —, eu acabei de encontrá-lo descendo as escadas. Não é nada disso. — Vocês demoraram bastante. — Eu ajudei ela achar o banheiro. — Eu passei m*l — Amelia falou junto com Chase. — Não achou o banheiro ou passou m*l? — Caroline ergueu as sobrancelhas. — Os dois — ela respondeu. — Na verdade, já estou indo para casa, Care. — Eu vou dormir aqui com meus pais, tudo bem? — Claro. Vejo você amanhã, então. — Eu também vou — Chase anunciou. — Até mais, família. — Espera — Jay parou ele —, vão sair juntos? — Eu já sou bem grandinho, irmão. — Chase suspirou. — Estou indo, até mais. — Muito obrigada — Amelia agradeceu, acenando para eles com um sorriso. Chase se questionou, ao revirar os olhos e soltar um suspiro tedioso, como ela conseguia ser tão amável e fingir um sorriso para eles. Não que ele não gostasse de sua família, ele gostava muito, porém preferia manter distância e esses jantares que seu irmão dava a cada semana para manter o status de clã Albretch unido eram as piores coisas. Toda semana eram as mesmas coisas: perguntas inconvenientes, fotos para a mídia como se estivessem em um episódio de Keeping Up With The Kardashians e comidas estranhas. Como Amelia mesma disse, foie gras e a forma como era feito era terrível. Textura terrível, cor terrível e gosto terrível. Mas isso era a sua opinião, esse prato já fez muitos restaurantes garantirem cinco estrelas Michelin. Ele entrou no carro e colocou o cinto, então esperou Amelia e deu partida quando ela fez o mesmo. Ela parecia tensa, como se ele fosse sequestrá-la e jogá-la em um porão trancado. Ele tinha recursos para isso, mas não. — Você está tensa — ele comentou, mantendo os olhos na estrada. — Eu? — Ela olhou para ele com voz exasperada. — Não, é só o jantar que não me fez bem. Não era verdade. A verdade era que Chase Albretch não lhe agradava, tráfico não lhe agradava, estar no meio de um esquema criminoso e mentir para todos também não. O pior era que ela não poderia sair agora que já estava dentro. Aquilo parecia o clichê de um filme muitos r**m. Era como se Chase Albretch fosse Christian Grey, até a forma como pensava o cabelo, porém era óbvio que Chase era uma cópia m*l feita dele. O carro importado, o relógio caro — que mesmo sem entender nada de relógios — sabia que valia mais que um carro de classe média. — Vai participar dos jantares semanais? — Ele perguntou, mudando de assunto. — Eu acho que não — ela respondeu, dando de ombros. — Eu nem sou da família e vocês são tão chiques. — Se você ficasse conosco por duas semanas veria que somos como qualquer outra família que briga sem motivos. — Ele olhou para ela com o canto do olho. — O Jay, com certeza, é a Kim Kardashian, tão diva e exibida. Ela soltou uma risada. — E você, quem é? — A Kylie Jenner. Os dois caíram na gargalhada com aquilo e Amelia colocou a mão no ombro dele, tentando se recompor. — A Caroline seria a Kendall — ela comentou —, e eu a Malika, a amiga que não é da família mas é quase isso. Ironicamente, ela trabalhava na Dash, e eu trabalho para você. Chase Albretch, afinal, não era tão horrível como ela imaginava. Pelo menos agora que estava rindo com ela. Ele parou o carro em frente ao prédio de Amelia e Caroline. Não era dos melhores, mas pelo menos era aconchegante. — Duvido que isso vá durar — Chase se aproximou e falou próximo ao rosto dela. — O quê? — Ela encarou ele. — Seu emprego. No final, você vai ser como todas as outras que não aguentaram a pressão e saíram correndo. — Eu aguento qualquer coisa. Os olhares deles eram fixos, desafiando um ao outro. — Quero você amanhã cedo no meu escritório com roupas leves. — Até amanhã — ela disse ao abrir a porta. — E obrigado pela carona. — Você me paga depois — ele falou. — E esse vestido ficou bom mesmo em você, deveria ficar com ele. — Tchau, sr. Albretch! — Ela fechou a porta. Chase saiu com o carro, acenando com a cabeça, então Amelia colocou as mãos sobre o rosto e balançou a cabeça negativamente. Ela não sabia porquê mas tudo o que ela dizia na frente de Chase a fazia parecer uma completa i****a.
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